05 de maio de 2024
Campo Grande 33ºC

CRISE | COVID-19

Pazuello será ouvido na próxima 4ª feira (05.mai.2021) pela CPI da pandemia

Governitas querem convidar médicos entusiastas do tratamento precoce como forma de "enfrentar" a Comissão Parlamentar de Inquérito

A- A+

Durante o governo Bolsonaro, vários ministros ocuparam a pasta da Saúde e "o último ex", Eduardo Pazuello, é um dos principais alvos da chamada "CPI da Covid". Presidida por Omar Aziz (PSD-AM), essa Comissão Parlamentar de Inquérito aprovou hoje (29.abr.2021) a convocação do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e dos ex-ministros: Luiz Henrique Mandetta, Nelson Teich e Eduardo Pazuello.

Instalada na última 3ª feira, a CPI da Covid - segundo dados do Senado Federal - já acumula 311 requerimentos pedidos por senadores que, além de trazer as convocações,  solicitam informações sobre o fornecimento de respiradores, EPIs (equipamentos de proteção individual), "kit intubação", abertura de leitos, fornecimento de oxigênio, aquisição de vacinas, seringas e distribuição de cloroquina para o chamado tratamento precoce.

Já na noite de 4ª feira (28.abr.2021), foi decidido o calendário para convocação dos envolvidos, segundo informações da Folhapress. Segundo informações do Portal G1 Política, senadores também aprovaram a convocação do diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antônio Barra Torres.

Na próxima 3ª feira (04.mai.2021) dois ex-ministros serão ouvidos, Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, enquanto Eduardo Pazuello deve prestar depoimento na próxima 4ª feira (05.mai.2021), sendo que o atual chefe da pasta, Marcelo Queiroga, depõe no dia seguinte (06.mai.2021) junto de Barra Torres.

De acordo com o presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito da Covid, Omar Aziz, essas convocações serão as primeiras a serem votadas. Ainda, o ex-chefe da Secom do Planalto Fabio Wajngarten juntamente com representantes da Pfizer estão previstos para serem ouvidos em 11 de maio (3ª feira).

Ainda em agosto de 2020, a compra de 70 milhões de doses da vacina contra a Covid-19 da farmacêutica foi recusada pelo governo federal, que alegou não concordar com as condições estabelecidas pelo laboratório.

Esses imunizantes estavam previstos para serem entregues já em dezembro do ano passado. Em comentários sobre a vacina, Jair Bolsonaro disse na época uma das mais conhecidas gafes do presidente, ele disse:

"Lá no contrato da Pfizer, está bem claro: nós (a Pfizer) não nos responsabilizamos por qualquer efeito colateral. Se você virar um jacaré, é problema seu".

Wajngarten afirmou - em entrevista à Veja - que por "incompetência e ineficiência", por parte do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, a compra de vacinas oferecidas pelo laboratório não aconteceu. Inquérito foi aberto pela Polícia Federal, que investiga agora se a conduta do então ministro, contribuiu na época para aumentar o número de mortos pelo novo coronavírus em Manaus

Segundo defende o vice-presidente dessa CPI, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Pazuello precisa de maior dedicação de tempo em seu depoimento por ser o ministro que ficou mais tempo à frente da pasta da Saúde.

"E os eventos que são objetos da CPI ocorreram sobre a gestão do ministro Pazuello. Eu me atrevo a dizer, não conversei isso com os colegas da direção da CPI, mas talvez o ministro Pazuello a gente tenha que ouvir mais de uma vez", mencionou o senador.

O portal BBC Brasil compilou perguntas que a CPI deve responder sobre as condutas do Governo Federal:

  • 1. Ele [governo federal] foi omisso ou não na aquisição de vacinas?
  • 2. Houve omissão do governo na crise de falta de oxigênio que levou Manaus a colapso?
  • 3. O governo Bolsonaro colocou a população em risco ao estimular 'tratamento precoce' mesmo sem eficácia comprovada?
  • 4. O presidente pode ser responsabilizado por estimular aglomerações e vetar trecho de lei que obrigava uso de máscaras?
  • 5. Qual foi a influência da interrupção do auxílio emergencial na crise sanitária?
  • 6. Governo federal pode responsabilizar Estados e municípios pela crise?

Movimentações internas indicam que o governo deve aproveitar a sessão de hoje (29.abr) para pressionar pela votação de requerimentos que pedem compartilhamento de investigações da Polícia Federal nos estados. Governistas ponderam convocar o Davi Uip, que é médico, para falar sobre o tratamento contra a covid-19 e sobre a época em que teve a doença, sendo que ele reconheceu ter tomado cloroquina quando ficou doente, em abril do ano passado.

Segundo revelou o jornal O Globo, registros de dados dos arquivos de requerimentos apresentados por parlamentares à CPI indicam que, os pedidos de Ciro Nogueira (PP-PI) e Jorginho Mello (PL-SC) teriam sido redigidos por uma servidora, Thaís Amaral Moura, secretária especial de assuntos parlamentares do Palácio do Planalto.

"Como alguns colegas estão insistindo em arguir suspeição [de Renan Calheiros], talvez amanhã queiram arguir quem sabe a suspeição dos dois colegas senadores, que, me parece, não tiveram cuidado de deixar no requerimento a assinatura da funcionária do Palácio do Planalto", disse o senador Randolfe Rodrigues.

Em um dos pedidos, Ciro Nogueira pede a presença da imunologista e oncologista - que chegou a ser cotada para substituir Luiz Henrique Mandetta -  Nise Yamaguchi, 58, uma médica entusiasta do uso precoce da combinação da hidroxicloroquina com o antibiótico azitromicina já nos primeiros sinais da infecção por coronavírus -e não apenas para pacientes graves, como preconiza o Ministério da Saúde.

Informações apontam que Mello também apresentou requerimento, que foi registrado pela funcionária do governo, convidando a mesma médica para a falar à CPI. O senador não quis comentar. Também o Planalto e Nogueira não se manifestaram sobre. 

** (Com informações: Folhapress, BBC Brasil e O Globo)