26 de julho de 2024
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CULTURA | MS

Robson Sousa escolhe Mato Grosso do Sul para estrear shows de stand-up comedy

Conheça o humorista que sobe ao palco nesta 2ª.feira (14.nov.22) na Capital de MS

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O humorista, ator-improvisador, redator e roteirista Robson Sousa, de Teresina (PI), escolheu Mato Grosso do Sul para estrear seus novos shows solo de stand-up comedy. Sousa sobe ao palco nesta 2ª.feira (14.nov.22), às 20h, no Garagi Events CG, em Campo Grande (MS).

Na sequência, o artista leva o espetáculo humorístico para Ribas do Rio Pardo, Nova Andradina, Três Lagoas e Bonito, municípios no interior de MS. O ingresso é R$ 30 mais 1kg de alimento não perecível. Os alimentos arrecadados vão para o Instituto Causadores da Alegria. Veja mais sobre o evento AQUI.

Em Mato Grosso do Sul, é a MF Produções, a empresa responsável pela promoção dos shows de Sousa de 14 a 18 de novembro. 

Em entrevista ao MS Notícias, Sousa contou um pouco de sua história. Ele ganhou notoriedade em todo Brasil ao fazer as aberturas dos espetáculos do também humorista Whindersson Nunes — de quem Sousa se tornou amigo e colega de trabalho. “Nasci em Teresina (PI). Passei os 12 primeiros anos da minha vida em São Luís do Maranhão. Morei dois anos em João Pessoa e fui para São Paulo em 2019”, resumiu ele, ao conversar com a reportagem, próximo a uma área de piscina no hotel Brumado, na Avenida Afonso Pena, na Capital.

Robson Sousa posa para foto ao MS Notícias. Foto: Tero Queiroz Robson Sousa posa para foto ao MS Notícias. Foto: Tero Queiroz 

Entendeu-se humorista em 2011, quando fez seu 1º show. Na época, ainda sem perspectiva, se afastou dos palcos e trabalhou em vários tipos de serviços. “Tive duas fases, em 2011 fizo o 1º show, mas parei, arrumei um outro emprego. Trabalhei de motorista, entregador, vendedor... de tudo que você imaginar", observou.  

O artista retomou os trabalhos na comédia assim que se graduou ator pela Escola de Teatro Gomes Campos, do Piauí, em 2014. “Sou formado em Artes Cênicas, com especialização em Artes Dramáticas... comecei a rodar com peça de jogos de improviso no Piaui. Depois fiz meu solo de stand-up comedy, rodei com ele, em toda cidade do Piauí que tinha um teatro eu levei meu show. Aí foi que comecei a ir para fora do estado, foi quando decidi que iria embora. Vendi minha moto e fui para São Paulo”, contou.

MS NOTÍCIAS: EM TERESINA ERA MAIS DIFÍCIL FAZER STAND-UP? QUAL A DIFERENÇA EM RELAÇÃO A SÃO PAULO?

Sousa — Muito mais difícil, porque Teresina não tem grupos de stand-up comedy. Eu fazia sozinho. Lá não tinha grupo para eu fazer apresentações, não tinha noite de teste. Em São Paulo tem lugar para você testar piada, tem bares de comédia, têm os comedys clubs, Teresina até hoje não tem ainda. Era difícil eu fazer lá, porque os shows que eu fazia eram meio que uma enrascada, sabe? Mas eu tinha que fazer.  Era uma banda de forró, Robson Sousa e uma banda de pagode depois. Eu tinha que me virar ali no meio.

Apesar de serem artesanais os espaços dedicados ao stand-up, foram nos bares de Teresina que Sousa ganhou experiência para chegar ao espetáculo que o levaria aos palcos de grandes teatros. “Foi fazendo barzinho que cheguei a formular meu show solo. Em 2017 consegui levar meu show para o teatro e comecei a rodar”, lembrou.

MS NOTÍCIAS: E NA ÉPOCA, VOCÊ JÁ CONSEGUIA SE MANTER FINANCEIRAMENTE COM SEU TRABALHO NA ARTE?

Sousa — Eu fazia trabalhos de ator, publicidade, lá no Piauí. Fazia peças de jogos de improviso com amigos meus do teatro e paralelo a isso eu fazia meu show. Sim, nessa altura já estava vivendo só com dinheiro da arte.

