18 de abril de 2024
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PRESIDENTE AMERICANO

Trump insuflou guerra e americanos pedem seu impeachment

Mais de 90 pessoas foram presas desde quinta-feira por envolvimento no ataque à sede do Legislativo

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O Partido Democrata pode apresentar ainda hoje, na Câmara, um novo pedido de impeachment contra o presidente americano Donald Trump. O processo está em compasso com o desejo da maioria da população. Após Donald Trump insuflar uma turba a invadir o Congresso para impedir a homologação da vitória de Joe Biden, 56% dos americanos querem sua saída imediata do poder. Essa é a conclusão de uma pesquisa feita pela ABC e pelo Instituto Ipsos. A permanência do presidente tem apoio de 43%. Quando Richard Nixon renunciou, em 1974, somente 40% dos americanos queriam sua saída. 

Há outros dois caminhos. O vice-presidente Mike Pence, se contar com o apoio de metade dos ministros, pode fazer uso dos poderes da 25ª Emenda e iniciar um processo de destituição por incapacidade. No programa dominical Meet the Press, da NBC, se levantou a possibilidade de uma renúncia a partir de um acordo similar ao feito com Richard Nixon. Pence assumiria a presidência por alguns dias e concederia a Trump perdão presidencial, evitando que seja processado após deixar a Casa Branca.

Mais de 90 pessoas foram presas desde quinta-feira por envolvimento no ataque à sede do Legislativo.

Após a invasão do Capitólio, as Big Techs começaram a agir contra a incitação de violência política. Suspenso temporariamente do Facebook e do Instagram, o presidente Donald Trump foi banido em definitivo do Twitter. Ele ainda tentou usar os perfis oficiais da Casa Branca, mas a manobra foi identificada e as postagens apagadas. Outro alvo foi o Parler, uma espécie de Twitter da extrema-direita. Primeiro Google (Android) e Apple (iPhone) baniram o aplicativo de suas lojas online alegando falta de regras claras contra discurso de ódio. E ontem a Amazon excluiu o Parler de seu sistema de hospedagem. A menos que consiga novos servidores, o site sairá do ar.

Para ler com calma. O historiador de Yale Timothy Snyder, que por se especializar em Leste Europeu tornou-se também um respeitado conhecedor de tiranias, é autor de um ensaio excepcional sobre este fim de governo Trump que a revista dominical do New York Times publicou, ontem. Os paralelos com o momento do Brasil não são poucos. Trecho:

Timothy Snyder: “Pós-verdade é pré-fascismo, e Trump foi nosso presidente pós-verdade. Quando desistimos da verdade, damos poder àqueles com dinheiro e carisma que criam um espetáculo em seu lugar. Se não concordamos a respeito dos fatos mais básicos, cidadãos não formam uma sociedade civil que permite sua defesa. Se perdemos as instituições que produzem fatos pertinentes a nós, então nos emaranhamos em abstrações atraentes e ficções. A verdade se defende mal quando há pouco dela no entorno, e a Era Trump — como a Era Vladimir Putin, na Rússia — é uma de declínio do jornalismo local. As mídias sociais não substituem: elas superestimulam os hábitos mentais pelos quais buscamos estímulo emocional e conforto, ou seja, perdemos a distinção entre o que sentimos ser a verdade e o que de fato é a verdade.” (New York Times).

FONTE: (MEIO).