26 de julho de 2024
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NO MATO GROSSO

Empresário bolsonarista é preso pela PF

Convocou atiradores para ato golpista

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Morador de Juruena com atuação também em Sinop, no chamado "Nortão" do Mato Grosso, Milton Baldin, que foi preso na noite desta 3ª.feira (6.dez.22) após incitar atiradores com "armas legais", os chamados CACs, a impedirem a posse de Lula (PT) é mais um dos extremistas apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) que largou os negócios e a família para se abrigar em um acampamento em frente ao quartel para pedir golpe aos militares.

Baldin foi preso pela Polícia Federal às 20h de ontem, ao se afastar do grupo que acampa em frente ao Quartel-General do Exército em Brasília, mesmo local onde discursou incitando os golpistas armados. 

A prisão foi determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), relator de investigações sobre a organização e o financiamento de manifestações antidemocráticas.

O empresário foi levado pelos policiais para prestar depoimento na Superintendência da PF em Brasília.

Apoiadores de Bolsonaro cobram as Forças Armadas para que promovam um golpe que impeça a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Bolsonaro teve uma inédita derrota para um presidente que disputava a reeleição no país. O ato em frente ao QG em Brasília é um desses pelo país.

"Gostaria de pedir ao agronegócio, a todos empresários, que deem férias aos caminhoneiros e mandem os caminhoneiros vir para Brasília, que nós estamos precisamos de peso e de força aqui", disse ele, em vídeo divulgado nas redes sociais no último dia 26 de novembro.

"São só 15 dias, não vai fazer diferença. E também queria pedir aos CACs (colecionadores, atiradores desportivos e caçadores), que têm armas legais, hoje nós somos, inclusive eu, 900 mil atiradores, venham aqui mostrar presença", completou o radical.  

Usando um microfone e falando para um grupo de manifestantes de cima de um palco improvisado próximo ao quartel, ele questionou o que ocorreria no próximo dia 19 — data limite para a diplomação de Lula, após a vitória na disputa presidencial.

"Se nós perdermos essa batalha, o que vocês acham que vai acontecer dia 19? Vão entregar as armas. E aí o que vão falar? 'Perdeu, mané.' E como nós vamos defender a nossa propriedade e a nossa família?", continuou o golpista.  

O acampamento nas imediações do QG do Exército foi montado após a derrota de Bolsonaro no segundo turno das eleições. As primeiras manifestações ocorreram em rodovias federais. Foram registradas centenas de bloqueios e interdições nas cinco regiões do país.

Por ordem de Moraes, que cogitou mandar prender o diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal, Silvinei Vasques, pela inação do departamento nas primeiras 24 horas de protestos, os agentes rodoviários atuaram para liberar as estradas.

As proximidades de unidades das Forças Armadas, principalmente do Exército, passaram, então, a ser os principais pontos de concentração de bolsonaristas inconformados com o resultado das urnas.

A indignação diante da derrota –não aceita, pois a crença geral é que houve fraude– intensificou o agrupamento dos bolsonaristas mais radicais em torno de teorias conspiratórias, que não ficaram restritas a fóruns fechados, como antigamente, mas expostas em grupos abertos de Telegram, nas redes sociais, em lives com milhares de visualizações e nas ruas.

A REALIDADE PARALELA DE GRUPOS ANTIDEMOCRÁTICOS

  • A ideia difundida é que o artigo 142 da Constituição Federal serviria para apoiar uma intervenção federal, solicitada por Bolsonaro para acalmar os ânimos da população. Para juristas, esse artigo serve justamente para impedir um golpe
  • Protestos teriam que durar no mínimo 72 horas para que as Forças Armadas atuassem
  • Bolsonaro estaria impedido de falar publicamente que apoia intervenção, portanto emitiria códigos, como o brasão do Exército em uma live e um erro proposital de português que gerou um SOS
  • É preciso inundar as redes oficiais das Forças Armadas com pedidos de ajuda, assim elas estão aptas a agir
  • A mídia internacional estaria ciente da fraude eleitoral no Brasil
  • A eleição teria sido fraudada, seja por problema nas urnas ou pelo suposto conluio político das autoridades e do PT
  • Alexandre de Moraes teria sido preso três dias depois do segundo turno
  • Relatório sobre fraude atribuído às Forças Armadas durante a semana passou a ser ligado a uma consultoria de direita argentina

REAÇÃO DOS GOLPISTAS 

Um dos líderes do movimento na capital federal, o extremista blogueiro que se autointitula jornalista, Oswaldo Eustáquio, divulgou vídeo logo após a prisão, que foi tratada primeiramente como sequestro pelos radicais por ter sido cumprida de forma planejada, sem causar alarde, quando Baldin estava nos fundos do acampamento.

O empresário, que foi levado para a Superintendência da PF em Brasília, é sócio da Glm Baldin Terraplanagens LTDA, empresa com capital social de R$ 300 mil aberta em 18 de outubro na cidade de Juruena.

Ele tem como sócios Luciano Marcos Baldin e Genesio Francisco Baldin, que têm outros dois empreendimentos na cidade: uma casa de serviços agrícolas e um depósito de areia.

Milton, no entanto, se afastou dos negócios desde a derrota de Bolsonaro para Lula no segundo turno das eleições, em 30 de outubro, e desde o começo de novembro se juntou ao grupo de radicais que acampa em frente ao QG do Exército na capital federal pedindo golpe militar.

No discurso em que incitou atiradores, Baldin também convocou ruralistas do Nortão do Mato Grosso, região que foi colonizada na política de expansão agrícola sobre a floresta amazônica durante a Ditadura Militar, a liberarem funcionários e a frota de caminhões para impedir a posse de Lula.

"Gostaria de pedir ao agronegócio, a todos empresários, que deem férias aos caminhoneiros e mandem os caminhoneiros vir para Brasília, que nós estamos precisamos de peso e de força aqui", disse ele, em vídeo divulgado nas redes sociais no último dia 26 de novembro.