19 de maio de 2024
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COMUNICADO

Trabalhadores indígenas de MS estão seguros das enchentes no RS (vídeo)

Apesar disso, há um grave problema de comunicação no local, alertou Sérgio Poletto

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Em meio às adversidades climáticas que têm assolado o Rio Grande do Sul, com fortes chuvas afetando o Vale do Taquari e a Bacia do Rio Guaíba, uma boa notícia emerge do Mato Grosso do Sul: os trabalhadores indígenas estão seguros e não enfrentaram problemas de alagamento.

Isso foi afirmado nesta 2ª.feira (6.mai.24) pelo presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Vacaria e Região, Sérgio Poletto.

Em um comunicado em vídeo hoje, Poletto se direcionou ao presidente da Comissão de Trabalho e Relações Étnico-Raciais (COETRAE-MS), ligado a Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (SEMADESC), Eduardo Pereira, tranquilizando a população e destacou que, até o momento, não há registros de incidentes envolvendo os trabalhadores indígenas da região devido às condições climáticas adversas que assolam o Sul do país. No entanto, o Polleto alertou que há um grave problema de comunicação no local. Assista: 

Pereira repercutiu em MS o comunicado de Poletto acrescentando que as empresas de telecomunicação estão trabalhando incessantemente para resolver essas falhas e normalizar os serviços afetados. 

Procurado pelo MS Notícias, por telefone, Polleto reafirmou que em Vacaria, onde estão cerca de 1.200 trabalhadores indígenas de MS, as chuvas foram mais leves. "As lavouras de maçã não foram atingidas. Os trabalhadores pararam nos dias de chuva, não trabalharam domingo, mas hoje voltaram a colher até porque na Região de Vacaria onde tem uma produção de maçã e maior quantidade dos trabalhadores daí, o tempo melhorou". 

Polleto disse acreditar que em semanas os trabalhadores devem finalizar a colheita no Sul. "Eu acredito que até o final da semana que vem, mais tardar na outra já encerra a colheita da maçã. Porque ela teve um quebra grande, reduziu a produção em função do tempo, e aí por isso que maximizou a colheita".

O sulista disse que não tem dados fechados dos prejuízos causados pelo mau tempo, mas fez uma estimativa. "Acredito que a quebra é em torno de 25% com relação a safra do ano passado".

Polleto reforçou que o problema na comunicação dos familiares com os indígenas passa pela uma instabilidade na internet e redes que afeta todo o estado. "Aqui não teve problemas, o problema maior é na região central do estado. Aqui não teve nenhum alagamento, trasbordo de Rio, as estradas que ligam ao Centro do País e Mato Grosso do Sul também não tem problemas. A situação calamitosa, triste é na região Central do Estado. O único problema que temos aqui é a comunicação: linhas telefônicas, internet... Eu acho que foi onde deu problema com familiares daí em relação ao pessoal que está trabalhando aqui".

Conforme Eduardo Pereira, em 2023 os trabalhadores contratados pelas lavouras de maçã no Sul trouxeram cerca de 57 milhões para o estado em rescisão contratual trabalhista. "Eles só recebem no final da colheita e como eles tem tudo lá, alimento e moradia, eles trazem esse recurso para cá, onde eles estão reformando as casas, comprando carros e dando melhor condição de vida para as suas famílias", explicou. 

Ainda de acordo com Eduardo, neste ano foram trabalhar no Sul cerca de 3.800 indígenas que passaram pelas Casas dos Trabalhadores, numa parceria com os órgãos trabalhistas e prefeituras dos municípios sul-mato-grossense. E ainda, há mais 4 mil trabalhadores contratados de forma indireta (que não passaram pelas Casas dos Trabalhadores). "Esses são captados direto pelos caras que vem para recrutar, então, temos cerca de 7 mil trabalhadores hoje trabalhando nas lavouras no Sul", acrescentou. 

Apesar de achar a parceria positivo, Eduardo revelou que o desejo do governo de Eduardo Riedel é de conquistar lavouras em MS para que esses trabalhadores sejam empregados aqui. "Nós estamos agora com essa política para trazer fruticultura para o estado, e vamos focar na lavourada de laranja aqui no estado", adiantou.

Eduardo completou esclarecendo que a mão de obra de MS é muito requisitada, devido a qualidade do serviço prestada pelos indígenas. "Você tem que saber colher... A maçã, amassou já não serve, acaba perdendo. Então, principalmente os nossos indígenas, são bens vistos no Rio Grande do Sul", completou. 

A afirmação foi referendada por Polleto: "Aqui o pessoal indígena é um povo trabalhador que vem para cá e trabalham de verdade, e é por isso o pessoal daqui prefere a mão de obra dos indígenas. Em novembro, dezembro, eles vem de novo, mas é de janeiro a abril que vem a maioria. E eles são bons demais e valorizamos o trabalho deles aqui. Então, só tranquilizar as famílias deles aí, eles aqui estão bem, até porque se tivesse qualquer problema não haveria motivo para esconder. A verdade é que o pessoal está bem", finalizou. 

A qualidade do serviço oferecido pelos indígenas é resultado de treinamentos oferecido a esse público no passado,em uma parceria da Fundação do Trabalho (Funtrab) com sindicatos de fruticultura do Rio Grande do Sul.