26 de julho de 2024
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ELEIÇÕES 2022

Principais perguntas e respostas de Lula no JN; reveja (vídeos)

"Vou voltar para fazer mais e melhor"; confira os principais pontos da sabatina

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Lula (PT), foi sabatinado e William Bonner e Renata Vasconcellos na noite de quinta-feira (25.ago.22), e deu respostas importantes ao eleitor brasileiro. O petista lidera a corrida eleitoral no Brasil.  

Encurralado pelos âncoras com perguntas que em grande parte tentavam ligar o candidato a corrupção, em razão de descobertas de casos na Petrobras quando Lula esteve presidente, o petista foi enfático em afirmar: “A corrupção, ela só aparece quando você permite que ela seja investigada”, em tom de crítica a adversários políticos como Jair Bolsonaro (PL), que muda chefias na Polícia Federal e decreta sigilos de 100 anos para não ser investigado. 

Lula disse que não deseja nomear, se eleito, um Procurador Geral da República (PGR) engavetador, como faz Augusto Aras em favor de Bolsonaro, para livrar o chefe de ser investigado.

Indagado sobre a política econômica do governo Dilma Rousseff,  Lula afirmou que governará à sua maneira e disse que a própria Dilma o orientou a não falar do governo da colega.

Lula chamou Bolsonaro de “bobo da corte”, afirmando que este não tem controle sobre o Orçamento, dizendo que o Orçamento está nas mãos de Arthur Lira. Disse que, se eleito, irá dialogar com o Congresso para eliminar o “Orçamento secreto” criado pela gestão bolsonarista.

O ex-presidente ainda citou que parte dos produtores do agronegócio que são contra ele e a favor de Bolsonaro, são os produtores que se interessam pel flexibilização de políticas de preservação da Amazônia e do Cerrado. Fechando a entrevista, Lula mencionou o “novo MST”, um dos maiores produtores de arroz orgânico do país. Hoje o JN encerrará o ciclo de entrevistas com Simone Tebet (MDB). 

PONTOS CHAVES DAS FALAS DE LULA

 “Vou voltar para fazer mais e melhor“. 

 

“Quero voltar a governar esse país porque eu acho que é preciso recuperar a economia, fazer o país voltar a crescer.”

Lula no Jornal Nacional

CORRUPÇÃO 

Assim que iniciou a sabatina, a primeira pergunta feita ao ex-presidente foi sobre corrupção. Lula frisou que durante cinco anos foi massacrado e teve, ontem, a primeira oportunidade de falar sobre o tema ao povo brasileiro. Ele lembrou que, no seu governo, foram criados mecanismos importantes de investigação e, se eleito, vai continuar criando mecanismos para investigar qualquer delito na máquina pública. “A corrupção só aparece quando você governa de forma republicana e permite que as pessoas sejam investigadas”, disse.

“Vamos continuar criando mecanismos para investigar qualquer delito na máquina pública”, afirmou. “A corrupção só aparece quando se governa de forma republicana.”

Lula no Jornal Nacional

Hoje, Lula acumula 26 vitórias judiciais, em absolutamente todos os processos que eram movidos contra ele. Partindo da legalidade, Lula não tem pedências judiciais como afirma seus adversários, pois no Brasil a pessoa é inocente até que se prove ao contrário. Lula tem afirmado que foi vítima de lawfare (uso do sistema como arma política e jurídica) praticado pela Lava Jato, entretanto, o petista considera que a  Justiça prevaleceu.

ORÇAMENTO SECRETO 

Lula destacou que no Bolsonaro a corrupção foi institucionalidzada, citando mecanismos criados pelo atual presidente como "Orçamento Secreto". Quando contextualizava o assunto, Lula disse que Jair Bolsonaro parece um “bobo da corte” refém do Congresso. O candidato disse que uma de missões em caso de vitória será acabar com esse mecanismo instrumentalizado pelo atual governo.

“Orçamento Secreto não é moeda de troca, isso e usurpação do poder. Acabou presidencialismo, Bolsonaro não manda nada, o Bolsonaro é refém do Congresso Nacional. O Bolsonaro sequer cuida do orçamento, o orçamento quem cuida é o Arthur Lira [Presidente da Câmara]. É ele quem libera as verbas, o ministro liga para ele, não liga para o Presidente.”

