Foi em vão a manobra alucinada de Jair Bolsonaro e seus seguidores na tentativa de impedir o governo do presidente Lula de importar arroz e abastecer as populações afetadas pelas inundações no Rio Grande do Sul. Na manhã de ontem (quinta-feira, 06), o presidente do Tribunal Federal Regional da 4ª Região (TRF4), Fernando Quadros da Silva, derrubou a liminar do juiz substituto Bruno Risch Fagundes de Oliveira, que atendeu uma solicitação dos deputados bolsonaristas Marcel van Hattem (Novo-RS) e Lucas Redecker (PSDB-RS) e suspendeu o leilão de arroz anunciado pelo governo Lula.
Além de Van Hattem e Redecker, a senadora e ex-ministra Tereza Cristina (PP/MS) também integra o pelotão bolsonarista que investe de todas as formas na tentativa de desestabilizar a gestão de Lula. Nesta ação, os bolsonaristas alegaram ser desnecessária a importação e que a compra do alimento prejudicaria os produtores brasileiros. Porém, o açodamento inescrupuloso de algumas dessas tentativas barra a sensatez e revela toda a pérfida maquinação política.
Tereza Cristina se esquece (por conveniência ou lapso de memória) que em 2020, quando era ministra da Agricultura no governo de Bolsonaro, ela conduziu todo o processo de importação de 400 mil toneladas de arroz. Na ocasião, nenhuma voz do agro ou da bancada governista levantou-se contra o que hoje atacam ferozmente, deixando de lado a grave situação de emergência num desabastecido Rio Grande do Sul.
TIRO NO PÉ
Com a decisão do TRF-4, perdem Bolsonaro e seus fiéis e ganham os gaúchos que precisam garantir seu direito à alimentação sem politicagem para atrapalhar. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) está liberada para fazer o leilão para compra de 300 mil toneladas de arroz, suprindo a demanda do alimento e evitando disparada dos preços, visto que o Rio Grande do Sul é o maior produtor.
Na decisão, o presidente do TRF4, Quadros da Silva, ainda detona a politicagem dos representantes do bolsonarismo que agiram em conluio com ruralistas para atacar o governo Lula. "Assevera que as políticas públicas são realizadas no interesse coletivo ou geral, a partir do planejamento administrativo que privilegia não apenas um seguimento específico ou uma unidade da federação determina, por exemplo, mas toda a sociedade brasileira, afigurando-se lesiva à ordem pública administrativa e a ordem judicial em análise", afirmou Silva.
A senadora Tereza Cristina e seus dois parceiros, bolsonaristas de quarteladas políticas, não aceitam que a intenção do governo Lula é fazer com que este alimento básico não falte na mesa de quem precisa. Trata-se de um oposicionismo tão obsessivo que além de atropelar o bom-senso ainda minimiza a dor de centenas de milhares de pessoas.
As 300 mil toneladas de arroz importadas serão vendidas em pacotes de 5kg, como as marcas comerciais, e teriam valor tabelado: R$ 20, ou seja, R$ 4 o quilo. Nas embalagens, em vez de frases políticas promocionais, tais como “Brasil acima de tudo”, apenas as etiquetas com as logomarcas dos órgãos do governo federal responsáveis pela distribuição.