Ao tomar a decisão de migrar para São Paulo, Sousa contou que não avisou seus amigos, como Whindersson Nunes que já viviam na Capital sudestina. “Fui sem ele saber. Quando eu cheguei lá, eu morei um tempo no quartinho. Quando ele [Whindersson] descobriu que eu estava lá, já fazia dois meses que eu havia me mudado.  Eu não falava para ele. Aí ele descobriu que eu estava lá e me levou na Non Stop, que é a empresa que cuida da carreira dele, e me contratou como roteirista dele e de outros artistas que estavam lá”, esclareceu.

MS NOTÍCIAS: PARA QUEM VOCÊ JÁ ESCREVEU SHOWS?

Sousa — Uma galera, viu? Escrevi os Roni, o show do Tirulipa, escrevi para o próprio Whindersson, e muita gente que estava lá. Muita gente mesmo! 

Meses mais tarde, Sousa foi morar com Whindersson em meio a pandemia de Covid-19. Eles foram colegas de moradia por pouco mais de um ano.

A escrita de textos de stand-up antecede a formação de Sousa. “Comecei a escrever bem antes. Desde novo eu escrevia e comecei a escrever profissionalmente aos 20 anos, para programas de humor em Teresina”, narrou.

Ao migrar para São Paulo, Sousa explicou que foi uma espécie de recomeço devido ao fato de que na grande metrópole ele não era tão conhecido quanto na sua cidade de origem. “Foi bem difícil, porque eu não conhecia ninguém, mas comecei a fazer um show aqui, um show ali. A sorte foi que em cada local que me apresentava aumentava esse meu network”, pontuou.

MS NOTÍCIAS: OS TEXTOS ESCRITOS PARA PIADAS NO PIAUÍ FUNCIONAVAM EM SÃO PAULO OU TIVERAM QUE SER DESCARTADOS?

Sousa — Esse show que eu fazia em Teresina era 1h de show, mas era muita piada regional, e não funcionaria em São Paulo. Então, quando vim, comecei a criar outro show. Aproveitei pouquíssimas piadas do meu show antigo. Consegui criar outro show e gravei ele em dezembro [de 2021]. Esse show demorou para sair, para editar foi difícil, foi um dinheiro alto que investimos nele. Esse show vai sair agora mês que vem, é o “É Desse Jeito”, inédito. Não têm na internet. As cidades daqui do Mato Grosso do Sul vão ser as primeiras a assistir”, revelou.

Após a circulação, Sousa pretende lançar o show “É desse Jeito” no YouTube para que as pessoas possam assisti-lo, pois em dezembro de 2022 ele deve lançar outro novo show, que também terá MS como 'palco de lançamento'. "Vou começar a testar aqui por Mato Grosso do Sul também, em janeiro [de 2022]. Escolhi aqui, porque foi o lugar que melhor me acolheu, vou ficar por aqui. Vamos estrear esse show aqui em Campo Grande e circular as cidades de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso”, avisou.    

Artista disse que quase todo o seu cotidiano é publicado em seu instagram @orobsonsousa. Foto: Tero Queiroz | MS Notícias Artista disse que quase todo o seu cotidiano é publicado em seu instagram @orobsonsousa. Foto: Tero Queiroz | MS Notícias 

Com forte presença nas redes, Sousa conta que sua vida pessoal é publicizada no Instagram. “Posto tudo no Instagram. Sempre atrasado, sempre perdendo voo, sempre fazendo merda (risos). É o que o pessoal gosta, quando eu me lasco. Eles dão parabéns quando vence, mas repercutem e celebram quando a gente se f*#*”, brincou.

MS NOTÍCIAS: QUAL É A DIFICULDADE E QUAL O PRAZER DE SE FAZER O TRABALHO DE STANDUPER NO BRASIL?

Sousa — A maior dificuldade é fazer. E o maior prazer é fazer.

MS NOTÍCIAS: EXPLIQUE, POR FAVOR.

Sousa — Várias coisas. Até se chegar onde estou hoje, na fase de crescimento, que é bem longe do que eu quero, pois tem uma galera bem maior do que eu, se trabalha demais. Talvez eu tenha que trabalhar dez vezes mais para chegar, lá. Mas eu não tenho medo do processo, não. Vou saborear o processo de forma tranquila. O fazer é tão difícil, cara! Tipo assim, fazer um show novo, é doloroso. Porque até chegar na parte de apresentar o show inteiro para a galera, a gente já se lascou muito, testou piada e não funcionou. E até chegar em 1h de texto testado, redondo, é difícil. Você ter que fazer tudo do zero. E você se preocupa se vai dar gente, se não vai dar gente. Com a divulgação, produção, luz, som, você se preocupa com tudo. Até você subir no palco. Quando estou lá em cima [do palco], só me divirto.

