A Polícia Federal investiga o monitoramento ilegal de jornalistas, políticos e ministros do STF pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o governo de Jair Bolsonaro.
Foram identificados 33 mil acessos de localização telefônica por meio da invasão da rede de telefonia brasileira.
A Polícia Federal realizou mandados de prisão preventiva, afastamento e busca e apreensão em vários estados. Dois servidores foram presos.
Membro do clã Bolsonaro, o agora deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) comandava Abin entre 2019 e 2021, período da espionagem criminosa.
Ramagem não é formalmente investigado pela PF, porém o avançar das investigações fecham o cerco ao aliado do ex-presidente.
ALIADO DO CLÃ
(11/07/2019) - Solenidade de posse de Alexandre Ramagem como Diretor-Geral da ABIN. Foto: Carolina Antunes/PRRamagem entrou para o clã ao coordenar a segurança de Jair Bolsonaro durante as eleições de 2018, época em que fez forte amizade com os filhos de Bolsonaro.
Depois que Bolsonaro foi eleito, Ramagem ganhou o cargo de chefia na Abin, em julho de 2019, tendo o apoio de Carlos Bolsonaro. Na Abin atuou enfaticamente em defesa do clã, inclusive, entregou um relatório para defender o então senador Flávio Bolsonaro em um caso de peculato.
Sua relação de confiança com Bolsonaro levou à sua indicação como diretor-geral da Polícia Federal menos de um ano depois.
Foi a indicação do nome de Ramagem à Diretor-Geral da PF que levou ao racha entre o ex-juiz da Lava Jato, então Ministro da Justiça, Sérgio Moro. Na época, ao pedir exoneração, Moro acusou Bolsonaro de tentar usar a PF como polícia particular. Diante disso, posteriormente, o ministro do STF Alexandre de Moraes bloqueou a nomeação de Ramagem, alegando falta de imparcialidade, moralidade e interesse público.
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Em 2022, Ramagem foi eleito como Deputado do Rio de Janeiro com o apoio de Bolsonaro e é considerado um potencial candidato à prefeitura do Rio de Janeiro. Fiel bolsonarista, como deputado, já produziu um relatório paralelo da CPMI que investiga os acontecimentos de 8 de janeiro, tentando alucinadamente envolver o atual governo na tentativa fracassada de golpe bolsonarista.
O QUE DIZ A ABIN
A Abin afirmou ter concluído um relatório da corregedoria-geral e abriu uma sindicância interna em março de 2023, repassando as informações apuradas para a PF e o Supremo Tribunal Federal.
O ex-presidente Bolsonaro e o STF não se pronunciaram sobre o caso.
A Abin disse, em nota, que concluiu uma investigação de verificação de sistemas de geolocalização adquirido em dezembro de 2018 e, desde então, vem colaborando com autoridades competentes, incluindo a Polícia Federal e o Supremo Tribunal Federal, repassando informações apuradas por uma sindicância interna instaurada em 21 de março de 2023.
"Todos os pedidos da Polícia Federal e do Supremo Tribunal Federal foram atendidos, e os servidores investigados foram afastados cautelarmente. A ferramenta em questão deixou de ser usada em maio de 2021. A Abin reafirma seu compromisso com a legalidade e o Estado Democrático de Direito", disse a Abin.











