05 de dezembro de 2025
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NÚCLEO CRUCIAL

"Minuta do golpe já circulava na internet", alega advogado de Anderson Torres

"Todo mundo tinha uma minuta dessa em casa", acrescentou o defensor.

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Durante sustentação oral no julgamento desta 3ª feira (2.set.25), o advogado de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça no governo Jair Bolsonaro, argumentou que a chamada “minuta do golpe” — encontrada pela Polícia Federal na casa de Torres — não teria sido apoiada por ele, tampouco seria inédita. Segundo a defesa, o documento já circulava na internet antes de ser apreendido pelas autoridades.

A afirmação faz parte da estratégia do advogado para tentar afastar de Torres a responsabilidade pela elaboração do texto, que previa medidas inconstitucionais, como a decretação de estado de defesa no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), visando reverter o resultado das eleições presidenciais de 2022.

“Essa minuta já circulava na internet, era de conhecimento público”, afirmou Eumar Roberto Novacki aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). "Todo mundo tinha uma minuta dessa em casa", acrescentou o defensor. 

PALAVRÃO CITADO NO STF

Anteriormente mostramos que a defesa citou uma frase atribuída a Anderson Torres em um áudio interceptado: “Depois que der merda, não muda nada, não”. O advogado alegou que a fala teria sido mal interpretada e que, na verdade, o ex-ministro fazia referência à ideia de que, após a proclamação oficial das eleições, qualquer tentativa de reversão seria inviável.

Contudo, os autos do processo indicam que a declaração foi feita em um contexto onde se discutia a necessidade de agir antes da posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, o que, para os investigadores, reforça a tese de articulação golpista.

RÉU POR GOLPISMO

Anderson Torres é um dos réus no inquérito que apura a tentativa de golpe de Estado e os atos antidemocráticos que culminaram na invasão das sedes dos Três Poderes, em Brasília, no dia 8 de janeiro de 2023. À época, Torres era secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, cargo do qual foi exonerado após os ataques.

A "minuta do golpe", encontrada em sua residência durante cumprimento de mandado de busca e apreensão, é uma das principais peças usadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) para embasar a acusação.