14 de novembro de 2024
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"NEGÓCIO DA CHINA"

Energisa lucra milhões na pandemia, não dá aumento à funcionários e quer tirar direitos

Sindicato diz que a empresa que não tem concorrência em MS surfa em "negócio da China". Trabalhadores estão revoltados

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Os trabalhadores da Energisa/MS realizaram ato para denunciar, segundo eles, o que classificam como um descaso da empresa durante a negociação do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) 2020/2021. O movimento foi organizado pelo Sinergia-MS e ocorreu nesta 5ª-feira (28.jan.21) em Mato Grosso do Sul.

Na prática, eles pedem aumento de 2% acima da inflação, aumento esse que deveria ter ocorrido em 31 de outubro de 2020. Mas a empresa, que lucrou 5,8% a mais em 2020, cerca de R$ 245,1 milhões, quer, segundo os trabalhadores, na verdade tirar benefícios.

"Não tem concorrência... a empresa vive um negócio da china, lucra demais, não ajuda os trabalhadores e ainda avança para retirar os benefícios trabalhistas duramente conquistados", introduziu o presidente do Sinergia/MS, Elvio Vargas.

Alguns grandes sites de jornalismo da Capital sul-mato-grossense ignoraram o ato dos trabalhadores, apesar disso, a ação que funcionou como um "aviso de paralisação" teve início por volta das 5 horas da manhã em Cuiabá (CGB) e por volta das 7 horas, o ato foi realizado no Centro Operacional da Energisa, em Campo Grande.

Os trabalhadores usaram faixas pedindo o respeito aos seus serviços. 

Segundo o líder sindical, só nos primeiros nove meses de 2020, a concessionária registrou lucro de R$ 245,1 milhões, o que representa aumento de 5,8% em relação ao mesmo período de 2019. Mesmo assim, a empresa não aceita a reivindicação da categoria de ganho real e ainda quer alterar direitos já garantidos pelos eletricitários.

“A última proposta de ACT da Energisa foi reprovada pela categoria. Uma nova reunião foi realizada agora em janeiro e a empresa insiste em manter o que os trabalhadores já recusaram. Não aceitaremos alteração no banco de horas, já concordamos em discutir isso no próximo acordo, e agora queremos uma nova proposta”, explicou Vargas.

Também foram realizadas ações em outras cidades do interior. O movimento é uma forma de mostrar a indignação dos trabalhadores com o andamento das negociações do acordo. “A categoria está revoltada, está insatisfeita com a postura da empresa, e está mobilizada com o sindicato”, alertou Vargas.

A campanha salarial foi lançada em outubro, com o mote “Com esforço da categoria, Energisa lucrou na pandemia”.

“Todo o lucro que a empresa teve foi resultado do esforço do pessoal de campo, que se expôs durante a pandemia, trabalhando à noite, de dia, levando conforto da melhor forma possível para o cliente e, na hora da retribuição, a empresa não enxerga isso. Ela quer retirar o direito e quer que o trabalhador fique calado. Nosso serviço é árduo, é cansativo. Então, a gente vai para a discussão, para o debate, a empresa querendo ou não”, afirmou o diretor do Sinergia-MS, Isaque Machado.

Caso a empresa não avance nas negociações, o sindicato diz que vai convocar assembleia para avaliação da possibilidade de greve.

NEGOCIAÇÕES 

A última rodada de negociação ocorreu no dia 19 de janeiro. “Até agora, não houve manifestação da empresa sobre uma nova proposta ou data para continuar as negociações. Os eletricitários exigem respeito. A empresa lucrou por causa da dedicação, da competência, de toda a categoria, e agora deveria reconhecer isso atendendo às nossas reivindicações”, cobra Elvio Vargas.

A data base dos eletricitários é 1º de novembro. Os trabalhadores já recusaram duas propostas da empresa. A primeira proposta previa a reposição da inflação parcelada em duas vezes, sem efeitos retroativos. A segunda previa alteração na compensação do banco de horas e reposição da inflação em parcela única.

Procurada, a empresa Energisa enviou nota à imprensa, onde indica que foi afetada pela pandemia, apesar de segundo o sindicato a mesma ter lucrado. Veja a nota abaixo na íntegra:  

A Energisa informa que as negociações para o Acordo Coletivo de Trabalho com o Sindicato acontecem anualmente e as reuniões referentes ao ACT 2020/2021 estão ocorrendo, seguindo uma agenda previamente marcada com os representantes sindicais. Reforçamos que, mesmo com a crise mundial causada pela pandemia da Covid-19, a Energisa Mato Grosso do Sul não está poupando esforços para encontrar o equilíbrio necessário e chegar a um consenso para o Acordo Coletivo de Trabalho deste ano.

A empresa reitera sua disposição na preservação do quadro de colaboradores, equilíbrio de investimentos e garantia do fornecimento dos serviços aos consumidores de Mato Grosso do Sul.