25 de abril de 2024
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APOIOU INVASÃO DO CAPITÓLIO

Presidente do Brasil incita desordem e ameaça "vamos ter problema pior que nos Estados Unidos"

Bolsonaro insiste que a urna eletrônica não é segura, novamente sem apresentar nenhuma prova que dê base ao que ele diz; 'mera opinião'

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Após a invasão do Congresso americano, o presidente Jair Bolsonaro disse nesta 5ª-feira (7.jan.21) que a falta de confiança nas eleições levou "a este problema que está acontecendo lá" e que, no Brasil, "se tivermos voto eletrônico" em 2022, "vai ser a mesma coisa" ou "vamos ter problema pior que nos Estados Unidos". A tentativa de Bolsonaro é forçar que o voto seja impresso na próxima eleição, no entanto, nos Estados Unidos o voto é impresso. O que na verdade gerou a ação da Cúpula do Capitólio americano foi insistente incitação de Donald Trump (Republicanos) dizendo que eleições foram fraudadas, assim como Bolsonaro, Trump não apresentou nenhuma prova de suas opiniões sobre o processo eleitoral. 

Na quarta-feira (6), a sessão de certificação do resultado da eleição de novembro foi interrompida quando uma turba inflamada pelo presidente Donald Trump invadiu o Capitólio.

Ao contrário de outros governos, que condenaram o episódio, a administração brasileira não se manifestou. Nesta quinta, Bolsonaro comentou a situação dos EUA com apoiadores no jardim do Palácio da Alvorada. "Se nós não tivermos o voto impresso em 22, uma maneira de auditar o voto, nós vamos ter problema pior que os Estados Unidos", ameaçou Bolsonaro a apoiadores, que ficam em um cercado. 

Pesquisa Datafolha realizada de 8 a 10 de dezembro mostrou que 73% dos brasileiros defendem que o sistema de voto em urna eletrônica seja mantido. Já o voto em papel, abandonado nos anos 1990, tem sua volta pleiteada por 23% da população.

Do total de entrevistados, 69% disseram que confiam muito ou um pouco no sistema de urnas informatizadas, que passou a ser adotado gradualmente em 1996. Outros 29% responderam que não confiam.

Apesar de autoridades americanas negarem evidências de fraudes, ele insistiu nesta tese.

"O pessoal tem que analisar o que aconteceu nas eleições americanas agora. Basicamente, qual foi o problema, a causa dessa crise toda. Falta de confiança no voto. Então, lá, o pessoal votou e potencializaram o voto pelos correios por causa da tal da pandemia e houve gente lá que votou três, quatro vezes, mortos que votaram. Foi uma festa lá. Ninguém pode negar isso daí", disse Bolsonaro, em apresentar nenhuma prova disso.

"Então, a falta desta confiança levou a este problema que está acontecendo lá. E aqui no Brasil, se tivermos o voto eletrônico em 22, vai ser a mesma coisa", afirmou o presidente.

Nos 17 minutos de vídeo divulgados por um canal bolsonarista, o presidente da República fez diversos ataques à imprensa.

"A fraude existe. Daí a imprensa vai falar 'sem prova, ele diz que a fraude existe'. Eu não vou responder esses canalhas da imprensa mais. Eu só fui eleito porque tive muito voto em 18. Não estou falando que vou ser candidato ou que vou disputar as eleições", disse Bolsonaro.

Esta não é a primeira vez que, sem comprovação, o presidente brasileiro põe um pleito sob suspeita. Em março de 2019, ele disse que houve fraude na eleição em que ele mesmo foi eleito, em 2018.

À época, o presidente brasileiro disse ter provas em mãos de que teria sido eleito em primeiro turno e que iria apresentá-las "brevemente", o que não aconteceu até hoje.

Nesta quinta, o presidente brasileiro também criticou o fato de Trump ter tido suas redes sociais bloqueadas após publicações favoráveis aos invasores.

"Pode ver: ontem, nos Estados Unidos, bloquearam o Trump nas mídias sociais. Um presidente eleito, ainda presidente, tem suas mídias bloqueadas", declarou Bolsonaro.

FONTE: (Folha de S. Paulo).