26 de julho de 2024
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DOURADÍADAS 2024

Prefeito busca a reeleição mergulhado num abismo de rejeição popular, descrédito e atos sob suspeita

Integrante do pelotão de frente do bolsonarismo em Mato Grosso do Sul, Alan Guedes despenca nas pesquisas

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Em Dourados, o segundo maior colégio eleitoral de Mato Grosso do Sul, a disputa pela prefeitura já aponta os desafios mais complexos para os futuros concorrentes. Um deles, o prefeito bolsonarista Alan Guedes (PP), afunda num abismo cada vez maior de suspeitas e de trapalhadas políticas e gerenciais que ele próprio cavou.

Em busca da reeleição, Guedes é o pré-candidato com o maior índice de rejeição e seu nome despenca nas intenções de voto. Além disso, ainda é o protagonista de um polêmico enredo sob suspeita, causada por decisões envolvendo desembolsos financeiros dos cofres públicos. Mesmo que seus opositores estejam na linha de frente dos ataques à sua gestão, Guedes não consegue atrair o apoio ou a compreensão da opinião pública, conforme está demonstrado nas pesquisas.

Os atos administrativos que encurralam Alan Guedes estão sendo comparados aos três históricos escândalos que lançaram a prefeitura de Dourados nas páginas policiais. Trata-se da sucessão de bombas políticas que explodiram quando a Polícia Federal (PF) desencadeou as operações “Brothers”, “Ovari” e “Uragano”, de combate à corrupção, resultando na prisão de altas autoridades, entre elas o prefeito Ari Artuzi, o vice-prefeito Carlinhos Cantor e a maioria dos vereadores.

CARIMBO E INDIFERENÇA

Entre as acusações e as defesas, Guedes não se preocupa com o carimbo de suspeito colado em sua gestão. É o que faz crer quando, entre outras atitudes em público, exibe seu celular para afirmar, em velada ameaça, que na Câmara Municipal há vereadores honestos e outros não, prometendo dar nomes na hora certa. Pior ainda foi ser alvo de manchetes nacionais nada recomendáveis, como a que deu o “Jornal de Brasília” de 13 de abril de 2022: “Aliado de Lira vendeu Kit Robótica 420% mais caro”.

Na matéria, informa-se que: “A empresa de Maceió contratada para fornecer kits de robótica para prefeituras, por meio de recursos de emendas liberados pelo governo Jair Bolsonaro (PL), vendeu os equipamentos ao poder público com uma diferença de 420% em relação ao preço que declarou ter pago em ao menos uma das compras que fez do produto. Enquanto municípios desembolsaram R$ 14 mil por cada robô educacional, nota fiscal obtida pela Folha mostra que a Megalic adquiriu unidades por R$ 2.700 de um fornecedor do interior de São Paulo.  

Em seguida, a reportagem destaca que em 2022 a Megalic faturou R$ 54 milhões em depósitos de prefeituras para kits de robótica, enquanto só gastou R$ 6,7 milhões. Em 2021, essa diferença foi entre R$ 15 milhões em recebimentos e R$ 2,7 milhões em gastos. Então mencion, entre outras, a prefeitura douradense:

“O maior valor recebido pela empresa para kits de robótica neste ano veio de Dourados, no total de R$ 17 milhões. A prefeitura é gerida por Alan Guedes, que é do PP, mesmo partido de Lira. Dourados aderiu a uma ata de registro do município de Delmiro Gouveia (AL), que colocou a Megalic como fornecedora. Em nota, a prefeitura afirmou que planejou a aquisição de robótica para seus alunos para alcançar a exigência constitucional de alocar 25% das receitas em educação”.

A matéria continua: “A adesão da ata da ocasião se deu porque as especificações técnicas e pedagógicas do documento atendiam fielmente o que estava proposto no planejamento da Prefeitura de Dourados, bem como baseado nas indicações técnicas do FNDE. Nota-se que o próprio fundo nacional não possuía ata vigente na ocasião”, diz nota. O Ministério Público em Dourados já tem uma investigação sobre o caso, mas não se manifestou, além das outras prefeituras citadas”.

REJEIÇÃO

A sobrecarga negativa de Guedes é reforçada pelos índices que atestam sua debilidade nas intenções de voto. Além de ser o nome mais rejeitado pelos eleitores (tem 32%, contra 13,8% do segundo, o petista Tiago Botelho), o prefeito está atrás de dois de seus concorrentes em todos os cenários simulados pelo Instituto Ranking Brasil Inteligência.

A pesquisa, feita de 25 a 30 de maio com 1.000 eleitores, registrada no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) sob o nº MS 07789/2024, adota um índice de confiança de 95% e 3,1% de margem de erro para mais ou para menos. Na espontânea, o ex-deputado estadual Marçal Filho (PSDB) é o líder, com 28%, e o vice-governador Barbosinha (PSD), o segundo, com 12,2%. Guedes é terceiro, tem 7%.

Em três simulações de consulta espontânea, a liderança permanece com Marçal. No primeiro cenário, o tucano aparece com 40%, contra 16,4% de Barbosinha e 10% de Guedes. Na segunda simulação, sem Barbosinha entre os concorrentes, Marçal traz 50%, mais do que o triplo de Guedes, o segundo colocado, que tem 14%. No último cenário, 42% de intenções de voto mantêm Marçal na liderança, enquanto Guedes fica em segundo, com 17%.