05 de dezembro de 2025
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NINHO TUCANO

Saída de Azambuja abre espaço para ex-secretário testar força dentro do PSDB em MS

A interinidade pode ser uma vitrine política, mas também um teste de resistência

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Com a saída de Reinaldo Azambuja rumo ao PL, o PSDB de Mato Grosso do Sul entra em um novo momento de reconfiguração interna. A partir do próximo dia 12 de setembro, o deputado federal Geraldo Resende deve assumir interinamente a presidência estadual da sigla. Embora o movimento siga o estatuto tucano — que prevê a ascensão do vice-presidente em caso de vacância — o episódio revela muito mais do que uma simples troca de comando.

Resende, ex-secretário estadual de Saúde e aliado de primeira hora do próprio Azambuja, passa a ocupar o posto num momento delicado para o partido: fora do comando do governo estadual, com disputas internas e diante do avanço de partidos como PL e PSD no estado. A interinidade pode ser uma vitrine política — mas também um teste de resistência.

ELEIÇÃO NO NINHO

A permanência de Resende com chefe da sigla dependerá da eleição da nova executiva estadual, marcada para outubro ou novembro. Até lá, a sigla navega em um vácuo estratégico: sem um líder estadual com mandato majoritário. A verdade é que Azamabuja desembarca da sigla, em um momento em que o PSDB precisa redescobrir seu papel no jogo político sul-mato-grossense.

Nos bastidores, não há consenso consolidado sobre os rumos da legenda. Embora o presidente nacional do partido, Marconi Perillo, tenha vindo ao estado na semana passada para reforçar o apoio aos deputados federais tucanos — Geraldo Resende, Beto Pereira e Dagoberto Nogueira —, a manutenção desse grupo na legenda ainda está sob observação.

Todos os três firmaram compromisso público de priorizar o PSDB em 2026. Porém, com o cenário nacional em mutação e o com Azambuja emprestando sua musculatura à extrema direita, a fidelidade partidária poderá ser testada.

A saída de Reinaldo Azambuja do PSDB marca o fim de um ciclo. Governador por dois mandatos e uma das principais lideranças tucanas do Centro-Oeste, sua desfiliação enfraquece a identidade do partido no estado. A filiação ao PL, sigla associada ao ex-presidente inelegível Jair Bolsonaro, sinaliza não apenas um reposicionamento ideológico, mas também pragmático: aproxima Azambuja de uma legenda com maior presença no atual cenário eleitoral.

A movimentação tem impacto direto nas articulações para 2026. Como ex-governador e potencial candidato ao Senado, Azambuja pode levar consigo um grupo relevante de prefeitos e vereadores, o que esvaziaria ainda mais o PSDB local.

JANELA

A legislação eleitoral estabelece que deputados federais e estaduais só poderão trocar de partido na janela partidária de abril de 2026. Vereadores terão nova oportunidade apenas em 2028. Já os prefeitos, por ocuparem cargos majoritários, estão livres para mudar de legenda a qualquer momento.

Esse detalhe jurídico confere um prazo ao PSDB para reorganizar sua base e tentar reter quadros. O tempo, no entanto, pode jogar contra, especialmente se a sigla não se reposicionar até lá com uma proposta clara e competitiva para as próximas eleições.

TESTE DE FORÇA

Com uma longa trajetória na política sul-mato-grossense, Geraldo Resende conhece os bastidores e tem trânsito entre diferentes correntes. Assumir o PSDB agora pode ser tanto um desafio quanto uma oportunidade de consolidar liderança interna e buscar protagonismo futuro.

Resta saber se terá respaldo político suficiente para conduzir o partido em meio a essa transição turbulenta — e se o cargo de presidente interino servirá apenas como tampão ou trampolim.

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