26 de julho de 2024
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VIOLÊNCIA POLÍTICA

Em MS, deputado do PT é agredido por bolsonarista na igreja

Idoso saiu violento da missa

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O deputado estadual reeleito Pedro Kemp (PT-MS) disse que foi agredido verbalmente e fisicamente às 20h do domingo (27.nov.22), na saída da missa da igreja Nossa Senhora Abadia, na Avenida Afonso Pena, Chácara Cachoeira, em Campo Grande (MS).

“Acabei de registrar um boletim de ocorrência por ter sido agredido verbal e fisicamente na saída de uma igreja. Tá difícil conviver com quem não respeita nossas convicções políticas. Ainda bem que o agressor é um cristão que tinha acabado de participar de uma missa. Agora, vai se explicar na justiça. Cansei", desabafou Kemp num post nas redes sociais por volta das 23h de ontem (27.nov).

Procurado nesta 2ª.feira (28.nov), Kemp se pronunciou por meio de nota (veja abaixo). 

De acordo com o registro de ocorrência, o suspeito das agressões é Osvaldo Nunes dos Santos, de 76 anos, que saiu agitado da igreja e de maneira ríspida, abordou Kemp dizendo: "Faz favor de tirar meu nome de sua mala direta. Eu não quero nem mais uma correspondência sua". Diante disso, Kemp teria perguntado qual seria o nome do solicitante. O suspeito disse chamar-se Osvaldo e apontou o dedo na altura do rosto do deputado e repetiu que queria seu nome fora da mala direta. O deputado disse que respondeu que iria tirar o nome como pedido e falou para Osvaldo baixar o dedo, nesse momento Osvaldo passou a xingar Kemp: "Canalha, bandido e falso", como se estivesse descontrolado Osvaldo dizia repetidas vezes:  "Canalha, bandido e falso... canalha, bandido e falso". 

Nesse momento o deputado o interpelou: "O senhor está falando isso para mim porque eu sou do PT? Porque eu votei no Lula?". Osvaldo, porém, como se estivesse num modo automático respondeu esbravejando: "porque você é canalha, bandido e falso".  Tudo isso ocorria no pátio da igreja, diante dos olhos dos fiéis. 

O deputado, disse, que então chamou Osvaldo para o pátio no exterior do templo religioso, para que ele pudesse explicar a motivação da sua ira. "Então vamos", respondeu Osvaldo. Eles foram para a calçada em frente a igreja e no local, assim que chegaram, Osvaldo golpeou Kemp com um soco na altura do ombro e fez uma ameaça: "Eu vou te bater". Vendo que a situação havia evoluído para agressões físicas, outros fiéis seguraram Osvaldo e o levaram novamente para dentro da igreja.  

O ataque teria sido motivado em razão de Kemp ser uma das principais lideranças que defendem o nome do presidente eleito, Lula (PT). Osvaldo se auto intitula "cristão, patriota e bolsonarista".

O MS Notícias teve acesso a uma foto (na capa) em que Osvaldo aparece ao lado de uma imagem religiosa. Após o episódio, Osvaldo excluiu suas fotos das redes sociais. 

A reportagem não conseguiu contato com a defesa de Osvaldo. O espaço fica aberto para futuros posicionamentos. 

O QUE DIZ KEMP?

Em nota nesta segunda, o deputado disse que Osvaldo “visivelmente transtornado". "Me xingou de canalha, bandido e falso e me defendi. Perguntei o porquê e foi quando ele me deu um soco no ombro e foi retirado e levado pelas pessoas para dentro da igreja”, relatou o deputado que nesta manhã (28), está reunido com a bancada do partido para discutir medidas de segurança e jurídicas diante desses fatos que têm acontecido em todo o País.

O deputado é ex-seminarista, estudou teologia e é um católico muito participativo na igreja.

Ele é graduado em Filosofia e Psicologia, tem mestrado em Educação e foi reeleito para seu quinto mandato na Assembleia Legislativa. Durante todos seus anos como político ele sempre defendeu as pautas da religião e falou da importância da fé.

Kemp recebeu centenas de mensagens de pessoas prestando solidariedade a ele, em razão do episódio. Nesta manhã o deputado agradeceu os seus seguidores: "Gostaria de agradecer as mensagens de solidariedade e carinho que estou recebendo em face das agressões que recebi neste último domingo, dia 27, ao sair da igreja da Paróquia Nossa Senhora da Abadia. Na verdade, considero que estamos vivendo o terceiro turno das eleições provocado por aqueles que estão inconformados com o resultado das urnas e não sabem conviver no regime democrático. Não podemos aceitar qualquer forma de violência que nos é dirigida, ainda mais quando a motivação é em razão das nossas convicções e posicionamento político, já que vivemos numa democracia. Basta de discursos e práticas motivadas pelo ódio. A Justiça é o remédio", escreveu em seu Facebook.  

A BANCADA REGIONAL DO PT

A bancada regional do Partido dos Trabalhadores emitiu uma nota de repúdio à agressão e também prestou solidariedades a Kemp: "2. Reafirmamos nosso repúdio não apenas à atitude do agressor, como também a todas as formas de intolerância, radicalismo e violência que têm sido registradas em virtude de posições políticas divergentes", diz um trecho da nota assinada por Vander Loubet (Deputado Federal), Amarildo Cruz (Deputado Estadual), Zeca do PT (Ex-governador e deputado estadual eleito) e Ayrton de Araújo (Vereador de Campo Grande).

"Exigimos, na condição de parlamentares e dirigentes políticos, a devida apuração da agressão e punição do agressor por parte das autoridades competentes, de maneira a deixar claro para a sociedade que esse tipo de comportamento criminoso não cabe no Estado Democrático de Direito", completou o documento que conta com a assinatura de Luiza Ribeiro (Suplente de vereador de Campo Grande), Gleice Jane Barbosa (Suplente de Deputado Estadual) e Tiago Botelho (Ex-candidato a senador).