26 de julho de 2024
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ELEIÇÕES 2022

Com fuga de Contar, Riedel emplaca suas ideias em debate

Esse foi o 3º debate com a asuência de Contar

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Eduardo Riedel (PSDB) esteve como o único candidato ao governo de Mato Groso do Sul no debate da rádio CBN e do jornal Correio do Estado na manhã desta 4ª.feira (26.ou.22). O adversário dele, Capitão Contar (PRTB), faltou ao encontro.

Há algumas semanas, Contar optou por não mais comparecer aos debates. Justificou que a medida visava não desprestigiar nenhum veículo de comunicação, apesar de haver poucos que fazem debates em MS. 

Riedel vem aproveitando a ausência do adversário para criticar a atitude e emplacar seus programas de governo sem muita dificuldade.  Hoje, Riedel classificou o debate como uma oportunidade de o eleitor conhecer os candidatos e suas propostas. "E óbvio que se todos participassem era muito melhor, pois os eleitores de MS poderiam conhecer neste debate como se comporta, qual o preparo e comparando escolher o melhor para Mato Grosso do Sul”, considerou.  

Esse foi o 3º debate com a asuência de Contar. “Todas as vezes que um candidato foge da oportunidade de apresentar seu Plano de Governo, ele está não só faltando o respeito com as pessoas, como com a democracia, pois o meu adversário reclamou várias vezes que não tinha tempo de TV, que não conseguia expor melhor as suas propostas, ideias e quando ele tem a oportunidade ele simplesmente foge. Na minha opinião fica claro que ele não está preparado e não tem o que apresentar para a nossa gente. Lamentável”, completou Riedel.

Ao iniciar o debate, a jornalista mediadora, Lígia Sabka, ressaltou que os veículos lamentavam a ausência do candidato Contar e que mesmo alegou problemas de agenda para não estar presente, mesmo confirmando sua presença previamente. “Lamentamos a ausência do candidato nesta oportunidade única de atingir um grande número de eleitores em um debate que é um importante espaço democrático e de exposição de suas propostas, vamos permanecer com a cadeira vazia no estúdio e iremos dar a oportunidade ao candidato que compareceu expor suas ideias”, introduziu a jornalista.

TEMAS DO DEBATE

Foram definidos por sorteio ao vivo. Veja abaixo:  

QUALIFICAÇÃO: Riedel se comprometeu em potencializar os sistemas de capacitação de mão de obra e contratar escolas privadas que fazem a qualificação profissional, por meio de um voucher ao trabalhador. Todo o processo seria monitorado com a ajuda da assistência social. “Aportaremos recursos, serão cerca de R$ 30 milhões por ano para qualificar fazer o encontro entre a demanda e a oferta", apresentou.  

Segundo o candidato, o Sistema S e escolas que já oferecem este tipo de conhecimento seriam parcerias importantes em sua eventual gestão. “O Sistema S ajuda muito, e vamos potencializar o que eles já fazem. Ao mesmo tempo, vamos fazer a contratação de escolas privadas que também já operam com qualificação profissional, dando o Voucher Qualificação para bancar estes estudos”, explicou.

Riedel disse ainda que, junto à iniciativa privada, o Governo vai mapear as necessidades do mercado de trabalho. “O setor produtivo sabe bem onde estão as demandas de cada profissão. O empresariado está angustiado para contratar. Por isso vamos investir na qualificação dos jovens, e também das pessoas com 50 anos ou mais, que devem ser absorvidas a partir da qualificação”. Eis o vídeo: 

INCENTIVO FISCAL: Riedel disse que não se pode favorecer empresas, em detrimentos de outras. Ele disse que a Lei de Incentivo de MS é uma das mais modernas do país. "Goiás e Distrito Federal copiaram na íntegra a nossa Lei por entenderem que ela era uma das mais modernas do país. Isso tem feito que R$ 60 bilhões de investimentos viessem para o Estado de Mato Grosso do Sul. E geraram 24 mil novos oportunidades de empregos", disse, justificando que as empresas que ganham o benefício permanecem, pois senão perdem os benefícios entregues pela Lei. Eis o vídeo:   

EQUIPE E GOVERNO: Para o candidato a política vem se modernizando e o eleitor está bem antenado no que tange as negociações para cargos. Riedel comprometeu-se que caso eleitor terá uma equipe exclusivamente técnica e que irá seguir com seriedade as diretrizes do seu plano de governo. “Quero ter minha equipe e não engolir uma indicação de A, B ou C. Não acredito nisso, isso para mim é passado”, disse.  

