01 de maio de 2024
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ELEIÇÕES 2024

Trio de mulheres vai definir seu próprio jogo na Capital

Adriane, Camila e Rose têm experiências diferentes com as urnas, mas sabem quais diferenças vão apresentar aos eleitores

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Nenhuma das três principais – até agora – pré-candidatas à sucessão campo-grandense é estreante em disputas eleitorais. Aquela que nunca entrou num confronto direto é exatamente a prefeita Adriane Lopes (PP), pretendente a mais quatro anos no cargo. Até agora, só disputou como candidata a vice, duas vezes, ambas na chapa de Marquinhos Trad, em 2016 e 2020.

A deputada federal Camila Jara, pré-candidata do PT, é neste trio a que tem o menor tempo de experiência na arena de embates pelo voto. Seu primeiro teste foi em 2020, quando disputou e conquistou uma cadeira de vereadora, abrindo caminho para dois anos depois chegar à Câmara dos Deputados e tornar-se mais uma opção do partido para a sucessão na Capital.  

A gestora da Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco), Rose Modesto (União Brasil), tem o maior número de mandatos em relação às rivais. Eleita vereadora em 2008, foi reeleita em 2012. Em 2014, na chapa de Reinaldo Azambuja, tornou-se vice-governadora. Dois anos depois, candidata a prefeita, levou a disputa ao segundo turno. Não venceu, mas teve maiúscula votação para ganhar sua vaga de deputada federal em 2018.

PRÓS E CONTRAS

O trio feminino que deve disputar a prefeitura mais rica de Mato Grosso do Sul possui históricos recheados de protagonismos, uns agradáveis, outros nem tanto. São mulheres-candidatas que falam todas as linguagens e se comunicam com todos os públicos. Adriane ainda não conseguiu derrubar as barreiras do machismo e da desconfiança de uma parcela da população que não se habituou a ser dirigida por mãos femininas.

Porém, hostilidades à parte, a bolsonarista Adriane já demonstrou não ter medo de carranca e gradualmente avança no propósito de recuperar a cidade e provar suas qualidades de gestora. O maior desafio agora será saber nas urnas o tamanho eleitoral que adquiriu depois de passar cinco anos como vice-prefeita, uma figurante, e assumir a titularidade de um cargo em que está desde abril de 2022.   

Camila Jara é uma das revelações na vida pública sul-mato-grossense nos últimos cinco anos. Vai para uma disputa de monstruosas dificuldades, já que adeptos e eleitores de sua roupagem vermelha-esquerda até hoje não conseguiram dar ao partido uma única vitória nas disputas municipais. E para complicar, a cidade é um dos principais redutos bolsonaristas entre as capitais. Nada que a amedronte.

Mais que os dois triunfos em sua precoce história com as urnas, ela tem um saldo consistente e de grande repercussão local, obtido em dois anos de vereança. E para a campanha terá o apoio de cabos eleitorais fortíssimos, entre eles o presidente Lula e o ex-governador e deputado Zeca do PT. A acrescentar, Camila é das poucas lideranças petistas que não se deixaram desgarrar dos movimentos sociais.

Rose Modesto é uma soma de acúmulos. Seus maiores desgastes foram de ordem política. O principal, quando rompeu com o PSDB, o governo e as lideranças que vitaminaram sua vitoriosa trajetória de vereadora a vice-governadora, entre elas o governador Reinaldo Azambuja e outras figuras tucanas. Naquela ocasião, ficou sem o único esteio que talvez lhe pudesse garantir os votos capazes de lhe dar a vitória na sucessão municipal em 2016.

Ainda assim, o insucesso proporcionou um proveitoso superávit para as eleições posteriores. E com isso tornou-se uma das deputadas federais mais votadas do país. Após a vitória de Lula na sucessão presidencial, Rose teve um maiúsculo reconhecimento à sua capacidade, ao ser nomeada para comandar a Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste. A Sudeco é hoje um dos núcleos governamentais mais importantes e mais fortes para a interiorização do progresso brasileiro na gestão de Lula.

VOTOS

ADRIANE LOPES

Candidata duas vezes a vice de Marquinhos Trad (PSD) e co-vencedora em ambas, Adriane Lopes era do PEN na sua primeira eleição, em 2016. No segundo turno,

 com 241.876 votos (58,77%), eles derrotaram a dupla Rose Modesto(PSDB)-Cláudio Mendonça (PR), que foi votada por 169.660 eleitores (41,23%).  

Em 2020, a chapa recebeu 218.418 votos (52,57% do total) e se elegeu no primeiro turno, deixando distante o segundo colocado, o deputado estadual Pedro Kemp (PT), que teve 34.546 votos (8,32%). Nesta disputa, a chapa Marquinhos-Adriane teve apenas 22.588 votos a menos que os outros 13 concorrentes, inclusos os 8.094 votos do candidato Promotor Harfouche (Avante), que não foram computados oficialmente porque a candidatura havia sido impugnada.   

ROSE MODESTO

Em 2018, foi a segunda deputada federal mais votada, com 49.435 votos (11,99% do total válido na idade). O primeiro foi Fábio Trad (PSD), com 57.020 votos, 13,83% do total.

Em 2022, para o governo, Rose Modesto recebeu 68.620 votos (13,96%) e foi a 5ª colocada, tendo à sua frente Capitão Contar (130.972 votos), Pucinelli (107.260), Marquinhos (76.102) e Riedel (72.077).

CAMILA JARA

Em 2022, foi a 2ª mais votada para a Câmara dos Deputados, com 37.737 votos (8,12%). Só perdeu para o campeão das urnas, Marcos Pollon (PL), que teve 38.410 (ou 8,37%). Mas ficou à frente do tucano Beto Pereira, o sexto, que teve 16.444 votos (ou 3,54%).

Em 2020, Camila tornou-se vereadora com 3.470 votos (0,84%) e foi a 21ª. O outro petista que se elegeu, Ayrton Araújo, alcançou 2.167 votos (0,52%) e foi o 39º, beneficiado pelos votos de legenda. Ao renunciar ao mandato para tomar posse como deputada federal, Camila foi substituída na Câmara pela primeira suplente do PT, Luíza Ribeiro, que havia ficado na 43ª posição, com 2.030 voto (ou 0,49% do total).