O andamento de obras que vêm avançando sobre o chão e os rios de seus países, mostra hoje uma realidade que ontem não passava de um sonho e até provocava deboches e críticas contra quem ousasse apenas mencionar a expressão “Rota Bioceânica”. Entretanto, o tempo passou, as relações internacionais cobraram complexos desafios de suas lideranças e a posição de inferioridade do continente exigiu do Brasil e dos seus vizinhos latino-americanos uma revolução integracionista e histórica, que agora faz daquela utopia uma conquista que pode ser tocada com as mãos.
De hoje, 19, até sexta-feira, 21 de junho, realiza-se no Chaco Paraguaio um evento que, além de debater o estágio e os próximos passos deste projeto plurinacional, é também uma ocasião para prestar uma reverência solene à memória dos visionários que ontem semearam este sonho. “São pessoas que não se intimidaram com o escárnio e o ceticismo de quem colocava a ideia da Bioceânica no plano das coisas impossíveis, utópicas”, afirma o ex-governador Zeca do PT.
Natural de Porto Murtinho, na fronteira com o Paraguai, ex-deputado federal, governador duas vezes e atualmente deputado estadual, Zeca estava entre aqueles sonhadores. Porém, ele chama os méritos para outras pessoas que se sobressaíram nesta história de audaciosas interlocuções. Convidado para o 5º Fórum dos Territórios Subnacionais do Corredor Bioceânico de Capricórnio, de hoje, 19, a sexta-feira, 21, nas cidades de Carmelo Peralta e Filadélfia, no Chaco Paraguaio, Zeca reforçou sua sugestão.
PIONEIRISMO
Ontem, ao visitar o Museu da História de Loma Plata, onde estão registros da chegada dos menonitas, um povo que deu impulso decisivo ao crescimento local, Zeca ressaltou o papel pioneiro de quem deu evidência ao sonho do Corredor Bioceânico e propôs a homenagem. “São pioneiros que sonharam com esta conquista, que a tornaram possível”, disse. Citou, então, os nomes de seus irmãos, o ex-prefeito murtinhense Heitor Miranda dos Santos, e o ex-vereador Ozório dos Santos; o senador chileno Jorge Sória; o governador Gustavo Sáenz, de Salta, na Argentina; e o empresário Flávio Queiroz, de Porto Murtinho.
“Muitas vezes estas pessoas foram ridicularizadas, porque ousaram sonhar com a oportunidade nova de saída para o Pacífico”, frisou. Zeca se referiu ainda ao exemplo dado pelos menonitas, grupo religioso protestante de origem anabatista, que surgiu na Europa do século XVI, reconhecido por sua ênfase na não-violência, na simplicidade e no comunitarismo.
“Impressionantes a capacidade de resistência e o pioneirismo e a vocação destas pessoas. Chegaram aqui em 1930, para construir uma potência econômica, com mais de um milhão de hectares de terras produzindo carne, leite, soja, algodão e outros produtos que contribuem com os avanços sociais e econômicos do Chaco Paraguaio e do país”, concluiu.
OS INVESTIMENTOS
As obras da Rota Bioceânica estão em andamento no setor de infraestrutura rodoviária. Estão em andamento os serviços do terceiro trecho do Corredor, ligando Mariscal Estigarribia, lado paraguaio, com Pozo Hondo, fronteira com a Argentina. O Corredor Bioceânico do Eixo de Capricórnio é uma rodovia de mais de 3.000 km que se estende de São Paulo aos portos chilenos de Antofagasta, com saída fronteiriça pela cidade de Porto Murtinho.
No Paraguai, o percurso tem 532 km e atravessa o Chaco paraguaio em três trechos. O primeiro, de 275,7 km, de Carmelo Peralta a Loma Plata, já está concluído. A ponte entre Carmelo Peralta e Porto Murtinho está com mais de 50% de suas obras físicas concluídas. O Ministério das Obras Públicas e Comunicações do Paraguai informa que estas obras tiveram um investimento de US$ 445 milhões e empregaram cerca de 2,7 mil trabalhadores.