04 de maio de 2024
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VIOLÊNCIA POLÍTICA

Vídeo: "Aqui é Bolsonaro!", gritou agente enquanto matava aniversariante

Bolsonaro tentou culpar a 'esquerda' pelo assassinato cometido por seu apoiador; veja tudo o que se sabe sobre o crime!

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Armado, o agente penitenciário federal Jorge José da Rocha Guaranho invadiu, às 23h50 do sábado (11.jul.22), o salão de festas da Associação Recreativa Esportiva Segurança Física Itaipu (ARESFI), em Foz do Iguaçu (PR), e aos gritos de “Aqui é Bolsonaro!”, atirou e matou o aniversariante, o guarda municipal Marcelo Aloizio de Arruda, de 50 anos.

Conforme imagens de câmeras de segurança (abaixo), Guaranho, que é diretor da ARESFI, esteve no local por volta das 23h40. Ocasião em que o agente implicou com o aniversariante pela a festa ter como tema imagens e cores do atual pré-candidato a presidente da República, Lula. Guaranho é bolsonarista radical e foi orientado a se retirar do local da festa, onde não era convidado. Inclusive, houve uma discussão entre o aniversariante e Guaranho, que ameaçou voltar e “matar todo mundo”. 

Logo depois, o bolsonarista deixa o local. Temendo as ameaças, o aniversariante foi até seu carro, pegou sua arma e voltou para a festa. Pouco menos de 10 minutos depois, Guaranho entrou no local gritando e atirando contra o aniversariante, que revidou. Veja o vídeo:

 

Conforme imagens feitas por câmeras de segurança, Guaranho teria chegado ao local por volta das 23h40 em um carro branco. Arruda teria pedido para ele sair. O agente penitenciário deu ré no veículo e, quando ia retirar-se, retornou e falou alguma palavra, como se estivesse gritando. Segundo uma testemunha, ele teria dito: “Aqui é Bolsonaro.” Na sequência, Arruda teria pegado pedregulhos de uma planta e arremessado contra o carro.

O guarda era tesoureiro municipal do PT e apoiador de Lula, por isso enfeitou sua festa com fotos do ex-presidente. 

Mesmo baleada, a vítima atirou de volta e, segundo seu filho, impediu que o agressor ferisse os convidados da festa. O agente penitenciário está sob custódia em um hospital da cidade e seu estado é estável.

Uma gravação de câmeras de segurança mostra o momento do crime. Atenção, imagens fortes.

INVESTIGAÇÕES 

A Polícia Civil disse que investiga se o crime contra o tesoureiro do PT de fato é devido a sua posição política.

Em entrevista coletiva concedida na tarde de domingo (10.jul.22), a titular da Delegacia de Homicídios, delegada Iana Cardoso, disse que, apesar da atribuição do crime a uma questão política, é preciso investigar.

"A priori é o que estão divulgando. Mas a gente está investigando, tentando extrair a verdadeira motivação. O que estão divulgando é que houve um conflito político, mas a gente tem que averiguar".  

Segundo a delegada, as esposas do bolsonarista e da vítima serão ouvidas, assim como, os presentes na festa. “Dos que estavam no local, a gente ouviu um deles. A gente vai identificar todos que estavam na festa e efetuar a oitiva de todos eles”, ressaltou.

Há a hipótese, conforme a delegada, de que Marcelo e Jorge se conheciam. No entanto, de acordo com Iana Cardoso, não há histórico de que tenha havido uma divergência ou briga anterior entre os dois.

"Estou sem chão. É uma extrema estupidez eu perder o pai dos meus filhos por um extremismo ridículo", disse a viúva, a policial civil Pâmela Suelen Silva, em entrevista à Globo News.

O secretário de Segurança Pública de Foz do Iguaçu, Marcos Antonio Jahnke, disse que o crime pode ter motivação política. "Pelo que a gente percebeu, foi uma intolerância política", declarou.

MUNDANÇA DE INFORMAÇÃO 

Inicialmente, a polícia informou a morte do bolsonarista, mas a delegada à frente do caso, disse na coletiva que Guaranho está internado em um hospital do município e que seu estado é estável. Até o fechamento desta edição, não houve atualização sobre o estado de saúde do agente.

"O delegado que estava de plantão, ontem, autuou o indivíduo em flagrante delito. Ele está custodiado pela Polícia Militar enquanto recebe auxílio médico", informou a delegada. 

MANIFESTAÇÕES 

Nas redes sociais, Guaranho se define como cristão e conservador e publica mensagens de apoio ao presidente Jair Bolsonaro (PL). Entre o primeiro e segundo turnos da eleição de 2018, escreveu “Sou o Caixa 2 de Bolsonaro”. No mesmo ano, compartilhou uma foto com o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho Zero Três do presidente. Em abril de 2020, publicou uma mensagem dizendo “eu era 100% Bolsonaro, mas depois de hoje decidi ser 200%”.

O assassinato provocou revolta no meio político. Lula lamentou a morte de Arruda, lembrando que o guarda municipal acabara de ser pai de uma menina.

https://twitter.com/LulaOficial/status/1546138348808556545?s=20&t=Nlu0gRkl9Aq3mSWzUbaJKQ

Lula também lamentou pela família de Guaranho, que no momento do post do ex-presidente havia sido dado como também morto no tiroteio. A polícia de Guarulhos, porém, recuou dessa informação posteriormente (entenda abaixo).  