O tucano também revelou que caso eleito terá condições plenas de governar, pois o apoio na Casa de Leis é grande, visto que sua legenda conseguiu emplacar 7 candidatos, sem considerar a grande maioria que aliado. Caso Contar se eleja, ele terá pouquíssimas condições de governabilidade, pois não poderá "contar" com o apoio na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALEMS). A legenda de Contar elegeu apenas 1 deputado e o PL (aliado), elegeu também 1 deputado.

Riedel disse que, caso seja eleito, seu primeiro projeto levado a ALEMS será a propositura da ampliação do Mais Social de R$ 300 para R$ 450 e a prorrogação do programa de Luz para Todos por mais 14 meses. Eis o vídeo: 

INFRAESTRUTURA: Riedel prometeu pavimentar as ruas dos bairros dos 79 municípios e disse que para isso serão necessários investimentos da ordem de R$ 2,5 bilhões. "É possível fazer. Vamos reformular várias de nossas rodovias estaduais, para dar competitividade e possibilitar crescimento econômico, sei que serão necessários mais R$ 2 bilhões. E sei que é possível fazer. Nossas estradas, ferrovias, portos, chegando à Rota Bioceânica, nos darão um novo momento da história do Estado, e isso se refletirá em políticas públicas de saúde, educação, geração de emprego e renda, resultados", argumentou.  

A boa relação na esfera federal para Riedel foi determinante para a concessão dos aeroportos nas cidades de Corumbá, Campo Grande e Ponta Porã, obras de infraestrutura, marco regulatório das ferrovias, projetos da Rota Bioceânica, assim como novo eixo de desenvolvimento por meio da BR-419, na região Norte e do Pantanal. Eis o vídeo:  

COMBATE A CORRUPÇÃO: O candidato disse que irá se empenhar em reforçar o combate à corrupção.  

A afirmação veio após o editor-chefe do Correio do Estado, Eduardo Miranda, que aproveitou o momento para criticar a ausência de Contar e o discurso contradizente do Capitão, que não foi explicar as situações envolvendo compliance. 

“Ele fala muito em compliance, combate à corrupção, mas não fez isso na própria campanha, que agora é suspeita da prática de caixa 2, uso irregular de terreno. A campanha está cheia de irregularidades”, analisou Miranda.  

Riedel emendou dizendo que seu adversário “fala sem ter a menor ideia do que está falando” pois “não tem o que falar”, já que o plano de governo dele é “vazio” e ele sequer sabe cuidar dos negócios da família e da campanha, havendo, segundo Riedel, "vários problemas".

“Mas eu vou ensinar ele o que é compliance em órgão público. Temos um programa em que é feita uma consultoria específica pela Controladoria-Geral do Estado (CGE), e nossa garantia é a Controladoria-Geral da União (CGU), que mesmo em questões que não terão verba federal, vai poder avaliar as contas a qualquer momento”, prometeu o candidato.

O tucano disse que caso seja eleito, no início de seu governo em 2023, irá apresentar uma lei na ALEMS para que todos os fornecedores que vendem mais de R$ 15 milhões por ano ao Poder Público tenham que ter internamente um programa editado pelo Estado. “Se não implementar essa iniciativa, não vai poder fornecer”, delimitou.  

Ao responder Miranda, Riedel também lembrou que é ficha limpa. “Fui acusado de várias coisas por quem não tem o que dizer e fica em torno de proposta vazia. O adversário sequer toma cuidado dentro de casa, dentro da formação de chapa. Será que ele tomou cuidado quanto à questão das notas fiscais em Ribas do Rio Pardo das empresas deles? São acusados de não pagar nem o condomínio da associação que ele presidiu. Ele precisa respeitar projetos”, rebateu Riedel. Eis o vídeo:

IMPOSTOS: O candidato comentou um ponto delicado da gestão de Reinaldo Azambuja (PSDB), que foi a alta taxação sobre os contruintes de MS. Ele disse que, entretanto, o dever de casa feito pelo Governo nos últimos oito anos possibilitou que Mato Grosso do Sul fosse um dos Estados que mais investe percentualmente sua receita corrente líquida (cerca de 12% contra média nacional de 3 a 4%).

