21 de maio de 2024
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GUERRA | ORIENTE MÉDIO

Netanyahu quer tomar Gaza e transferir sobreviventes para a Península do Sinai

Genocida israelense manda o povo palestino deixar o campo para Israel

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O diretor do Serviço de Informações do Estado do Egito havia alertado ao mundo que a Faixa de Gaza pode se tornar a maior 'vala comum' da história sem a entrada de ajuda humanitária. E é justamente isso que o ministro da Defesa de Israel, Benjamin Netanyahu, quer. Recentemente, Netanyahu se referiu aos palestinos como "animais", após promover o cerco absoluto da já sitiada Faixa de Gaza, deixando todos sem água, luz ou comida.

Até o momento, Israel já assassinou 5.791 palestinos, incluindo mais de duas mil crianças, e deixou mais de 15 mil ficaram feridas. É na verdade um genocídio. O jornal “Calcalist” mostrou documentos timbrados que provam que a ministra da Inteligência israelense, Gila Gamaliel, apoia 'aproveitar o momento' para livrar-se de vez dos palestinos.

Apoiado pelos Estados Unidos, Netanyahu fez um discurso nesta 4ª feira (25.out.23), prometendo tomar completamente o país dos palestinos e apagar Gaza do mapa. Ele se refere ao estado como sendo o grupo Hamas, no entanto, ignora que no local há mais de 2,3 milhões de palestinos que sobrevivem ao apartheid israelense há mais de 75 anos. "Quando entrarmos em Gaza, quando começar a guerra, não haverá nada que nos detenha para chegarmos ao objetivo. Nós temos apenas uma coisa para o Hamas, que é o fogo", bradou.

No discurso, o genocida isralense disse que decisões relacionadas à guerra são tomadas por consenso entre ele, o ministro da Defesa, Yoav Galant, e o ex-ministro do Exército, Benny Gantz. "Nós pedimos que a população que não está envolvida em Gaza que saia, deixe o campo para nós”, disse.

Ao empurrar os palestinos para Sinai, Israel pode 'comprar' uma guerra contra o Egito, já que o presidente egípcio Abdel Fattah El-Sisi disse ser contrário a qualquer plano nesse sentido. Ainda assim, o genocida israelense está determinado a implementar o plano e deslocar a população de Gaza após o fim da guerra.

Em 17 de outubro passado, o Instituto Misgav para a Segurança Nacional e Estratégia Sionista publicou um documento defendendo a “realocação e assentamento final de toda a população de Gaza”. "Ou seja, a limpeza étnica, um crime de lesa-humanidade, de mais de 2,3 milhões de palestinos", explicou a Federação Árabe Palestina do Brasil -Fepal (entidade representante da comunidade palestina no Brasil).  

O relatório argumenta que o momento é uma oportunidade única para atingir o objetivo histórico sionista: expulsar os palestinos de toda Palestina Histórica:  “Existe, neste momento, uma oportunidade única e rara de evacuar toda a Faixa de Gaza em coordenação com o governo egípcio”. 

Os ex-presidentes e fundadores do Instituto incluem Yoaz Hendel (ex-presidente 2012-19), e que foi Ministro das Comunicações entre os anos 2020-2022; 

Moshe Yaalon, ex-ministro da Defesa e Moshe Arens, também ex-ministro da Defesa – e outras personalidades políticas importantes.

Veja os principais argumentos do relatório israelense

"É necessário um plano imediato e viável para o reassentamento e reabilitação econômica de toda a população árabe na Faixa de Gaza, que esteja de acordo com os interesses geopolíticos de "israel", do Egito, dos EUA e da Arábia Saudita".

"Em duas das maiores cidades satélites do Cairo, há um imenso número de apartamentos construídos e vazios sob propriedade governamental e privada, bem como lotes vazios para construção que seriam, no total, suficientes para habitação de cerca de 6 milhões de habitantes".

"O custo médio de um apartamento de 3 quartos de 95 metros quadrados para uma família média de Gaza de 5,14 pessoas em uma das duas cidades mencionadas é de 19 mil dólares".

""Ao calcular a população total que reside na Faixa de Gaza, que se situa entre 1,4 - 2,2 milhões de pessoas, é possível avaliar que o valor que precisaria ser transferido para o Egito para financiar [a limpeza étnica] seria de cerca de 5 a 8 bilhões de dólares".

"Uma injeção [de capital] desta magnitude na economia egípcia proporcionaria uma vantagem enorme e imediata ao regime do [presidente egípcio] El-Sisi. Estas somas de dinheiro, comparadas com a economia israelese, são minúsculas".

"O investimento de apenas alguns bilhões de dólares (mesmo que sejam 20 ou 30 bilhões de dólares) para resolver esta 'difícil questão' é uma 'solução inovadora, barata e viável". 

"Não há dúvida de que, para que este plano seja implementado, muitas condições precisam existir em paralelo. Neste momento, estas condições existem e não está claro quando tal oportunidade surgirá novamente, se é que surgirá". 

"Este plano de limpeza étnica se baseia numa lógica semelhante a dos “Acordos de Abraão”, envolvendo a injeção de somas maciças de capital em favor de regimes totalitários para normalizar laços entre "israel" e países árabes, "acabando" com a questão palestina", explicou a Fepal."Só que esse plano de limpeza étnica é ainda pior: não se trata apenas de uma anexação lenta e de esvaziamento da causa palestina através da “paz econômica” – mas, sim, de defender a limpeza étnica completa da população palestina de Gaza", adicionou.

"Não é a primeira vez que surgem sugestões de uma limpeza étnica completa por parte de analistas ou mesmo de políticos israelenses. No meio do ataque violento a Gaza em 2014, Moshe Feiglin, que então fazia parte do Likud e vice-presidente do Knesset, enviou a Netanyahu uma proposta pública de 7 pontos para a limpeza étnica de Gaza. Ele repetiu a defesa genocida em 2018", lembrou a entidade. 

"Em uma entrevista ao Canal 14, Feiglin apelou a uma “Dresden” em Gaza (referindo-se ao bombardeio de Dresden na Segunda Guerra Mundial) “uma tempestade de fogo em toda Gaza!” ele proclamou, exigindo “não deixar pedra sobre pedra” e enfatizando “fogo total!” e “o fim dos fins!"", exemplificou.  

"Um parênteses aqui - em Dresden, na Segunda Guerra, foram usados 3,9 toneladas de explosivos. Só na primeira semana de bombardeios, "israel" usou +4 toneladas de explosivos. E aumentou a carga na segunda semana", observou a Fepal.  

"A limpeza étnica é tão enraizada na sociedade israelense que, em 2004, o historiador Benny Morris -usado por propagandistas do apartheid aqui no Brasil -, lamentou o fato de Ben Gurion não ter “terminado o trabalho” e realizado a limpeza étnica total dos palestinos" em 1947- 50'", apontou. "Morris também disse que uma política de “transferência e expulsão” é apenas uma questão de tempo e momento. Para ele, em tempos “normais”, tais políticas podem ser imorais – mas em “circunstâncias apocalípticas”, podem ser ao mesmo tempo morais, “razoáveis” e “até essenciais"". 

"Agora, o relatório Misgav faz eco a esse pensamento de Morris, argumentando que o "deslocamento forçado" da população palestina de Gaza, "é uma oportunidade histórica"".