27 de julho de 2024
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MULHER QUE INSPIRA

Indo a campeonatos no exterior, Josy sobreviveu a operações, atropelamento e a Covid-19

Campo-grandense pertence à família de atletas 'Madruga'

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A atleta campo-grandense Josy Madruga, de 44 anos, se tornou um símbolo de resiliência. Em 2017, após os 30 anos, ela começou a praticar diversos esportes. Ela irá a 3 campeonatos no exterior neste ano. 

Josy estará em junho no Mountain do Explorer - Expedição Mont Blanc, na França. Em agosto, ela disputará no Mountain do Fim do Mundo, em Ushuaia, na Argentina. Em dezembro, a terceira parada dela será em outro campeonato argentino, o El Cruce Bariloche, em Bariloche — cidade localizada na província de Rio Negro, junto à Cordilheira dos Andes, na fronteira com o Chile.

Apesar de hoje usar as forças das pernas para chegar cada vez mais longe, já aos 12 anos Josy foi diagnosticada com varizes em sua perna esquerda e foi submetida a operações nos membros por duas vezes — com 12 e 13 anos — respectivamente.

A história de Josy no esporte, começou sob o incentivo da amiga fisioterapeuta da época, Marcele Marques. “Durante as sessões de fisioterapia com conversas ela me fez acreditar que eu era capaz de correr e ultrapassar meus limites. Foi uma pessoa importante na minha vida, foi a responsável por me mostrar que tenho capacidade de chegar aonde eu quiser”, introduziu Josy, numa entrevista por mensagem ao MS Notícias.

Ela acabou perdendo a amiga fisioterapeuta precocemente. A superação desse e dos vários outros desafios em sua vida a inspiraram a superar-se por meio do esporte. “Atualmente a minha inspiração é viver! Viver bem, viver com saúde, aproveitar os momentos ao lado da minha família. Hoje eu busco me superar cada vez mais, desafiando-me a cada dia a ir além. De modo geral, nos esportes do triatlo sou apaixonada, porém foi na corrida que encontrei o verdadeiro amor pelo esporte”, revelou.

Atleta revela ser apaixonada por corridas. Foto: Acervo pessoal Atleta revela ser apaixonada por corridas. Foto: Acervo pessoal 

Criada em família humilde no Bairro Coronel Antonino, Josy a dificuldade virar motivação. Após sua recuperação total, disputou corridas e maratonas. As maiores foram: Meia maratona - Florianópolis/SC; Morro do Ernesto 14km - Campo Grande; Inferninho 7 km - Campo Grande; Fazenda Piana 42 km – Sidrolândia (MS); Furnas Dionísio 21km - Campo Grande e Corrida Verão 21KM - Campo Grande.

Numa das maratonas — no Mountain do Fim do Mundo, em Ushuaia, na Argentina — ela correu na neve em uma temperatura de -10ºC. O trecho tinha trilhas e bosques. Ela registrou essa disputa num post no seu Instagram, comentando a experiência. Veja:  

Josy disse que para atingir essas conquistas vive uma rotina árdua entre trabalho e treino, mas que sua família sempre apoiou e entende que ela é movida por desafios. Ela pertence a família de atletas 'Madruga', outro integrante da família, Guilherme Madruga, de 22 anos, estreou como Volante no clube Botafogo na Série ‘A’ do Campeonato Paulista de 2023 (Paulistão) e foi destaque aqui no MS Notícias

Com todo apoio, Josy foi além e começou a praticar triatlo, mesmo não sabendo nadar, aprendeu para as competições. “O mais desafiador sem sombra de dúvidas foi a natação, com 36 anos eu não sabia nadar, e em 8 meses, eu aprendi e já participei de uma competição de triatlo, pretendo voltar, devido a minha última lesão, estou indo aos poucos, mas percebo grande evolução”, explicou. Nesse esporte, Josy participou do Triday (triatlo) - Campo Grande e do GP extreme triathlon - Florianópolis (SC).

Posteriormente disputou as competições: Mountain do 21KM - Praia do Rosa/SC; Mountain do 21KM - Ushuaia/Argentina e do Mountain do 42KM Ushuaia/Argentina.

Josy Madruga num campeonato noturno na neve. Foto: Acervo pessoal Josy Madruga num campeonato noturno na neve. Foto: Acervo pessoal 

Ela estava veemente nas disputas até que tudo parou em razão da pandemia global de Covid-19. A atleta acabou contraindo o vírus. Levada ao hospital com quadro grave respiratório, Josy teve duas paradas cardíacas e houve a necessidade da ajuda de aparelhos para respirar. “De todas as experiências que tive, sempre tiro uma lição. E até para resolver meus problemas, tenho diferentes perspectivas para encará-los. Eu diria que foi o pior momento da minha vida, lutar pela vida, ver a família chorando, não saber se haveria o amanhã, doía; mas me mantive sempre com fé, os momentos que eu estava desacordada eu sentia o poder de Deus e o agir do Espírito Santo. A força para continuar no esporte veio dessa valorização que aprendi ainda mais a ter sobre a vida, a viver cada momento como único, a cada prova, a cada novo desafio, ali está sendo moldada uma nova Josy Madruga, eu sinto que posso mais e quero ir buscar”, considerou ela, ao relembrar o período clínico. 

Josy superou a Covid-19, sobrevivendo a duas paradas cardíacas. Foto: Acervo pessoalJosy superou a Covid-19, sobrevivendo a duas paradas cardíacas. Foto: Acervo pessoal

Sobrevivente, Josy ainda teve mais uma ‘provação’. Em outubro de 2022, passado esse período de cuidado e em busca de recomeçar, durante suas férias se envolveu em um acidente de moto aquática, foi atropelada, assim quebrando o joelho. “O meu  acidente aconteceu em outubro do ano passado na cidade Três Lagoas, aqui no nosso estado mesmo, fui atropelada, só lembro de ter batido a cabeça e ter apagado, quando acordei estava com muita dor na perna, estava com o joelho quebrado”, narrou. 

Em razão de tudo isso, hoje Josy inspira pessoas e motiva a todos por onde passa. “Gostaria de ressaltar para o público que a melhor forma de começar é acreditando em si, você é capaz de superar qualquer limite. No meu perfil do Instagram @josy_madruga, eu passo justamente essa ideia para os meus seguidores que aos poucos vamos vendo a própria evolução, sem criar comparação com o próximo, o importante é ter qualidade de vida”, completou.