Ciro Gomes (PDT) pediu que Deus trouxesse conforto “à duas famílias destruídas nesta guerra absurda”.

A senadora Simone Tebet (MDB-MS) lembrou que “adversários não são inimigos”.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), disse que o caso “é a materialização da intolerância política que permeia o Brasil atual”.

O presidente Jair Bolsonaro (PL), sem mencionar uma única vez a vítima ou sua família, disse dispensar o apoio de quem pratica violência, mas buscou responsabilizar a esquerda pelo clima de agressividade na campanha. Apesar de ser o próprio Bolsonaro que incita a violência na política. O post de Bolsonaro sobre o assassinato cometido por seu apoiador:  

Nas redes sociais os bolsonaristas minimizaram o assassinato e criticaram Lula por ter agradecido no sábado o apoio do ex-vereador petista Manoel Eduardo Marinho. Em 2018, durante uma briga num protesto, Marinho empurrou o empresário Carlos Alberto Bettoni, que bateu com a cabeça num caminhão e teve traumatismo craniano. O ex-vereador chegou a ficar preso por nove meses.

Elio Gaspari: “Está em circulação mais um expediente de magia para tumultuar a eleição. Ainda no nascedouro, nada indica que prospere, mas convém registrar sua existência. A versão recente tem três fases. Nela, milícias digitais e mobilizações semelhantes às do ano passado criariam um clima de instabilidade a partir da Semana da Pátria. Armado o fuzuê, vozes pretensamente pacificadoras defenderiam o adiamento das eleições, com a votação de uma emenda constitucional. Junto com essa emenda seriam prorrogados todos os mandatos, de congressistas, governadores e, é claro, do presidente da República. Por todos os motivos, essas piruetas não teriam a menor chance de avançar. Contudo, os antecedentes dos principais personagens da manobra recomendam cautela e prevenção. (Globo ou Folha).

CARREIRA DA VÍTIMA 

O Guarda Municipal Marcelo havia se candidatado a vice-prefeito da cidade pelo PT em 2020, e era diretor do Sindicato de Servidores Públicos do município, além de tesoureiro do partido em Foz do Iguaçu. Ele deixa mulher e quatro filhos.

A prefeitura de Foz do Iguaçu, o Sindicato dos Servidores Municipais do município e Câmara Municipal divulgaram notas para lamentar a morte do guarda municipal.

NOTA DE PESAR - PREFEITURA: A Prefeitura de Foz do Iguaçu expressa o mais profundo pesar pelo falecimento do guarda municipal Marcelo Aloizio de Arruda, de 50 anos, na madrugada deste domingo (09). 

Marcelo era da primeira turma da Guarda Municipal e estava na corporação há 28 anos. Ele também era diretor da executiva do Sindicato dos Servidores Municipais de Foz do Iguaçu (Sismufi). O guarda municipal deixa esposa e quatro filhos. 

"Agradecemos ao Marcelo Arruda por toda a sua dedicação e comprometimento com o Município, o qual nestes 28 anos de funcionalismo público defendeu bravamente, tanto atuando na segurança como na defesa dos servidores municipais", expressou o prefeito Chico Brasileiro. 

"Desejamos à família, aos amigos e colegas de Marcelo força neste momento de dor", complementou o prefeito. 

O velório do servidor será neste domingo no Ginásio Sebastião Flor.

 

NOTA DE PESAR DA SISMUFI: A Diretoria do Sindicato dos Servidores Municipais de Foz do Iguaçu – SISMUFI, com imensa dor e profunda tristeza informa da morte de um dos seus mais combativos diretores, o Guarda Municipal MARCELO ARRUDA de 50 anos. Uma morte violenta, por disparo de arma de fogo, que por nada pode se justificar, tirou a vida do sindicalista, militante político, trabalhador e pai de família.

Baleado, ontem (09), Marcelo foi levado ao hospital, não resistiu aos ferimentos e veio a óbito na madrugada deste dia 10 de julho.

ARRUDA era um lutador incansável pelas causas dos servidores municipais, para ele não tinha tempo ruim, sempre disposto e aguerrido nas lutas pelos direitos dos trabalhadores. Fica uma lacuna de um grande homem na luta sindical.

Neste momento de imensa dor pela perda irreparável, só Deus poderá confortar os corações dos familiares e amigos.

Na sequência informaremos velório e sepultamento. COMPLEMENTO: "Informamos que o velório do Marcelo Arruda começa após as 15h [domingo, 10 de julho] no Ginásio Sebastião Flor, localizada na Praça da Marinha [em Foz do Iguaçu]. O sepultamento será amanhã [segunda-feira, 11 de julho] no Cemitério Jd. São Paulo. Informaremos o horário assim que for confirmado". 

Há 2h o sindicato atualizou o informe sobre o sepultamento de Marcelo nesta segunda-feira, 11 de julho: 

ÚLTIMO ADEUS AO MARCELO ARRUDA

O Sindicato dos Servidores Municipais de Foz do Iguaçu-SISMUFI, informa e convida para o sepultamento do seu diretor Marcelo Arruda.

Cortejo de despedida sai do Ginásio Sebastião Flor, após as 13h, com destino ao Cemitério Jd. São Paulo.