05 de dezembro de 2024
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SENADORA DE MS

Descartada pelo Planalto, Tebet diz não ser 'saudável' impeachment de Bolsonaro

Ela é a primeira mulher candidata à presidência do Senado e não tem o apoio do Planalto

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A senadora Simone Tebet (MDB-MS) disse na manhã desta 5ª-feira (21.jan.21), em entrevistas às rádios Capital 95 FM e CBN Campo Grande, que a abertura do processo de impeachment do presidente Jair Bolsonaro, depende da Câmara dos Deputados e ela não acredita que nenhum dos candidatos à presidência daquela Casa coloque isso na agenda agora. “Não acho saudável hoje para o Brasil falar em impeachment. Não é o momento, nós temos que estar unidos num esforço muito maior contra o inimigo mortal”, disse a Senadora que pleiteia a presidência do Senado. 

Apesar de endossar que Bolsonaro fique cargo mesmo em meio aos percalços das ações do presidente em meio a pandemia, Tebet não tem apoio do Planalto à presidência do Senado. Bolsonaro apoia o senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG) apadrinhado pelo atual presidente da casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP). Pacheco conseguiu ainda apoio da oposição ao governo, fechando bancada com o PT e PDT.

A Senadora sul-mato-grossense pregou durante a entrevista “união”, que não é pregada pelo presidente da República, que “prensado” pela demonização que fez contra a Coronavac, vê seu principal rival político, João Dória (PSDB) surfando com imunização adiantada no estado de São Paulo (SP). “Temos que gerenciar essa crise sanitária do coronavírus, ajudando o governo federal. Temos muitos problemas a serem resolvidos para nos preocuparmos com desunião”, defendeu Tebet.

Tebet ainda aludiu que representa uma candidatura independente. “Não ter submissão a um padrinho faz muita diferença”, apelou ela.

Ela é a primeira mulher candidata à presidência do Senado, com isso a bancada de maioria masculina indica entendimento de voto em Pacheco. Porém, há também um racha no partido dos tucanos que não querem apoiar Baleia Rossi (MDB) [Disputa a presidência da Câmara dos Deputados], e o presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, foi cauteloso sobre o apoio da sigla e dos senadores tucanos ao pleito de Tebet para comandar o Senado.

Simone até tem apoios bacanas na campanha, a Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas de Mato Grosso do Sul e a Federação dos Trabalhadores no Comércio e Serviços do Estado dizem apoiar a candidatura da conterrânea, mas as entidades não têm votos, nem poder de pressão em Brasília (DF).

A fraqueza do poder político das entidades cheira perto, a exemplo, Nelsinho Trad (PSD) já sinalizou que apoia Pacheco. A Soraya Thronicke (PSL) deve obedecer o que governo Bolsonaro mandar, então, Pacheco. 

Ao programa Tribuna Livre, da Rádio Capital 95 FM, a senadora lamentou a ingerência do Executivo na eleição do Senado. Ela lembrou de levantamento da Inteligov, consultoria especializada em analisar dados do Legislativo, que destaca que ela votou mais com o governo que o candidato da presidência da República (Rodrigo Pacheco) nas pautas do Senado. “A independência é para ajudar, não para prejudicar o governo. A independência é importante porque nos momentos de grandes decisões você pode dizer: por esse caminho não vai dar certo”, defendeu a candidata. 

A senadora admitiu que sua candidatura enfrenta um governo que está fazendo pressão através de ministros pedindo para votar no concorrente. “Isso dificulta, sim. Se não, já teríamos os votos necessários por tudo o que construímos. Mas isso faz parte do jogo. Eu estou muito otimista”, disse à Rádio Capital 95 FM.

Quatro senadores disputam a Presidência do Senado para os próximos dois anos, com eleição prevista para o início de fevereiro. Anunciaram as candidaturas Simone Tebet (MDB-MS), Rodrigo Pacheco (DEM-MG), Major Olimpio (PSL-SP) e Jorge Kajuru (Cidadania-GO). Novas candidaturas podem ser apresentadas até o dia da eleição.