O humorista explicou que toda a produção é de sua responsabilidade. Somente após a finalização do texto, luz, som, com tudo definido, aí que ele busca a equipe que irá manipular os equipamentos no momento da apresentação. “Tudo funciona como um espetáculo de teatro, só que num formato monólogo”, comparou.

MS NOTÍCIAS: E PORQUE VOCÊ FAZ STAND-UP?

Sousa — Boa pergunta. (Silêncio. Pensativo)... Desde pequeno eu sou um contador de histórias e foi no stand-up que eu me encontrei para fazer de forma verdadeira e natural. Eu conto histórias e meu trabalho é só colocar piada no meio das histórias. As coisas parecem que são mais fáceis para mim, do que uma comédia em que se faz piadas de uma linha. Sou contador de história. O que faço é temperar a história para entregar para a galera.

O humorista disse que está ansioso para a apresentação em Campo Grande, por ser a primeira, e também em Bonito. “Imagino que Bonito seja bonita... (risos). Tomara que eu não me depare com um show com muito gringo”, descontraiu.

MS NOTÍCIAS: DESDE QUANDO VOCÊ FAZ ESSAS AÇÕES BENEFICENTES DE ABATER O VALOR DE INGRESSO A QUEM CONTRIBUIR COM ALIMENTOS ÀS INSTITUIÇÕES?

Sousa — Desde sempre. Lá em Teresina eu fazia para arrecadar brinquedo, alimento. Já fiz muita ação para conseguir dinheiro para comprar marmita, cobertor, faço isso lá em São Paulo também. Peço dinheiro para meus seguidores, não para mim, mas para ajudar essa galera. Principalmente em época de muito frio em São Paulo, sempre estou atrás de cobertor, roupa de frio, para ajudar as pessoas em situação de rua. Quanto mais eu cresço, mais pessoas eu posso ajudar, entendeu? Se meu show der mil, depois 5 mil, o número de pessoas que irei ajudar também é maior.

MS NOTÍCIAS: ENTÃO VOCÊ NÃO FAZ STAND-UP COMEDY SOMENTE PARA GANHAR DINHEIRO?

Sousa — Mano, se tu for fazer qualquer coisa só pelo dinheiro, tu não vai fazer bem-feito. Se tu trabalhar direitinho, fizer as coisas, parece clichê,  mas se tu fizer com amor, o dinheiro vem. O resultado vem. Não tem para onde.

MS NOTÍCIAS: QUAIS SÃO SUAS REFERÊNCIAS?

Sousa — Tenho dois comediantes piauienses que são os melhores que já vi. João Cláudio Moreno, que é uma artista genial, cantor, imitador, comediante, escritor, poeta... O cara é genial. Muita gente o conhece, considera ele um dos melhores do Brasil e ele é do Piauí. Ele já fez Chico Anísio, já fez muita coisa. E tem outro cara, que é Dirceu Andrade, que hoje é meu amigo. É um dos comediantes que, no palco, nunca vi algo de tão engraçado parecido com ele. São as referências que tive a sorte de ver desde pequeno.

MS NOTÍCIAS: O QUE TÊM QUE TER UM COMEDIANTE NO PALCO PARA SER BOM?

Sousa — Os caras falam que tem que ter graça, né? Piada não tem boa, nem ruim. Não tem piada inteligente e nem clichê, piada tem que ser engraçada. Para o cara ser bom no palco, meu irmão, é prática. É igual Crossfit, para tu ficar bom tem que fazer muito e entender onde tu tá errando e onde tu tá aceitando. É igual qualquer profissão, para ser um bom comediante tem que se entregar ao máximo.

Apaixonado por natureza, Robson diz que Campo Grande o encanta em vários aspectos, mas o principal deles é a flora e a fauna que resultam em um clima, para ele, agradável. “Campo Grande, apesar de ser a Capital, é muito bonita, arborizada. Tem um clima bom. Embora vocês digam que é quente, não se compara com Teresina. Eu vim aqui uma vez fazer show com o Whindersson, gostei. Conheci a galera da produção daqui. E a gente decidiu fazer esse tour por Mato Grosso do Sul”, disse.

MS NOTÍCIAS: SUAS PIADAS VÃO LEMBRAR DE MATO GROSSO DO SUL?

Sousa — Vai ter sim. Eu tenho um texto de Jericoacoara, de quando fui lá. Provavelmente farei textos de Mato Grosso do Sul, de Bonito. É  a minha vivência. Meu ponto de vista sobre o mundo.