26 de julho de 2024
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"ERA ZOEIRA" | GOIÁS

Médico que filmou caseiro acorrentado é multado em R$ 300 mil por racismo

Doutor Marcim publicou o vídeo nas redes sociais e após o processo disse que era 'zoeira'

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O médico Márcio Antônio Souza Junior, de 38 anos, foi condenado, neste final de novembro de 2023, a pagar uma multa de R$ 300 mil, em razão de ter acorrentado e filmado um de seus funcionários, emulando que o homem tivesse em situação escravagista numa senzala.  

"Aí, ó, falei para ele estudar, mas ele não quer. Então, vai ficar na minha senzala", disse Márcio enquanto filmava. Ele fez a gravação e a publicação em 15 de fevereiro de 2022, na sua propriedade chamada Fazenda Jatobá, em Goiás. 

Conforme investigação, Márcio encontrou os itens na igrejinha da fazenda, colocou no homem, gravou o vídeo pelo celular e publicou nas redes sociais. 

Após a repercussão negativa do vídeo e processo, o médico passou a argumentar que era uma ‘zoeira’.  

A defesa do médico afirma que ele é inocente e que recorrerá da condenação: "Reitera ser inocente e que nao teve qualquer intenção de ofender, menosprezar, discriminar qualquer pessoa ou promover esse tipo de atitude, inaceitável em nossa sociedade. Recorrerá contra essa injusta condenação ao Tribunal de Justiça", alegaram em nota.

Na tentativa de demonstrar arrependimento pelo crime, o médico fez um vídeo em que dizia o seguinte: "A gente fez um roteiro a quatro mãos, foi como se fosse um filme, uma zoeira. Não teve a intenção nenhuma de magoar, irritar ou apologia a nada. Gostaria de pedir desculpas se alguém se sentiu ofendido, foi uma encenação teatral", disse.

Apesar disso, o caso foi investigado pela Polícia Civil (PC), que indiciou o médico por racismo em março de 2022.

Na 2ª feira (26.nov.23), a juíza Erika Barbosa Gomes Cavalcante, da Vara Criminal da comarca de Goiás, condenou o médico a pagar a indenização R$ 300 mil, que será dividido entre a Associação Quilombo Alto Santana e a Associação Mulheres Coralinas.

Na decisão, Cavalcante destacou racismo é crime e não uma brincadeira. "Trata-se de um vídeo absolutamente criminoso, evidenciando o crime de racismo contra uma pessoa negra, com apetrechos utilizados na época da escravidão, motivo porque não há que se falar que foi uma brincadeira, em razão de ser crime o racismo recreativo".