Para quem já se informou ou ainda está procurando informações de fontes seguras sobre a anunciada pré-candidatura do ex-senador Delcídio Amaral (PRD) à Prefeitura de Corumbá, a consulta é fácil de ser feita. Os bons advogados constitucionalistas já se manifestaram sobre este tema tão polêmico e a resposta é uma só, no caso em questão: Delcídio teve o seu mandato cassado pelo Senado em 2016 e teve os seus direitos políticos suspensos por 11 anos.
Assim, ele só poderá candidatar-se a um cargo eletivo se o autor de sua cassação, o Senado Federal, revogar ou anular o ato que oficializou sua perda de mandato, efetivada em plenário por unanimidade. Ardilosamente, o ex-senador vem usando um direito fictício para fazer sua pré-campanha, inventando que teve os direitos políticos restituídos com a absolvição de sua confissão de crime, confirmada pela 4ª Turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1).
Aos corumbaenses, o ex-senador garganteia uma liberdade eleitoral que não possui. A absolvição da confissão de crime nada tem a ver com o ato de cassação do Senado, ainda em pleno vigor. Delcídio não quer nem saber disso. Determinado a voltar à cena, lançou a si próprio como pré-candidato e sistematicamente vem rasgando espaços nas redes sociais com vídeos em que aparece de salvador da Pátria, criticando os maus políticos e apresentando soluções para todos os problemas.
Muita gente já constatou que Delcídio Amaral, vendo sua trajetória na vida pública definhar, entrou numa espécie de vale-tudo. Sabe que a inscrição de sua candidatura será indeferida pela Justiça Eleitoral ou, no mínimo, ficará sub judice enquanto aguarda a palavra final do Senado, a única instituição que pode tirar de sua ficha a sujeira de cassação por quebra de decoro parlamentar.
Para dar um tom de seriedade e fazer seus vídeos mais impactantes, o ex-senador grava diante de cenários emblemáticos da “Cidade Branca” e impõe a voz para emplacar um tom professoral, mas intimista, que em tese reforçaria sua condição de “corumbaense”, mesmo tendo morado e atuado fora do município por muitas décadas. O problema dele, no entanto, não é a mensagem ou a imagem bem produzidas, mas o conteúdo falacioso e negacionista de fatos e da verdade jurídica, quando arrota estar pronto para disputar a prefeitura.