24 de abril de 2024
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'MAIS UM INVESTIGADO'

PF abre inquérito para investigar negócios de Jair Renan Bolsonaro

Teria recebido carro de R$ 90 mil para fazer reuniões com o governo

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A Polícia Federal abriu, nessa 2ª-feira (15.mar.2021), um inquérito para investigar negócios envolvendo Jair Renan, filho do presidente Jair Bolsonaro. A suspeita é que Renan praticou tráfico de influência e lavagem de dinheiro ao ganhar um carro para intermediar uma reunião de empresários com o governo federal. As informações são do jornal O Globo.

O encontro teria sido organizado pelo filho do presidente em outubro do ano passado. Representantes da Gramazini Granitos e Mármores Thomazini, empresa que atua nos setores de mineração e construção, encontraram-se com Rogério Marinho, ministro do Desenvolvimento Regional.

Renan participou do encontro. A reunião aconteceu 1 mês após ele ter ganhado da empresa de um dos sócios, a Neon E. Motors, um carro elétrico avaliado em R$ 90.000.

O filho do presidente tem uma empresa de eventos, a Bolsonaro Jr Eventos e Mídia, desde novembro de 2020. Antes de inaugurar seu escritório, em setembro, Renan foi à Barra de São Francisco, no Espírito Santo, em busca de patrocinadores. É nessa cidade que fica a sede da Gramazini.

Desde então, a empresa tem confiado na influência de Renan para expandir seus negócios para todo o Brasil e para os Estados Unidos e Israel. A revista Veja noticiou outra reunião entre o grupo e o Ministério de Desenvolvimento Regional, em novembro. Na época, um dos sócios da empresa confirmou que Renan tinha articulado o encontro.

Segundo O Globo, o grupo do qual a Gramazini faz parte, composto por 17 mineradoras, já recebeu pelo menos 15 autorizações da ANM (Agência Nacional de Mineração) em 2021 para expandir seus negócios.

Além disso, desde setembro de 2019, a empresa conta com um benefício fiscal de 75% no pagamento do IRPJ (Imposto de Renda de Pessoa Jurídica). Ou seja, a Gramazini paga apenas 25% dos impostos que a empresa deve ao governo. O benefício é válido até 2028.

Com a redução de impostos, autorizações da ANM e encontros com o governo federal, o MPF iniciou uma investigação preliminar sobre o caso, a pedido do Psol. Agora a PF abriu inquérito para investigar os supostos crimes de tráfico de influência e lavagem de dinheiro.

OUTRO LADO

Em nota à reportagem do Globo, a Neon E. Motors, afirmou que o carro foi um presente enviado a Brasília. Não houve mudança de titularidade, mas existiam vídeos nas redes sociais que mostram a doação do veículo para Renan e Allan Lucena, subsecretário de Programas e Incentivos Econômicos do Distrito Federal e sócio da empresa de eventos. Não há mais nenhum vídeo com o carro nas redes de Renan. Lucena tem seu perfil privado no Instagram.

Frederick Wassef, advogado do filho do presidente, negou que Renan tenha recebido o carro elétrico. Também negou que seu cliente tenha praticado qualquer irregularidade ou articulado para que empresas tivessem acesso ao governo federal. “Trata-se de ilação irresponsável para uma vez mais tentarem atacar o presidente da República com coisas que não existem“, disse, em nota.

Já o Ministério de Desenvolvimento Regional afirmou que a reunião foi marcada a pedido do assessor especial da Presidência, Joel Fonseca. O órgão disse que a reunião foi para a apresentação de um projeto de construção de casas populares de pedra e que o atendimento para esse tipo de apresentação “é comum e corriqueiro“.

Procurados, Jair Renan e o Palácio do Planalto, não se manifestaram.

FONTE: PODER 360.