Lula no Jornal Nacional

 

@lulaoficial O Presidente que mais fez universidades na história do Brasil vai voltar #brasildaesperança #jornalnacional #Lula #educaçao #economia #brasil Gotta Get Some Food Funk - FrequentlyAskedMusic

PREJUÍZO NA PETROBRAS 

O candidato lembrou que a Lava Jato deixou de herança aos brasileiros 4,4 milhões de desempregados e um prejuízo de 270 bilhões. “Pode fazer investigação com a maior seriedade, mas permitir que a empresa continue funcionando”", opinou o petista. 

“Se alguém comete um erro, um delito, investiga-se, apura, julga, condenou ou absolve, está resolvido o problema. O que foi o equívoco da Lava Jato? É que a Lava Jato enveredou por um caminho político delicado. A Lava Jato ultrapassou o limite da investigação e entrou no limite da política. O objetivo era o Lula. O objetivo era tentar condenar o Lula.”

Lula no Jornal Nacional

LISTA TRÍPLICE

 

Ao ser questionado por Renata Wasconcelos se respeitará a sugestão da lista tríplice do Ministério Público, Lula disse que, primeiro, é preciso ganhar as eleições. Assumiu o compromisso de conversar com o órgão para discutir os critérios que eles acham importantes para a escolha. Lula afirmou que sempre respeitou a instituição e que a Lava Jato é que jogou o nome do MP na lama.

“Não quero procurador leal a mim. o procurador tem que ser leal ao povo brasileiro”, afirmou Lula no Jornal Nacional.

“A seriedade das instituições é que vai garantir o exercício da democracia nesse país. As coisas vão acontecer da forma mais republicana que possa ser". 

ECONOMIA

O ex-presidente disse que, quando tomou posse, a inflação estava em 10%, a taxa de desemprego em 12% e o Brasil devia R$ 30 bilhões ao FMI. Disse que seu governo reduziu a inflação para a meta e reduziu a dívida pública. “Vivemos a maior política de inclusão que esse país conheceu", lembrou.  

“Em 2003 eu tomei posse com inflação de 10%, desemprego de 12%. O Brasil devia 30 milhões ao FMI. [No final do meu mandato] nós fizemos uma reserva de 370 bilhões e ainda emprestamos 15 ao FMI. Além disso, [no meu governo] o Brasil viveu a maior política de inclusão social do país”, afirmou.

“Eu digo sempre, existem três palavras mágicas para governar esse país: credibilidade, previsibilidade e estabilidade. Você tem que garantir, quando falar, que eles acreditem. Ninguém pode ser pego de surpresa [na economia]. E nunca antes na história esse país teve uma chapa como Lula e Alckmin para ganhar credibilidade externa e interna, para fazer as coisas acontecerem nesse país.”

Lula no Jornal Nacional

POLÍTICAS E ALIANÇAS

“Quem ganhar a eleição vai ter que conversar com o Congresso Nacional, não conversar com o Centrão, porque o Centrão não é um partido”, disse o ex-presidente sobre as alianças com o Legislativo.

ALCKIMIN 

Ao ser questinado se há rusga no partido pela entrada do ex-tucano na legenda, Lula foi enfático: “Alckmin já foi aceito pelo PT de corpo e alma. Vai me ajudar a consertar esse país, que é a única razão que eu quero voltar a ser presidente”. O ex-presidente afirmou que a aliança com Alckmin demonstra para a sociedade brasileira que política não tem nada a ver com ódio.

“Política é extraordinária para a convivência dos contrários.”

Lula no Jornal Nacional

POLARIZAÇÃO

Para Lula a democracia brasileira era mais felizes quando a polarização do país era a disputa democrática de ideias entre o PT e o PSDB. “A gente não se tratava como inimigo, mas como adversário. […] Se tem uma coisa que eu fiz na minha vida foi conversar com os contrários”, disse.

“Quando você tem democracia, mais que um disputando, a polarização é estimulante. Importante é não confundir a polarização com estímulo ao ódio.”

