25 de abril de 2024
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Fica ou não fica: recado genérico no PSDB põe Rose Modesto em alerta

Se arriscar voo-solo fora do partido, deputada pode parar na mesma vala em que caiu Miglioli

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O prejuízo político que o ex-secretário estadual de Infraestrutura e ex-candidato ao Senado Marcelo Miglioli sofreu ao perder sua primeira disputa eleitoral e deixar o PSDB ronda também o futuro da deputada federal Rose Modesto. Em 2018, Miglioli não gostou de ter perdido a eleição para o Senado. Ficou em quarto lugar e logo que terminou a campanha fez as malas, deixou o Estado e sair do PSDB, minimizando o empenho pessoal do governador Reinaldo Azambuja para apoiar sua candidatura.

No caso da deputada, a situação é semelhante, embora com resultados diferentes. Se Miglioli fracassou em sua primeira corrida eleitoral, Rose vem acumulando seguidos triunfos nas urnas. Foi vereadora reeleita, vice-governadora e agora deputada federal, eleita com a maior votação da história. As semelhanças entre essas duas trajetórias têm um ponto de partida comum: o envolvimento direto e absoluto de Azambuja.

Além do comprometimento pessoal e praticamente ilimitado, Azambuja franqueou a Rose toda estrutura necessária de suporte institucional e político para capacitar seu projeto eleitoral. Além da influência inerente ao posto de vice-governadora, ela também recebeu uma secretaria (de Direitos Humanos, Assistência Social e Trabalho, a Sedhast) e centenas de espaços no corpo funcional da máquina.

Por orientação expressa de Reinaldo Azambuja, Rose Modesto teve à sua disposição os combustíveis políticos e eleitorais do envolvimento partidário e do grande processo de mobilização para agregar prefeitos, vice-prefeitos, vereadores, dirigentes sociais e as demais lideranças a serviço de sua candidatura, inicialmente a prefeita e depois para deputada federal, quando saiu das urnas como a campeã de votos.

 Agora, diante da ciranda de filiações que começam a pipocar pelo estado por causa da proximidade das eleições municipais, especula-se que a semente da chapa própria à prefeitura de Campo Grande, plantada por Rose em 2016, virou arbusto e está sendo regada para crescer e tornar-se árvore. O problema é encontrar dentro do ninho dos tucanos um número minimamente expressivo de filiados que queira esparramar-se em sua sombra.

INCÔMODO - O PSDB, que cultiva a ambição de fortalecimento e acaba de conquistar importantes adesões – como a do prefeito de Anaurilândia, o ex-emedebista Edinho Takazono -, não quer novo e igual incômodo ao que acaba de experimentar por meio da manifestação desdenhosa de Marcelo Miglioli. Após virar as costas à legenda, ao governador e ao governo que o promoveu, o ex-secretário de Infraestrutura ressurgiu em cena dizendo que na sucessão campo-grandense de 2020 pode montar o cavalo se passar arriado no páreo principal. Em miúdos: topa ser candidato a prefeito ou a vice, mas não a vereador. Falta, entretanto, abrigar-se numa sigla partidária, já que no PSDB seu crédito acabou.

Rose sempre jogou aberto quanto a isso. Foi candidata a prefeita, levando a disputa para o segundo turno e seu expressivo desempenho nas urnas garantiu a capilaridade para ser a mais votada na corrida à Câmara Federal. Com a vitória, avaliou que a experiência na disputa sucessória dava-lhe condições para repetir o desafio em 2020. E não recuou nem mesmo diante de sucessivas declarações do governador dando conta da intenção – não um compromisso prévio – de apoiar o prefeito Marquinhos Trad (PSD) na campanha pela reeleição.

Ora, mesmo em estágio de intenção, o gesto de Reinaldo Azambuja serve de aceno de retribuição ao apoio que recebeu quando tentava se reeleger em 2018 e teve do prefeito campo-grandense um apoio de efeito decisivo nas urnas. O PSDB, em geral, e salvas as honrosas exceções, é formado por uma militância fiel ao seu líder maior, o governador. E mesmo sem renunciar ao direito legítimo e à vontade de ter sua própria opção para a Prefeitura, seguramente não vai bater chapa com Reinaldo Azambuja se for mesmo de sua vontade e decisão coligar-se com o PSD.

Por essas e outras o presidente do Diretório Regional, Sérgio de Paula, faz o trabalho do varejo para alimentar e dar garantir a consistência partidária, incentivando a militância a fixar firmemente suas raízes no partido e não perder a perspectiva da unidade em torno do programa, dos estatutos e da interatividade com os dirigentes e lideranças. Este é o território que o PSDB quer manter ativo e disponível a todos os filiados, sem distinção alguma, conforme frisou Sérgio de Paula. Para ele, a união do partido é sua mais forte credencial para entrar nas disputas com chances reais e diferenciadas de vitória.