A imposição de tarifas de 50% pelos Estados Unidos sobre a carne bovina brasileira gerou uma reação imediata no setor. Frigoríficos de estados exportadores, como Mato Grosso do Sul, interromperam parte da produção voltada ao mercado norte-americano. O impacto, no entanto, pode ser benéfico ao consumidor brasileiro: com mais carne disponível internamente, os preços devem cair nos próximos dias.
A avaliação é de analistas de mercado e representantes do setor.
Segundo Alberto Sérgio Capucci, vice-presidente do Sindicato das Indústrias de Carnes e Derivados do Mato Grosso do Sul (Sincadems), a carne que estava destinada aos EUA já está sendo redirecionada — tanto para o mercado interno quanto para novos compradores no exterior.
A tendência é que, no curto prazo, a oferta aumente nos açougues e supermercados do país. “Vai dar para fazer um bom churrasco com carne de qualidade e preços mais acessíveis”, avalia o analista Aldo Barrigosse. Ele lembra que a medida pode ser temporária, já que há expectativa de renegociação com os americanos ou abertura de novos mercados em breve.
O governo federal, por meio do Ministério da Agricultura e do Itamaraty, já atua para mitigar os efeitos do tarifaço.
O vice-presidente Geraldo Alckmin recebeu lideranças do setor para discutir estratégias de escoamento da produção. Países como Chile, Egito e Vietnã surgem como alternativas imediatas. O Vietnã, inclusive, retomou as compras recentemente.
Carlos Fávaro, ministro da Agricultura, afirmou que o Brasil vai intensificar as negociações com novos mercados na Ásia e no Oriente Médio. A abertura de um escritório da indústria brasileira de carnes na China tem facilitado a ampliação dos negócios com o maior comprador global.
Mesmo diante do impacto econômico, o governo Lula demonstra agilidade ao buscar novos destinos para a carne brasileira. As medidas também têm efeito positivo no abastecimento interno, o que pode aliviar o bolso do consumidor — especialmente em um cenário de recuperação do poder de compra.
Embora o setor agropecuário tenha manifestado preocupação com a suspensão das exportações aos EUA — segundo maior comprador de carne bovina brasileira —, analistas apontam que o Brasil conta com mais de 100 mercados abertos. A diversificação geográfica das exportações tem sido fortalecida nos últimos anos.
A curto prazo, a pressão da oferta tende a empurrar os preços da carne para baixo, principalmente em grandes centros urbanos. A médio prazo, a busca por novos parceiros comerciais deverá equilibrar o fluxo de exportações.
Segundo dados do Ministério da Agricultura, os Estados Unidos respondem por cerca de 12% da carne bovina exportada pelo Brasil, enquanto a China lidera com quase 50% do total. O setor acredita que, com a articulação diplomática e comercial já em curso, a balança pode ser ajustada sem grandes prejuízos.
Para o consumidor, a expectativa é simples: carne mais barata no prato. Para o governo, o momento é de transformar crise em oportunidade — e tudo indica que o Brasil tem instrumentos para isso.
Fonte: g1MS.