Lula no Jornal Nacional

AGRONEGÓCIO 

Lula disse ser possível a convivência pacífica com o agro. “Empresários sérios não querem desmatar. Querem preservar nossos rios, nossas fauna”. Para ele, é preciso explorar corretamente e cientificamente a biodiversidade da Amazônia e dela retirar produtos para o desenvolvimento do comércio.

O candidato defendeu que a agricultura familiar e o agronegócio podem — e devem — conviver de forma complementar.

“É extremamente importante a convivência pacífica dessa gente. Nós temos que pacificar esse país.”

Lula no Jornal Nacional

POLÍTICA INTERNACIONAL

Em razão do espírito democrata, Lula disse respeitar a autodeterminação dos povos. “Cada país cuida do seu nariz e assim eu quero com o Brasil", respondeu aos âncoras sobre seus posicionamentos externos.  

EDIVIDAMENTO

O candidato também lembrou da importância de se pensar no poder de compra do povo, que no governo Bolsonaro está completamente individado e nem pode usufruir da vida.  

“Nós vamos voltar para poder investir na geração de emprego. Aliás uma coisa importante: nós temos quase que 70% das famílias brasileiras endividadas e a grande maioria delas é mulher, 22% endividadas porque não podem pagar conta de água, a conta de luz, a conta do gás. Nós vamos negociar essa dívida, pode ficar certo que nós vamos negociar com o setor privado e com o sistema financeiro porque nós precisamos fazer com que o povo brasileiro volte a viver com dignidade.”

Lula no Jornal Nacional

EDUCAÇÃO

Em suas considerações finais, Lula fez questão de reforçar a revolução pacífica que fez na educação. Ninguém fez mais pelo Ensino Superior que o PT. Foram 18 novas universidades e 184 novos câmpus que se espalharam pelo interior do país, levando educação para onde ela antes não chegava.

“Eu queria dizer ao povo brasileiro que nós já provamos que é possível cuidar do povo brasileiro. Eu não gosto de utilizar a palavra governar, eu gosto de utilizar a palavra cuidar. Ou seja, tentar colocar o pobre no orçamento do país, tentar fazer com que as pessoas possam chegar na universidade. Você sabe que eu tenho orgulho de ter passado para a história como presidente que mais fez universidade, que mais fez escola técnica. Nós pegamos o Brasil com 3,5 milhões de estudantes universitários, deixamos com 8 milhões. Ou seja, esse país é um país do futuro que nós precisamos construir. Não existe nenhuma experiência de país que ficou rico sem investir na educação.”

Lula no Jornal Nacional

REPERCUSSÃO 

Bela Megale: "Integrantes da campanha de Bolsonaro podem não admitir publicamente, mas lamentaram o desempenho de Lula no Jornal Nacional. A avaliação de três membros da equipe foi de que o petista ‘estava muito bem’ e ‘confortável’. Questionados se avaliam que o desempenho foi melhor que o de Bolsonaro, apenas um deles respondeu com um seco ‘sim’", disse no O Globo.  

Igor Gielow: "O Lula que se postou à frente das câmeras foi capaz de algo até aqui impensável: fez uma crítica às ditaduras da China e de Cuba, ao compará-las de forma negativa a processos democráticos brasileiros. Sobrou até para Dilma Rousseff, o que não deve ter sido difícil para o petista. E ele ainda conseguiu introduzir, ao menos em quatro ocasiões claras, sua novidade na campanha: Geraldo Alckmin", considerou na Folha de São Paulo. 

Lauro Jardim: “A entrevista de Lula impactou 15 milhões de pessoas com postagens nas redes sociais. É um número maior do que os alcançados por Jair Bolsonaro (9 milhões) e Ciro Gomes (2 milhões) somados, de acordo com uma pesquisa inédita da Quaest. Na média, Lula obteve 48% de menções positivas, contra 52% de menções negativas considerando todo o período da entrevista. Bolsonaro alcançou 35% favoráveis e Ciro 54%", explicou no O Globo. 

Meio em vídeo: "Lula ganhou votos em sua entrevista ao Jornal Nacional. Falou com o Centro, elogiou Fernando Henrique, driblou as acusações de corrupção sem nunca negar fatos. O bolsonarismo tomou uma surra no primeiro round de campanha. Confira a análise de Pedro Doria no Ponto de Partida", disse no YouTube.