08 de maio de 2024
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ELEIÇÕES 2020

Disputas municipais comprovam a força da família nos desafios eleitorais em MS

Na disputa sucessória municipal, o DNA da política pode ser um fator para fazer a diferença

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Em Campo Grande, a busca do prefeito Marquinhos Trad (PSD) pela reeleição tem entre os ingredientes motivadores a paixão pela política que herdou do pai, Nelson Trad (morto em dezembro de 2011), um campeão das urnas. Mesmo sem ter sido prefeito — foi o vice, de 1963 a 1964 , acumulou sucessivas vitórias para sete mandatos legislativos, um de deputado estadual e seis de deputado federal.

Com certeza, esta mesma paixão é um dos ingredientes que impulsionam pais, mães e filhos a fazer do laço familiar um elemento poderoso de participação e muitas vezes até de sobrevivência na vida pública. As eleições municipais têm sido o maior e mais amplo território para esse tipo de experiência, que se repete há séculos, com histórias de êxitos memoráveis e retumbantes fracassos.

Em Mato Grosso do Sul, vários pais e mães aposentados das disputas continuam em cena como incentivadores e "cabos eleitorais" de seus rebentos. 

Em Cassilândia, o ex-prefeito, advogado e presidente da Associação Comercial, José Donizete Ferreira de Freitas, está na linha de frente da campanha do filho, Rodrigo de Freitas (PDT), 41 anos. Vereador mais votado de 2016, Rodrigo terá como companheiro de chapa o advogado Rezu Ribeiro (PSB). Vai enfrentar um decano vencedor nos embates sucessórios, o prefeito Jair Boni Cogo (PSDB), que tentará o quarto mandato.

CAMAPUÃ

O ex-prefeito Moysésl Nery com o filho Manoel Nery e as esposas de ambos. Foto: Divulgação 

Já em Camapuã, a desistência do prefeito tucano Delano Huber de concorrer à reeleição, em vista de sua rejeição popular, abriu o horizonte para diversos pretendentes. E entre eles está o ex-vereador Manoel Nery (DEM). Filho do ex-prefeito e ex-deputado estadual Moysés Nery, nome tradicional do MDB, Manoel já havia concorrido em 2016, quando perdeu para Huber por apenas 945 votos.

Manoel Nery vai enfrentar pelo menos dois adversários de peso político considerável: o empresário Luiz Alvez de Lima (ou Luiz Gonzaga), do PP, um estreante na política, que é considerado a novidade no pleito, e a vereadora Márcia Pereira de Lima (PSD). Além dos predicados e votos pessoais, Manoel Nery terá o acréscimo da cota de prestígio do pai e do MDB, que não é pouco no município.

Em Figueirão, o menor colégio eleitoral do Estado, com cerca de 2,5 mil eleitores, um de seus mais influentes líderes políticos, o ex-prefeito Getúlio Barbosa (MDB), não está na disputa. Mas é forte cabo eleitoral e deve decidir até à convenção da próxima 4ª-feira (16.set.2020), se lança a filha, Marianna Barbosa, ou faz campanha do professor Juvenal Consolaro (PTB).

Ex-prefeito Getúlio Barbosa e a filha, Marianna, de Figueirão. Foto: Divulgação 

A disputa local tem outros dois concorrentes: o ex-prefeito Ildo Furtado (PSDB) e o vereador Antonio Nabhan (PSD), apoiado pelo prefeito Rogério Rosalim, que está no segundo mandato e não pode concorrer à reeleição.

ROCHEDO

O pai, ex-prefeito Chico Catarino, e o filho, prefeito Juninho Ribeiro, de Rochedo. Foto: Divulgação 

Para os mais antigos moradores de Rochedo, é fácil associar a figura do atual prefeito, Juninho Ribeiro (PSDB), a um dos mais importantes líderes políticos de sua história. Os traços fisionômicos e o jeito de Juninho lembram o pai, Francisco de Paula Ribeiro, que é mais conhecido como Chico Catarino. Prefeito duas vezes (198388 e 1993-96), Chico — cujo apelido vem de uma caminhonete antiga que usava chamada Catarina — continua na ativa. Deixou de ser candidato no início do século, mas ainda faz o jogo e, quando pode, dá as cartas, porém reconhecendo sempre que a vez agora é do filho.

Juninho tentará a reeleição com sua gestão nos argumentos, mas fortalecido pelo vigoroso apelo da marca paterna e o lastro de apoios importantes, como demonstrou a convenção que o referendou. O ato foi prestigiado por representantes do governador Reinaldo Azambuja, do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta (DEM), do senador Nelsinho Trad (PSD) e do deputado estadual Felipe Orro (PSDB).

Há mais filhos de ex-prefeitos que concorrem este ano à reeleição. Em Jardim, o prefeito Guilherme Monteiro (PSDB) quer garantir mais quatro anos de sobrevida ao sobrenome: seu pai, Márcio Monteiro, atual conselheiro do Tribunal de Contas, administrou a cidade em dois mandatos.

E em Nioaque, se sair vencedor das urnas que serão abertas no mês de novembro próximo, Valdir Couto de Souza Jr (PSDB) igualará o feito de seu pai, que em dois mandatos teve o comando político e administrativo do município.