25 de abril de 2024
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DESCOBERTA

Estudo usa raios X para comprovar descoberta da fotografia no Brasil em 1833

Física da USP utilizou tecnologia para identificar elementos presentes em imagens fotográficas feitas por Hercule Florence, comprovando suas anotações.

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A invenção isolada da fotografia no Brasil, feito de Hercule Florence do qual muitos brasileiros não têm conhecimento, recebeu recentemente uma comprovação que veio de experimentos do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (IF-USP).

É o que concluiu o estudo comandado pela física Márcia de Almeida Pizzutto, que usou uma técnica de raios X para verificar quais substâncias foram usadas na fixação de algumas das primeiras fotografias de Florence, feitas em 1833.

O propósito do estudo era comprovar as técnicas descritas nas anotações do francês radicado no Brasil, analisando as imagens que ele produziu. Devido à sensibilidade de materiais tão antigos, o melhor seria um procedimento que expusesse os materiais o mínimo possível.

Márcia utilizou um método conhecido como fluorescência de raios X por dispersão de energia (ED-XRF), que tem a vantagem de não precisar submeter as imagens (ou amostras delas) a processos químicos.

Um equipamento dispara raios X para excitar os átomos do material analisado, fazendo-os vibrar. Enquanto isso, outro equipamento capta essas vibrações, e esses dados permitem descobrir quais elementos estão presentes.

Márcia lembra que a pesquisa do fotógrafo e pesquisador Boris Kossoy foi o que trouxe à luz, na década de 1970, os experimentos e descobertas de Florence, mais de um século depois de realizados. Kossoy solicitou que especialistas do Instituto de Tecnologia Rochester, nos EUA, reproduzissem experimentos descritos nas anotações de Hercule Florence, concluindo que eles permitiam reproduções fotográficas.

De acordo com o estudo, publicado nos "Anais do Museu Paulista" em dezembro de 2019, foram analisadas três imagens de Florence, chamadas de "rótulos de farmácia", "diploma maçônico" e "papel inimitável". As três primeiras datam de 1833, a última é de pós-1838. O resultado mais conclusivo veio dos rótulos de farmácia, justamente a imagem que tem mais contraste das três.

"O mais interessante disso tudo foi poder realmente identificar, principalmente nos rótulos de farmácia, a presença de ouro. Florence tinha relatado nas suas anotações o uso de sais de ouro", diz a pesquisadora.

Veja a matéria completa no G1.