29 de abril de 2024
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SEM FIO DA MEADA

Verruck, 'um dos intocáveis', nega candidatura que incendiou prós, contras e "próximos"

Versões sobre filiação ao PSD e simulação de candidatura mexem com nervos no Parque dos Poderes e na Avenida Afonso Pena

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O secretário estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, é o titular deste cargo nas três gestões tucanas em Mato Grosso do Sul. Começou junto com o governador Reinaldo Azambuja (2015-2022) e foi mantido por Eduardo Riedel. De formação técnica e testado em cargos administrativos e gestão, não faz propaganda do interesse em ingressar na política, mas também não o esconde.

Em eleição anterior preparou o terreno para concorrer a uma vaga de deputado federal. No entanto, as circunstâncias fizeram com que adiasse a experiência. Considerado um dos assessores intocáveis destes mais de nove anos de hegemonia do PSB, Verruck firmou e avançou com a Semadesc no organograma da governança, promovendo intervenções da Pasta no leque de avanços da economia estadual e criando territórios favoráveis às ações políticas.

No início da semana, a rotina do jornalismo foi surpreendida com uma notícia no “Correio do Estado”, o mais antigo e mais lido jornal diário impresso em Mato Grosso do Sul. Ela dava conta da filiação de Verruck ao PSD e levantava a hipótese do surgimento de uma nova pré-candidatura na sucessão campo-grandense. A surpresa impactou os diversos ambientes da política local, pois Verruck, um dos intocáveis do governo tucano, estaria desafiando a autoridade e a unidade compacta do PSDB em torno do seu indicado para a disputa, o deputado federal Beto Pereira.

AS LEITURAS

Na corrente das especulações brotaram as mais diversas leituras. Diversas e criativas, como a que lança Verruck num privilegiado e quase solitário plano de interlocução com a prefeita Adriane Lopes (PP), uma das principais adversárias de Beto Pereira. Do ventre da imaginativa avaliação, surgiu ainda a versão segundo a qual Verruck seria um nome a serviço do entendimento entre a senadora Tereza Cistina (PP), “madrinha” da candidatura de Adriane, e os tucanos, no caso de eventual composição aliança em primeiro ou segundo turno e até mesmo para o enfrentamento eventual de outros concorrentes.

A especulação, que não é totalmente despropositada, esbarraria em dois obstáculos. O primeiro, a fidelidade de Verruck ao governo que vem servindo por tantos anos e o compromisso tácito do corpo de assessores de confiança com a pré-candidatura de Beto Pereira. O segundo obstáculo é a linha de vanguarda de interlocução entre o governo (ou o PSDB) e o PP, partido de Tereza Cristina, Adriane Lopes e do deputado estadual Gerson Claro, presidente da Assembleia Legislativa.

Gerson Claro tem demonstrado – tanto a Riedel, como a Azambuja - inteiras disposição e disciplina para fortalecer a base aliada nas votações legislativas, na defesa verbal e na maioria dos municípios em que PSDB e PP estão caminhando lado a lado. A exceção principal é Campo Grande, um terreno pedregoso que por enquanto não oferece solução de aliança para os dois partidos. Beto e Adriane não abrem mão de lutar pela hegemonia política e administrativa da Capital nos próximos quatro anos.

PARA DOIS ANOS

Outra ideia do fértil baú de interpretações dá conta da existência de uma engrenagem que estaria sendo montada pelo senador Nelsinho Trad (PSD). Seria para fortalecer sua candidatura à reeleição em 2026, utilizando-se de aliados e alianças estratégicas dentro do governo e lançadas no bojo dos entendimentos conduzidos pelo PSDB para as próximas eleições municipais.

Na condição de pessedista e homem-forte da Governadoria, Verruck seria peça-chave na alimentação dos passos de Nelsinho Trad, além de criar e ampliar as próprias condições para construir as bases de sua estreia como candidato a cargo eletivo daqui a dois anos.

Ambos, Nelsinho e Verruck, sabem muito bem que na disputa pelas duas vagas no Senado o páreo já tem dois nomes dos mais competitivos, o ex-governador Reinaldo Azambuja e o deputado federal Vander Loubet (PT). E o que faz mais difícil a tarefa da concorrência é a proximidade entre o tucano e o petista, quase uma parceria pré-estabelecida e até com desenhos pré-eleitorais nos arranjos que os dois partidos vêm fazendo para as disputas nos municípios.

Independentemente de todas estas divagações ou leituras, Verruck já procurou desfazer as dúvidas de quem leu a matéria sobre a sua eventual inscrição no quadro das pré-candidaturas na Capital. Além de reiterar a sua convicta fidelidade ao projeto tucano-governista com Beto Pereira, também reporta-se a outros impedimentos legais, como a perda de prazo que teria para se afastar do cargo de secretário de Estado (até 05 de abril) e a decisão irremovível – segundo suas palavras – de cumprir a missão que Riedel lhe confiou na Semadesc.