05 de maio de 2024
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RADICAIS | EXTREMA DIREITA

Com Lula bem a frente nas pesquisas, Bolsonaro aumenta discurso golpista

Apoiadores também engrossam os ataques nas redes e presenciais; a estratégia é tentar mostrar volume em 7 de setembro; grande maioria dos caminhoneiros não vão participar

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Jair Bolsonaro parece usar todas as oportunidades para reforçar o discurso beligerante. Numa homenagem a atletas militares medalhistas em Tóquio, o presidente entregou uma comenda “pessoal” ao pugilista Herbert Conceição, vencedor do ouro olímpico. “É uma medalha pessoal, tenho certeza que ele vai guardar para a vida toda, não posso dar para todo mundo… Foi tiragem bastante reduzida”, afirmou. “Não pode mostrar para ninguém.” Em seguida, ainda falando com Conceição, mas tendo os ouvidos de todos os presentes, Bolsonaro emendou: “Enfia a porrada, guerreiro, é isso aí. Com flores não se ganha guerra não, pessoal. Quando se fala em armamento, quem quer a paz, se prepare para a guerra”, disse o político emendando discurso golpista. 

A guerra a que ele se refere parece começar pelas manifestações em São Paulo e Brasília no Sete de Setembro. Se for, não poderá contar com tropas regulares — ao menos não uniformizadas. A ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Laurita Vaz arquivou dois pedidos de habeas corpus preventivo de um PM da ativa e um militar reformado para que fardados pudessem participar dos atos sem sofrerem punições das corporações.

Sem uniforme, porém presentes. Uma pesquisa feita pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostra que adesão ao extremismo governista aumentou 29% nas Polícias Militares. Cresceu mais, diga-se, entre oficiais do que entre praças. 27% dos PMs do país interagiram nas redes compartilhando, curtindo ou comentando postagens do que a pesquisa caracteriza como “bolsonarismo radical”. O índice na população geral é de 17%. Em 2020, 62% dos PMs não interagiam com páginas ligadas ao presidente. Neste ano, o número caiu para 52%.

A mobilização também aumentou entre evangélicos e caminhoneiros. Um relatório da consultoria AP Exata dá conta de que, no Twitter, esses grupos representavam 16,7% e 10,5% das menções a respeito do evento. É um índice maior do que nas duas manifestações governistas mais recentes.

Bela Megale: “A equipe do ministro Tarcísio de Freitas, da pasta da Infraestrutura, tem buscado amenizar os ânimos por meio de diálogos com movimentos que representam os caminhoneiros. O diálogo busca evitar qualquer tipo de mobilização da categoria. Por ora, a análise da pasta é que não haverá grande adesão entre os caminhoneiros.”

Se um eventual segundo turno das eleições presidenciais acontecesse hoje entre o ex-presidente Lula (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o petista venceria por 55% a 30%, segundo pesquisa do PoderData. A diferença de 25 pontos é a maior registrada pelo instituto até o momento. Na simulação de primeiro turno, Lula tem 37%, contra 28% de Bolsonaro. Nenhum outro nome citado na pesquisa chegou a 10%. Ciro Gomes (PDT) tem 8%; Luiz Henrique Mandetta (DEM), 5%; o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e o presidente da Câmara, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), 4%; e o jornalista José Luiz Datena, 3%. (Poder360). 

FONTE: MEIO