29 de março de 2024
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MS perde dois grandes protagonistas das comunicações e do futebol

Ambos foram abatidos pelo câncer e deixaram um histórico de atuações exemplares em tudo que faziam

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O empresário Osmar Fernandes, 72, e o desportista Celso Zottino, 60, morreram ontem 2ª-feira, (17.maio), vitimados pela mesma doença: um câncer. Ambos escreveram capítulos importantes da história de Mato Grosso do Sul. Fernandes era dono das unidades do Colégio Liceu, estabelecimento privado de ensino infanto-juvenil, desde 1994. Antes, dirigiu durante anos o semanário impresso “A Luta Matogrossene”, fundado pela família Chaves.

Muitos dos principais jornalistas que passaram ou ainda estão em Campo Grande trabalharam ou foram colaboradores de “A Luta”, que circulou até o início dos anos 1980. Osmar Fernandes lançou ainda uma revista e outras publicações periódicas corporativas. Era polêmico e travou duros embates com políticos e autoridades que entravam na mira de suas críticas. Era, no entanto, um cidadão do bem, afeito ao diálogo e de perfil colaborativo.

Celso Zottino defendeu vários clubes, mas foi no Operário com quem mais se identificou diante dos desportistas. Um excelente zagueiro de área, poderia jogar em qualquer grande clube do Brasil ou no exterior.

Celso Zottino e Amarildo Carvalho Luz. Foto: Reprodução

Alto, atlético, clássico e viril, porém leal, tinha excelente impulsão e fez muitos gols de cabeça. Em 1987, exatamente 10 anos depois de sair com o terceiro lugar do Campeonato Brasileiro, o Operário venceu o módulo branco da Copa União, hoje a Série C do Brasileirão, e Celso ficou entre os melhores jogadores da competição.

Depois que pendurou as chuteiras do profissional, continuou fazendo o que gostava: jogar futebol, entre veteranos nas peladas ou torneios de futebol society. Cansado de esperar pelos resultados de uma ação trabalhista que moveu contra o Operário, ganhou na Justiça a marca (nome) do clube. Poderia, se quisesse, ganhar uma considerável soma em dinheiro. Mas com a troca da diretoria e um diálogo construtivo, desistiu da ação e passou a colaborar com o Galo, atuando na equipe máster.

Celso – que morreu no Hospital Beneficência Portuguesa (SP) - era gestor do Estádio Municipal Belmar Fidalgo. Embora atuasse em qualquer posição, o polivalente Celso Elias Zottino fez histórica no miolo de zaga, desarmando seus adversários, geralmente na antecipação, dando início aos contra-ataques e fazendo gols – muitos – de cabeça. Fez parte do time bicampeão estadual de1989, que tinha esta escalação titular: Marquinhos, Alvarildo, Zé Ronaldo, Biá, Celso e Gonçalves; Cido, Adir, Carlão, Bugre e Gilmar.

Celso era uma pessoa de bem com a vida e colecionava amigos. Nem mesmo a implacável doença tirou dele a serenidade e a dignidade para lutar pela vida com gestos contínuos e exemplares de otimismo, confiança e fé. Muitos contemporâneos prantearam a dolorosa perda, principalmente ex-jogadores e grandes amigos, entre os quais Amarildo Carvalho, Copeu, Paulinho, Chiru e Cido.