“Para sermos ainda mais competitivos, temos que investir em infraestrutura, em tecnologia, em educação. Ao mesmo tempo, mantendo o crescimento do Estado, podemos ir diminuindo os impostos de maneira escalonada, especialmente sobre os micros e pequenos empresários, o comércio de várias áreas que precisam deste suporte. Temos como rever e vamos rever”, avisou.

Para alcançar este objetivo, Riedel afirmou que é necessário conhecer o orçamento e as prioridades do Estado. “Temos que ter equilíbrio. Se apertamos na arrecadação, prejudicamos a competitividade. Se não arrecadamos, não conseguimos investir. Manter o custeio funcionando e garantir competitividade é o nosso desafio. A chave está no crescimento econômico do Estado, garantindo uma base arrecadatória e, também, na eficiência do Estado, gastando de forma mais eficiente em todas as áreas da política pública, buscando o melhor resultado possível em todas as áreas. Assim garantimos a diminuição de tributos e um melhor equilíbrio mantendo a capacidade de investimento do Estado”, esclareceu. Eis o vídeo:

SAÚDE E CIÊNCIA:  Riedel disse que caso seja eleito, vai promover força-tarefa, campanhas, propagandas e logística eficiente para alavancar as vacinações em MS.  “Nunca titubeamos sobre vacinação, lideramos o processo no País várias vezes, a atuação no Estado foi positiva, e conseguimos conciliar com a economia, tanto que foi o Estado que mais cresceu durante a pandemia. Não podemos perder esta pegada, pois vacinação é a maior garantia de saúde pública”, considerou, ao responder a pergunta do médico-infectologista da Fiocruz, Júlio Croda, que esteva presente no debate.

O candidato exautou a vacinação e o desempenho do estado na pandemia: “Foi um esforço coletivo e que na minha gestão vai ser intensificada, para termos os melhores índices do País. Lugar de vacina é no braço das pessoas”, concluiu. Eis o vídeo: 

OAB E PRECATÓRIOS: O representante da Comissão de Direito Eleitoral da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Mato Grosso do Sul, Márcio Ávila, que foi convidado junto a outros representantes de classes e da sociedade para fazer perguntas, questionou o candidato sobre a valorização dos advogados sul-mato-grossenses e o pagamento de precatórios judiciais.

Riedel avaliou que sempre teve boa relação com a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), e lembrou que quando secretário conseguiu garantir o piso dos advogados em Mato Grosso do Sul. "Tivemos essa coragem. Também criamos a sala especial para a advocacia no presídio, uma conquista da classe na época em que eu também estava como secretário e liderando essas ações", comentou.  

Quando perguntado sobre os precatórios judiciais, Riedel respondeu que o tema é importante e sensível, e que muitas empresas e pessoas dependem do bom funcionamento desse sistema, o que faz que ele tenha a devida atenção da gestão. “Os pagamentos têm sido acelerados e priorizados os que estão em dia e as antecipações, dentro da capacidade de pagamento. Essa é uma das coisas que conseguimos nessa gestão fiscal com saldo positivo e que pretendo continuar fazendo no meu governo”. Eis o vídeo: 

BUROCRACIA: Ao responder Renato Paniago da Silva, presidente da Associação Comercial e Industrial de Campo Grande (CICCG), Riedel afirmou que em eventual vitória seu governo buscará diminuir a carga tributária por meio de apoio a aprovação de uma Lei federal em tramitação no Senado. "O grande avanço na questão tributária e principalmenta na desburocratização é questão da Reforma Tributária", considerou.  

“Não existe passe de mágica para mudar o ambiente de negócios, e sim com trabalho de redução da burocracia. Abrir uma empresa há 8 anos atrás demorava 120 a 140 dias, agora estamos chegando a horas para uma empresa ser aberta”, disse Riedel, em resposta ao economista Michel Constantino.

Ele ressaltou que o Estado precisa tirar a “mão pesada do Estado” sobre as empresas, para atrair novos investimentos privados. “Dizer que vai rever incentivos fiscais só atrapalha este ambiente, é ruim para o Estado. Nós vamos perder R$ 1,2 bilhão com a redução da carga tributária, mas vamos compensar com crescimento na receita do Estado, com eficiência na máquina pública, infraestrutura e conectividade, o que chamamos de um salto para o novo futuro”. 

AGRONEGÓCIO: Para Riedel, em caso de vitória, seu futuro governo dará ênfase ao carbono neutro e na monetização do ativo ambiental.