26 de abril de 2024
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RECUOU DO DISCURSO

Isolado: Bolsonaro muda discurso e passa a defender vacinação em massa

Bolsonaro também defendeu, no mesmo evento, a negociação de empresas privadas brasileiras interessadas em comprar 33 milhões de doses da AstraZeneca

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O Presidente Jair Bolsonaro notando a queda em sua popularidade e perdendo aliados até em meio aos religiosos, nesta tarde de 3ª-feira (26.jan.21) mudou o seu discurso sobre a pandemia, de repente o político passou a defender a eficácia das vacinas contra a covid-19 e disse ser a favor da vacinação em massa, que de acordo com ele, fará com que a "economia não deixe de funcionar".

"Já somos o sexto país que mais vacinou no mundo. Brevemente estaremos nos primeiros lugares, para dar mais conforto à população, segurança a todos de modo que a nossa economia não deixe de funcionar", disse Bolsonaro num evento virtual promovido pelo banco Credit Suisse.

O presidente, que é um dos líderes mais ácidos do mundo ao opinar sobre a vacina contra a covid-19, mentiu ao alegar que sempre defendeu a compra de "qualquer vacina, uma vez que aprovada pela Anvisa" [Agência Nacional de Vigilância Sanitária]. A afirmação de Bolsonaro não é verdadeira.  

Em novembro passado, Bolsonaro afirmou publicamente que não compraria doses da CoronaVac, vacina desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac, alegando que o imunizante - "vacina chinesa" - não tinha comprovação científica de eficácia aprovada pela Anvisa e, de acordo com que havia afirmado, mesmo se tivesse a aprovação da Anvisa, a CoronaVac não interessava ao Governo brasileiro.

Os estudos sobre este medicamento no Brasil foram patrocinados por um rival político de Bolsonaro, o governador de São Paulo, João Doria. E o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello dois dias após Dória vacinar a primeira brasileira, quis dizer que a vacina foi paga pelo planalto, Dória o desmentiu no mesmo dia.  

A CoronaVac foi testada pelo Instituto Butantan, e está sendo usada para imunizar a população depois de o Ministério da Saúde ter anunciado que compraria 46 milhões de doses do medicamento já negociadas pelo Butantan junto da Sinovac e parte da produção local do medicamento, que deverá começar em outubro com a inauguração de uma nova fábrica e a atribuição da patente detida pelo laboratório chinês.

Bolsonaro também defendeu, no mesmo evento, a negociação de empresas privadas brasileiras interessadas em comprar 33 milhões de doses da AstraZeneca e da Universidade de Oxford para vacinar os seus funcionários.

"Semana passada fomos procurados por um representante de empresários e assinamos uma carta de intenções favorável a isso, para que 33 milhões de doses da Oxford viessem do Reino Unido para o Brasil, a custo zero para o Governo", disse o Presidente.

"E metade dessas doses, 16,5 milhões, entraria para o Sistema Único de Saúde (...) os outros 16,5 milhões ficariam com esses empresários, para que fossem vacinados os seus empregados, para que a economia não parasse", completou Bolsonaro.

Citada como parte desta negociação, porém, o laboratório AstraZeneca divulgou uma nota nesta terça-feira afirmando não ser possível "disponibilizar vacinas para o setor privado".