14 de dezembro de 2025
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ECONOMIA

Frigoríficos de MS suspendem produção de carne para os EUA

Chile e o Egito são considerados possíveis alternativas para recebimento dos produtos

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Frigoríficos de Mato Grosso do Sul suspenderam temporariamente a produção de carne destinada ao mercado norte-americano após o anúncio de uma tarifa adicional de 50% sobre produtos brasileiros. A medida, tomada por decisão estratégica, foi confirmada na 2ª feira (15.jul.25) pelo governo estadual e pelo Sindicato das Indústrias de Frios, Carnes e Derivados de Mato Grosso do Sul (Sincadems).

A paralisação afeta pelo menos quatro unidades frigoríficas no estado: JBS, Naturafrig, Minerva Foods e Agroindustrial Iguatemi. Até o momento, apenas o Naturafrig se pronunciou oficialmente, informando que cerca de 5% de sua produção é voltada para exportação aos Estados Unidos.

Segundo o vice-presidente do Sincadems, Alberto Sérgio Capucci, a decisão busca evitar o acúmulo de estoques de carne que não poderão ser embarcados a tempo antes da vigência da nova taxação, prevista para 1º de agosto. A logística do setor prevê cerca de 30 dias para que a carne chegue ao território norte-americano, o que inviabilizaria financeiramente as operações com a nova tarifa em vigor.

A suspensão afeta apenas os setores direcionados ao mercado dos Estados Unidos. As demais atividades produtivas seguem normalizadas no estado. O secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Jaime Verruck, destacou que a interrupção também levou à formação de estoques de carne que não poderão mais ser embarcados dentro do prazo, o que exige uma realocação para outros mercados internacionais.

Entre os destinos cogitados pelo setor estão o Chile e o Egito, considerados possíveis alternativas para absorver parte da carne originalmente destinada ao mercado norte-americano. O Brasil, segundo analistas, mantém atualmente negócios com mais de 100 países compradores de carne bovina.

De acordo com a Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul (Fiems), em 2025, a carne bovina desossada e congelada foi o principal produto exportado pelo estado aos Estados Unidos, representando 45,2% do total e movimentando mais de US$ 142 milhões. Em 2024, o mesmo item ocupou a segunda posição nas exportações sul-mato-grossenses para os EUA, somando US$ 78 milhões.

Conforme dados do Ministério da Agricultura, os Estados Unidos são o segundo maior comprador de carne bovina brasileira, representando 12% das exportações do setor — atrás apenas da China, que responde por aproximadamente 48%.

Para o analista Fernando Henrique Iglesias, da consultoria Safras & Mercado, a tendência é que os frigoríficos brasileiros redirecionem a produção para o mercado asiático. Ele também observa que, apesar do impacto imediato, o Brasil deve buscar compensações comerciais em países que vêm ampliando as compras do produto brasileiro, como Vietnã e China.

A nova tarifa anunciada pela gestão Trump tem como pano de fundo a inflação da carne nos EUA, impulsionada por uma queda histórica no rebanho norte-americano. Atualmente, o boi americano custa o dobro do brasileiro, o que havia ampliado a importação da carne nacional até o anúncio da tarifa.

Apesar de o Brasil não ser o principal fornecedor de carne bovina aos EUA — posto ocupado pela Austrália —, a carne brasileira representa importante insumo para a indústria alimentícia norte-americana, sendo fornecida principalmente para processamento e não para venda direta ao consumidor.

FONTE: *g1MS