O deputado federal André Fufuca (PP-MA) é cotado para assumir um ministério por meio de indicação do PP. A trajetória política de Fufuca, entretanto, é marcada por posicionamentos que contrastam com a base aliada do presidente Lula (PT).
Fufuca é cria integrante da tropa de choque do ex-presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha. O aliado de Cunha também votou a favor do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
Em 2021, também atuou como amigão do ex-presidente Jair Bolsonaro, durante a fracassada gestão em meio a pandemia. E o mais agravante, neste ano, Fufuca votou a favor do marco temporal para demarcação de terras indígenas — texto que contrariava o atual governo.
Apesar de todos os indícios de que o político é uma 'serpente da extrema direita', na última 3ª feira (18.jul.23), Fufuca se reuniu com o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha. Após o encontro, o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), afirmou que a entrada do PP, assim como do Republicanos, no governo está “consolidada”. Na prática, a nomeação de Fufuca vai selar a aliança do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), com a gestão Lula. Já havíamos sinalizado isso aqui no MS Notícias.
Em todo caso, não era esperado que nomes de radicais como o de Fufuca fosse estar na lista do time Lula.
FUFUCA 'MENUDO'
Com 33 anos, Fufuca ingressou na vida pública com 21 anos, quando estudava medicina. Foi eleito deputado estadual pelo Maranhão, onde ganhou o apelido de “menudo” por fazer parte de um grupo de parlamentares jovens naquela legislatura. A política entrou em sua vida por influência do pai, Francisco Dantas Ribeiro Filho, o Fufuca Dantas, atual prefeito de Alto Alegre do Pindaré (MA), de quem também herdou o apelido.
O parlamentar teve como ponto alto de sua atuação política o período de sete dias, em 2017, em que ocupou a presidência da Câmara dos Deputados. Ele era o segundo-vice-presidente da Casa. O então comandante da Câmara, Rodrigo Maia, havia assumido o Planalto enquanto Michel Temer, chefe do Executivo federal à época, fazia uma viagem ao exterior. O vice-presidente da Câmara, Fábio Ramalho (PMDB-MG), estava na comitiva.
Fufuca, no entanto, se aproximou de Eduardo Cunha anos antes. O então presidente da Câmara responsável pelo processo de impeachment duvidoso contra Dilma Rousseff.
A lealdade de Fufuca o levou a defender Cunha no Conselho de Ética da Casa. Durante uma sessão do colegiado, inclusive, ele teve um bate-boca com o então deputado Júlio Delgado (PV-MG), após o mineiro afirmar que Fufuca chamaria Cunha de “Papi”.
— Não queira macular minha imagem pela minha juventude. Vossa Excelência é o exemplo de que até os canalhas envelhecem. Nesta Casa ninguém me viu usar de ato de bajulice, até porque venho de um estado em que usar esse termo “papi” é até afeminado — reagiu Fufuca na época.
A amizade com Cunha nunca foi negada por Fufuca, embora ele tenha tentado se descolar politicamente do ex-deputado após a cassação.
— A minha relação com Eduardo Cunha era de amizade, todo mundo sabe que eu tinha amizade. Quando eu cheguei aqui, foi ele que me deu espaço. Agora, a minha relação com Eduardo é de amizade. Política, a relação é zero. Ele é do Rio de Janeiro, eu, do Maranhão. Eduardo era do PMDB, eu era na época do PEN. Fui para o PP, ele queria que eu fosse para o PMDB — argumentou Fufuca em entrevista ao g1 em 2017.
Durante o período de Cunha na presidência da Câmara, Fufuca contratou a Popsicle Digital Flavours para trabalhos de assessoria e divulgação de mandatos. A empresa era ligada a Danielle, filha de Cunha.
Na época, Fufuca negou que a contratação de Danielle, hoje deputada federal, tivesse relação com Cunha.
— Eu a contratei para fazer esse trabalho de comunicação, de monitoramento nas redes sociais, alimentar o site. Estava precisando desse serviço, e ela tem experiência. A influência (de Cunha) é nenhuma. Zero. Ela faz o serviço independentemente do pai — disse.
INIMIGO DO GOVERNO
Desde o começo do 3ª mandato de Lula, Fufuca já se posicionou contra pautas importantes para o governo.
Ele votou a favor do projeto do marco temporal para terras indígenas. O texto, aprovado pela Câmara e em tramitação agora no Senado, estabelece que apenas áreas ocupadas ou em disputa em 5 de outubro de 1988, data de promulgação da Constituição, podem ser demarcadas. Durante a votação, o líder do governo na Câmara, José Guimarães, orientou contra o texto e tentou adiar sua discussão.
Fufuca também não compôs com o governo na discussão do marco do saneamento. O deputado se ausentou da votação que derrubou dois parágrafos de decretos da Presidência sobre o assunto.
FONTE: O Globo*











