O CEO do Botafogo, Thairo Arruda, afirmou que o clube não enfrenta risco de desequilíbrio financeiro em 2025. A declaração foi feita durante reunião do Conselho Deliberativo, realizada na sede do clube na última 3ª feira (14.out.2025), e divulgada pelo site Globo Esporte.
Segundo o dirigente, a Sociedade Anônima do Futebol (SAF) alvinegra possui mecanismos para assegurar as receitas necessárias no próximo ano. “Não vai faltar dinheiro para 2025”, garantiu Thairo, que falou por cerca de duas horas aos conselheiros.
RECEITAS E PATROCÍNIOS
Durante a apresentação, o executivo citou receitas já previstas, como negociações de jogadores e novos contratos comerciais. Ele mencionou as antecipações relacionadas às saídas de Almada, John (Nottingham Forest) e Cuiabano, além da assinatura de dois novos patrocínios, um deles com validade de três anos.
“O caixa de 2025 está preservado. Não mexemos em nada do ano que vem e ainda temos muita receita prevista”, declarou.
Thairo também destacou que a situação financeira do Botafogo segue o padrão do mercado brasileiro. Segundo ele, dificuldades de fluxo de caixa são recorrentes no futebol nacional e não exclusivas ao clube.
“Todos os clubes têm desafios de caixa. Isso não é novidade para ninguém. A diferença é que contamos com um time qualificado no setor financeiro, preparado para lidar com esses cenários”, pontuou o CEO.
PLANEJAMENTO PARA 2026
Para o primeiro semestre de 2026, a meta financeira do clube gira em torno de R$ 350 milhões, combinando recursos de vendas de atletas e novos aportes de investidores.
O planejamento detalhado, no entanto, ainda está sendo desenvolvido. “O caixa que a gente precisa depende do plano para 2026, que está sendo discutido agora. Vai depender também do apetite dos investidores”, explicou Thairo.
Em resposta aos conselheiros, o dirigente apresentou o número como uma estimativa de trabalho. “Gosto de trazer dados objetivos. Algo em torno de R$ 350 milhões, entre transferências e capital externo, parece um bom ponto de partida para o próximo ano”, concluiu.
HISTÓRICO FINANCEIRO
Nos últimos anos, o Botafogo enfrentou crises financeiras significativas que impactaram diretamente sua capacidade de investimento e competitividade esportiva. Antes da criação da SAF, o clube acumulava dívidas superiores a R$ 1 bilhão, com pendências trabalhistas, fiscais e civis, além de atrasos recorrentes em salários de jogadores e funcionários. Essa situação levou a uma grave instabilidade administrativa e esportiva, resultando inclusive em rebaixamentos no Campeonato Brasileiro e dificuldades para honrar compromissos básicos do dia a dia.
Mesmo após a transformação em Sociedade Anônima do Futebol, em 2022, a gestão enfrentou desafios para equilibrar receitas e despesas, especialmente durante o processo de reestruturação das finanças. Em 2023, por exemplo, o clube sofreu com atrasos em pagamentos de direitos de imagem e premiações, além da necessidade de recorrer à antecipação de receitas futuras para cobrir déficits imediatos de caixa. Esses episódios geraram preocupações entre torcedores e conselheiros, colocando em dúvida a capacidade da SAF de manter um modelo sustentável no médio e longo prazo.
LINHA DO TEMPO
Janeiro de 2023
- O Botafogo enfrentou casos de penhora de ativos financeiros devido a atrasos no pagamento do Regime Centralizado de Execuções (RCE), mecanismo utilizado para parcelamento e controle judicial das dívidas do clube.
Ano de 2023
- O balanço financeiro referente a 2023 apontou um rombo de R$ 267 milhões (antes de ajustes), resultado de despesas muito superiores às receitas, mesmo em um cenário de arrecadação elevada com vendas e premiações.
Junho de 2024
- A FIFA notificou o Botafogo a quitar dívidas com o técnico Luís Castro até o meio do ano, sob risco de impedimento para registrar novos jogadores. As pendências envolviam salários, 13º e FGTS atrasados desde sua saída em 2023.
Maio de 2024
- O clube anunciou a liquidação de aproximadamente R$ 130 milhões em dívidas cíveis que faziam parte de um plano de Recuperação Extrajudicial. A diretoria classificou a medida como um marco histórico para a reestruturação do clube.
Setembro de 2024
- O Botafogo quitou uma dívida superior a R$ 6,5 milhões referente ao FGTS do clube social, consolidando mais uma etapa no esforço de regularização das obrigações trabalhistas acumuladas ao longo de anos.
Agosto de 2025
- Foi divulgado o balanço financeiro de 2024, com atraso de quase quatro meses, revelando um prejuízo de R$ 299,98 milhões. Apesar do déficit, o relatório apontou uma queda significativa na dívida bruta, que passou de R$ 377,6 milhões para R$ 48,1 milhões — reflexo da reestruturação da parte associativa do clube.










