O Ministério Público de Mato Grosso do Sul abriu uma investigação sobre o uso de agrotóxicos em propriedades agrícolas localizadas a menos de 200 metros do Residencial Monte Carlo, em Dourados. A apuração é realizada pela 11ª Promotoria de Justiça do município, após denúncia anônima recebida recentemente.
As áreas sob investigação incluem as propriedades Fazenda Parte Remanescente II e Estância Parque dos Eucaliptos, situadas nas proximidades da rodovia MS-162 e da Avenida Guaicurus. Conforme a legislação municipal (Lei Complementar nº 440/2022, conhecida como Lei Verde de Dourados), o uso de agrotóxicos é proibido a menos de 200 metros de zonas habitadas, fontes de água e áreas com presença de animais.
O proprietário Allan Christian Kruger, que detém a posse da fazenda Santa Hilda e arrenda a Estância Parque dos Eucaliptos, é alvo do inquérito por possível descumprimento da norma municipal. Kruger informou ter sido notificado após a denúncia e afirmou ter suspendido o uso de agrotóxicos, adotando defensivos biológicos e cobertura vegetal na área. Durante vistoria, autoridades identificaram vestígios de defensivos químicos na pulverizadora utilizada, equipamento que também serve para aplicação de produtos biológicos.
KRUGER E ASSASSINATOS
Casa de Reza queimada com mãe a crianças dentro. Foto: Reprodução O nome de Allan Christian Kruger foi citado em reportagens recentes relacionadas a conflitos fundiários na região de Dourados. Em março deste ano, uma ação violenta envolvendo pistoleiros e ocorrida na retomada indígena Avaete resultou na morte de uma mãe e suas filhas indígenas, conforme apontamento da Assembleia Geral do povo Kaiowá e Guarani (Aty Guasu). A entidade indicou Kruger como proprietário das terras envolvidas no conflito e suposto mandante do assassinato.
PISTOLEIROS DO AGRONEGÓCIO
Pistoleiros e empresas de segurança privada têm sido citados em investigações e denúncias relacionadas à repressão em áreas de retomada indígena.
A empresa Miragem LTDA, contratada para a proteção de propriedades rurais na região, foi mencionada em relatos que apontam sua participação em operações que envolveram uso de drones, aplicação de agrotóxicos e restrição do acesso a recursos naturais como água para as comunidades indígenas.
Além disso, a Polícia Militar do Estado de Mato Grosso do Sul tem sido alvo de críticas por sua atuação em confrontos envolvendo fazendeiros e povos indígenas, sendo apontada por organizações sociais como parte dos conflitos locais.
LIGAÇÕES ENTRE OS PODEROSOS
Organograma do Portal Quilombo Invisível mostra as supostas relações entre advogados, fazendeiros, sindicato rural e empresas para atuarem em ataques aos indígenas e na grilagem de terras. O escritório de advocacia Azuma Brito Dehn, que representa alguns dos fazendeiros e indivíduos envolvidos nos conflitos fundiários, tem sócios com vínculos em instituições locais, como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e setores militares. Vereadores da Câmara Municipal de Dourados, integrados à Frente Parlamentar em Defesa da Solução dos Conflitos entre Indígenas e Proprietários de Terra, participam das discussões políticas relacionadas à região.
ALLAN KRUGER É RÉU
Além do inquérito civil em curso, Allan Christian Kruger responde a processos na Justiça Federal por supostos crimes cometidos contra indígenas da etnia guarani-kaiowá na região, incluindo casos registrados na Fazenda Boa União em 2019, processo no qual Allan se tornou réu.











