26 de julho de 2024
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ELEIÇÕES 2022

Migração de votos tem peso decisivo e Riedel festeja apoios inesperados

Apoio da prefeita Adriane Lopes reforça avanço do tucano, enquanto adesão de Rose e André anima Contar

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A 5 dias da decisão final sobre quem será o próximo governador de Mato Grosso do Sul, o deputado estadual Capitão Contar (PRTB) e o ex-secretário Eduardo Riedel (PSDB) travam uma encarniçada disputa no 2º turno da sucessão estadual. Os dois procuram demonstrar confiança e comemoram os apoios recebidos. No caso do tucano, a comemoração é mais efusiva porque teve o tempero especial de uma adesão inesperada.

No 1º turno, Contar alcançou 384.275 votos (26,71% do total dos válidos) e Riedel 361.981 mil (25,16%). Rigorosamente empatados dentro da margem de erro de todas as pesquisas, ambos estão cortejando os eleitores que não sufragaram os seus nomes nas urnas no dia 02 deste mês. Nesse bloco se encontram os eleitorados de André Puccinelli (MDB), Rose Modesto (União Brasil), Giselle Marques (PT) e Marquinhos Trad (PSD).

ANIMAÇÃO

Contar se aproxima do "Dia D" animado pelos apoios de Puccinelli, Rose e Marquinhos, que ficaram na terceira, quarta e sexta colocações. No caso dos emedebistas, apesar da forte liderança do ex-governador e seu principal líder local, o engajamento da militância a favor do candidato do PRTB não é tão maciço quanto no partido da deputada federal e ex-vice-governadora. Rose não digeriu até hoje o fato de perder para Riedel a indicação da candidatura pelo PSDB.

De igual forma, o ex-prefeito Marquinhos resolveu subir no ônibus de Contar por acreditar que foi a Governadoria a responsável pelo furacão das denúncias que desabaram sobre sua campanha e o tiraram do topo do embate. Assim, esse trio tem ressentidas motivações de ordem pessoal e interesse político para bater de frente com o escolhido do governador Reinaldo Azambuja. Por isso, optaram por engrossar o caldo do capitão, mesmo cientes que não conseguiriam arrastar consigo todo o partido ou sua militância. No caso de Marquinhos, para ilustrar, sua ex-vice-prefeita e agora na titularidade do cargo caminha na direção oposta.

FATORES DIFERENCIADOS

Riedel e sua esposa celebram apoio do casal Lopes. Foto: Reprodução Riedel e sua esposa celebram apoio do casal Lopes. Foto: Reprodução 

A migração de votos que acende a campanha de Riedel tem fontes diversas. Além do segmento do chamado MDB histórico, que ideologicamente não se afina com o radicalismo bolsonarista de Contar e por isso não sege Puccinelli, outros dois fatores vieram embalar a arrancada tucana para o embate decisivo: a adesão do PT e a presença decidida da prefeita Adriane Lopes (Patriotas) no seu palanque.

Uma das mais promissoras e atuantes lideranças políticas da renovadora geração, Adriane e seu marido, o deputado estadual reeleito Lídio Lopes (Patriotas), acrescentaram à candidatura de Riedel um fator diferenciado de dinamismo e de inserção popular, sobretudo em Campo Grande, o maior colégio eleitoral dos 79 municípios sul-mato-grossenses. Não por acaso o candidato viu pesquisas atestando seu crescimento.

O apoio dos petistas é que surpreendeu Eduardo Riedel. O partido fez três deputados estaduais (o ex-governador Zeca do PT, Pedro Kemp e Amarildo Cruz) e dois deputados federais (Vander Loubet e Camila Jara). E vibrou com o desempenho eleitoral convincente de seus candidatos ao governo, a advogada Giselle Marques, e ao Senado, o professor Thiago Botelho.  

Inicialmente, a ideia que germinou no PT logo após o 1º turno era adotar a prática do voto nulo, já que Riedel e Contar são apoiadores de Jair Bolsonaro. Contudo, lideranças e a militância petistas repensaram e fizeram a comparação, entendendo que um dos dois finalistas, Capitão Contar, é a expressão viva e radical das pautas bolsonaristas mais esdrúxulas, e Riedel, mesmo fiel ao presidente, não empunha tais bandeiras e se apresenta como firme defensor da democracia.

Com isso, petistas sul-mato-grossenses estão motivando outras forças de esquerda a fazer o chamado "voto crítico", na mesma linha dos gaúchos. No Rio Grande do Sul, o PT trocou a pregação do voto nulo pelo voto crítico. O objetivo é impedir a ascensão de um bolsonarista de carteirinha, o ex-ministro Onix Lorenzoni (PP), votando pela reeleição do governador Eduardo Leite (PSDB). Esta decisão já vem dando seus frutos e a disputa, que parecia decidida a favor de Lorenzoni, agora ganhou outro contorno.