28 de março de 2024
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Sociedade

Acadêmicos tribalizados e classes excludentes são comuns na Capital?

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Algo que vem se tornando comum nas universidades da capital é a discussão da formação de "Grupinhos" excludentes, descriminatórios, divisórios entre universidades ou dentro da própria universidade. Em Campo Grande  existem cinco núcleos de ensino superior que são considerados os maiores; Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), UNIDERP, Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), Estácio de Sá, Unigran Capital e a Universidade Estadual Do Mato Grosso do Sul (UEMS). 

O critério utilizado para medir o tamanho das universidades é quantidade de alunos que as frequentam, são essas instituições responsáveis por capacitar teoricamente esses antes alunos e futuramente profissionais para o mercado. 

A vida de acadêmico segue um ciclo de no mínimo dois anos letivos, diante dessa linha de durabilidade de interação expressiva de; adolescentes, adultos, professores, trabalhadores (de diversas áreas), com conhecimentos variados e opiniões particulares, cria-se núcleos sociais; grupos que escolhem determinadas pessoas com as quais querem conversar, trocar relações e até mesmo estar próximos. 

Foto: Divulgação /Estudante de Jornalismo da UFMS  

Se pessoas não pertencentes a esses "grupos", tentam se aproximar são deixadas a ver navios, essa é a discussão! Segundo o estudante de jornalismo da UFMS e estagiário em comunicação da polícia militar Wesley Wallace (19), "Isso acontece muito na UNIDERP, esses grupos excludentes, quando estudei lá me sentia bem perdido, na minha nova universidade como a maioria fala, o pessoal é mais "mente aberta", significa que nos sentimos mais acolhidos, a diversidade aqui não é 'estranhada' como na UNIDERP, essa inclusão acontece na UFMS, a  amizade coletiva do pessoal daqui contagia", explica o rapaz... Ainda segundo Wesley, na UFMS as classes de diferentes níveis interagem abertamente, ele cita que na antiga instituição que estudou, as classes formam grupos e não permitem entrada de integrantes que nãos fazem parte daquele nível.

E profissionalmente essas divisões de classes, formação de tribos, tem impacto na carreira profissional? Seguindo com o tema abraço-se a causa, para deixar mais claro possível essa discussão, buscou-se a opinião do acadêmico do curso de Publicidade e Propaganda da Universidade Estácio de Sá, Renan Guenka (22), esta cursando o terceiro semestre e se relaciona, segundo ele, constantemente com alunos de outras universidades. 

"Cara me relaciono com pessoas de várias universidades e na minha universidade por exemplo, cada um tem um jeito, acho que isso é mais da pessoas, cada um escolhe e trabalha para ser o profissional que quer", afirma. 

 Em contraponto o estudante de jornalismo Wesley, diz que  a instituição é culpada por não capacitar adequadamente o acadêmico e esquecer de problematizar essas ações, " Como por exemplo as universidades particulares são mercadológicas, elas te jogam precocemente no mercado de trabalho, acreditando assim que você se desenvolverá melhor lá, mas isso acaba frustrando aqueles que precisam de um preparo para isso, eles não ligam muito para o aluno e acabam não observando a vida e relacionamentos dentro da instituição", explica. 

Especialista 

Para o Doutor em Ciências Sociais, professor na Universidade Federal do Mato Grosso do Sul e líder do Impróprias (Grupo de Pesquisa em Gênero, sexualidade e diferenças),  Tiago Duque " As universidades são a reprodução da sociedade aqui fora, porém a instituição tem um papel significativo na conscientização e coibição de quaisquer formas de exclusão e descriminação", ressalta.

O sociólogo aponta que a formação desses grupos nas universidades não são um problema, desde que esses grupos não criem uma hierarquização, "Não podemos idealizar uma universidade, assim como não podemos idealizar uma sociedade, mas a instituição deve problematizar e discutir o tema com os alunos, é claro que sempre vão existir esses grupos,  mas é preciso discutir uma conscientização dos acadêmicos para não excluírem, ou discriminarem outro que não faz parte", finaliza. 

A separação, exclusão, divisão, limite e outras... São palavras arcaicas que assombram os relacionamentos sociais sendo que se moduladas essas divisões tornam-se apenas mais uma ponte de Presidente Costa e Silva, que serviria para separar Rio de São Paulo, mas tão necessário é a união que a ponte é mais conhecida com Rio-Niterói, unificou-se uma estrutura física para muitos se unirem, se o ser humano aprende a tratar todos com igualdade, palavra nenhuma colocará novamente medo ao homem.