20 de abril de 2024
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Capoeira de roda pode se tornar Patrimônio Cultural da Humanidade

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A capoeira de roda deverá ser reconhecida como Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura). De acordo com a Agência Brasil,  na próxima semana, em Paris, o Comitê Intergovernamental para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural e Imaterial da Unesco anuncia sua decisão.

46 pedidos de registro foram feitos pelos Estados-Membros, sendo que 32 foram recomendados pelo órgão técnico do comitê, entre os quais está o da capoeira – o único apresentado pelo Brasil e um dos três bens da América Latina na lista.

O Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) enumera uma série de ações para difundir a modalidade e propõe medidas de salvaguarda orçadas em mais de R$ 2 milhões, como a produção de catálogos e encontros. O documento destaca que o registro vai favorecer a consciência sobre o legado da cultura africana no Brasil e o papel da capoeira no combate ao racismo e à discriminação. O dossiê lembra que a prática chegou a ser considerada crime e foi proibida durante um período da história. Hoje, a capoeira é praticada até fora do país.

Desde 2008 a capoeira de roda é reconhecida como patrimônio cultural pelo Iphan. A capoeira envolve os praticantes por meio do canto, dos instrumentos típicos como o berimbau e o atabaque, em uma roda, onde os golpes se confundem com a dança. Uma prática que é, ao mesmo tempo, jogo e brincadeira.

Foi levado em conta no dossiê entregue a  Unesco, os pedidos dos mestres para proteger a capoeira e seu aval para registrá-la como patrimônio da humanidade. Entre eles, a possibilidade de a capoeira se tornar disciplina obrigatória nas escolas e nos encontros de troca de conhecimento. Segundo mapeamento do Iphan, a modalidade é praticada por todo o país.

O pedido também cita ações como o registro nacional da capoeira de roda como um bem cultural, a criação de grupos de trabalho, encontros e o prêmio Viva Meu Mestre, desenvolvidos com a sociedade civil e órgãos de governo. Para o futuro, como patrimônio da humanidade, são sugeridas medidas para promover a capoeira, contextualizá-la como legado africano no Brasil, além de mapear as rodas e seus mestres.

Para 2015, o Brasil está organizando o pedido de registro como patrimônio da humanidade do Cais do Valongo, conhecido como um dos maiores portos de desembarque de africanos, no centro do Rio de Janeiro.

É estimado que o país tenha recebido 40% de todos os africanos escravizados que chegaram vivos às Américas e, desses, cerca de 60% entraram pelo Rio de Janeiro, segundo o antropólogo e fotógrafo Milton Guran, do Comitê Científico Internacional do Projeto Rota do Escravo da Unesco. O Cais do Valongo é considerado sagrado por religiões de matriz africana.

Tayná Biazus