26 de julho de 2024
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GOVERNO RIEDEL

Lideranças petistas têm papel estratégico para Mato Grosso do Sul

Além dos parlamentares de outros partidos, Vander, Camila e Zeca reforçam interlocução com Lula

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A relação política e institucional entre Lula (PT) e Eduardo Riedel (PSDB) será das mais consistentes e produtivas. As forças que vão operar em favor desta conjuntura já estão trabalhando e abrindo perspectivas positivas muito antes da posse dos eleitos para os governos do Brasil e de Mato Grosso do Sul.

De 11 parlamentares federais eleitos no Estado (oito deputados e três senadores), apenas dois pertencem ao PT, partido de Lula. São os deputados Vander Loubet, reeleito para o sexto mandato, e a vereadora Camila Jara, que vai estrear na Câmara Federal. O deputado Dagoberto Nogueira, convertido do PDT ao PSDB, também votou em Lula, mas seu apoio foi tímido e controlado porque a sigla tucana estava oficialmente engajada na campanha pela reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL).

Os demais eleitos compõem, na grande maioria, a base que apoiou a candidatura de Bolsonaro (PL). São os deputados federais Marcos Pollon e Rodolfo Nogueira (PL); Beto Pereira e Geraldo Resende (PSDB); Luiz Ovando (Progressistas); e a ex-ministra Tereza Cristina (PP), que completará o trio senatorial com Nelsinho Trad (PSD) e Soraya Thronicke (União Brasil), todos anti lulistas.

Apesar da matemática representativa desfavorável, Lula tem o aceno olímpico de adversários como Geraldo Resende (outro simpático à sua candidatura), Nelsinho Trad e Tereza Cristina, que erguem o argumento de endossar as iniciativas governamentais de interesse do Estado e dos sul-mato-grossenses. Menos mal.

INTERLOCUÇÃO

24.10.2022 – Lula exalta Simone Tebet durante Ato em Defesa da Democracia e do Brasil, organizado pelo Grupo Prerrogativas, no Teatro Tuca, em São Paulo. Foto: Ricardo Stuckert

Entretanto, o que vai contar efetivamente como peso na balança para vitaminar as ações do governo Riedel e as demandas de Mato Grosso do Sul em Brasília será o trabalho de articulação de três petistas e uma emedebista: os deputados federais Vander e Camila, o deputado estadual eleito Zeca do PT e a senadora Simone Tebet, cujo mandato termina agora em janeiro.

Zeca é um dos grandes amigos pessoais de Lula. Uma amizade que teve seu início nos anos 1980, quando ambos se destacaram nas lutas sindicais, um na militância com os bancários em Campo Grande e outro no movimento dos metalúrgicos de São Paulo. E a relação ficou mais forte quando atuaram na fundação do PT e nas campanhas eleitorais. Em 1998 Zeca se elegeu governador e Lula chegou à presidência em 2003. Ambos se reelegeram e formaram uma exitosa parceria, que rendeu muitos frutos para o Estado, sobretudo nos investimentos em inclusão social.

Entrevista coletiva pós CPI da Covid, com o líder do governo na Câmara, deputado federal Ricardo Barros (PP-PR). Foto: Alessandro DantasTebet se agigantou políticamente ao atuar na CPI da Covid-19, no Senado. Ela denunciou, o famoso caso da tentativa de compra de vacina cobrando $ 1 dólar adicional de propina. Foto: Alessandro Dantas

Simone era adversária declarada do ex-presidente e já vinha ganhando terreno de prestígio nacional com uma prestigiada atuação no Senado. Fez sua luz própria, deixando de ser "a filha" do senador Ramez Tebet para frequentar o alto clero da Casa. 

Com a CPI da Covid se consolidou como anti bolsonarista das mais combativas e ganhou status de presidenciável. Não passou do primeiro turno, mas apoiou Lula no segundo, dando a ele, além de considerável fração dos votos que recebeu, o tecido concreto da capilaridade tão necessária para garantir ao candidato do PT um crédito político e ideológico junto às forças do centro e até de parcela da direita.

NA CÂMARA 

Deputada Camila Jara PT-MS, durante reunião da Bancada do PT eleita em 2022, em 7 de novembro na Câmara dos Deputados em Brasília .  FOTOS: GABRIEL PAIVADeputada Camila Jara PT-MS, durante reunião da Bancada do PT eleita, em 7 de novembro de 2022, na Câmara dos Deputados em Brasília. FOTO: GABRIEL PAIVA

Camila ainda é marinheira de primeira viagem na embarcação congressual, porém já está alinhada num dos braços mais importantes de sustentação do futuro governo: é o bloco feminino, que engloba a bancada de mulheres na Câmara dos Deputados e também nas Assembleias Legislativas. Elas cumprirão tarefas essenciais para defender e avançar propostas do governo Lula em âmbitos nacional e estadual.

No caso de Vander, suas atribuições serão ainda mais exigentes. Provavelmente a liderança petista que mais operou politicamente além dos limites partidários, também é reconhecido como um dos principais articuladores locais. Ele e Zeca vêm caminhando bem afinados com Eduardo Riedel, tanto que o caminho para os entendimentos com Lula já está sendo pavimentado. Vander ressalva, no entanto, que obedecerá os limites de seu mandato e não irá atropelar intervenções que exijam o envolvimento e até o protagonismo de toda a bancada.

"O que se faz necessário é reunir ideias e vontades amplas em torno do que temos em comum, nesse caso as reivindicações do governo estadual para responder às demandas estaduais", pontua Vander. "As diferenças precisam ser respeitadas. Não existe nenhuma intenção de cooptar apoios, mas de abrir caminhos nos quais possamos andar juntos, sem prejuízo de nossas convicções", acrescenta.

Esse é Vander Loubet (dir.), durante a reunião da Bancada do PT eleita em 2022.  FOTO: GABRIEL PAIVAEsse é Vander Loubet (dir.), durante a reunião da Bancada do PT eleita em 2022.  FOTO: GABRIEL PAIVA

"Sou do PT, sigo o programa do meu partido. Contudo tenho compromissos claros e definidos com o Estado que represento. É assim, cumprindo meu papel, sem atravessar, respeitando os movimentos legítimos dos colegas de bancada, que farei de tudo ao meu alcance para aprimorar o entendimento entre Lula e Riedel. Um será presidente do país, pela terceira vez; outro, será governador do Estado. A eleição acabou. Não tem terceiro turno", conclui Vander.