Neste último sábado (7), um mototaxista, de 27 anos, deixou o Complexo Penitenciário de Gericinó, no Rio de Janeiro, após passar 467 dias preso por um crime que não cometeu. O homem foi preso após bater em um jipe do Exército e ser acusado de tráfico de drogas e posse de arma.
Segundo informações do jornal 'Extra', no último dia 29, um ano e três meses depois, o mototaxista foi absolvido por não ter provas contra ele.
Agora fora da prisão, o mototaxista acusou os militares de tortura, onde as agressões foram atestadas por exames periciais.
Quatro dias após ser solto, o jovem deu detalhes da sessão de tortura, onde em meio a crises de tosse, que não pararam desde a temporada na prisão, ele afirmou que foi agredido com um taco de beisebol dentro de uma sala iluminada com luz vermelha no quartel, enquanto militares à paisana perguntavam por armas.
"Logo que me encontraram, colocaram um lacre de plástico nas minhas mãos e passaram a perguntar “cadê a pistola?”. Disse que não tinha pistola. Aí começou a sessão de tortura, com socos e chutes. Não sei quantos eram. Me colocaram deitado com a cara para o chão molhado, perto de uma caixa d’água. Tentei olhar para o alto e deram um tiro com bala de borracha na minha testa", contou o jovem ao 'Extra'.
O mototaxista também contou do período na cadeia: "Passei quatro meses no presídio de Água Santa. Foi lá que tive tratamento médico. Foram os presos que me atenderam. Passaram pomada e fizeram curativo. Em Bangu, fiquei numa cela com 240 presos e só 75 camas. Em cada cama de solteiro dormiam dois espremidos e ainda tinha gente que dormia no chão. Tem que ter psicológico forte para aguentar. Se não souber levar, você fica doido", contou ele, que agora está em liberdade por decisão da Justiça.
Até o momento a corporação não comentou as denúncias de tortura feitas pelo jovem.