29 de março de 2024
Campo Grande 24ºC

Produtores criticam adiamento do prazo para resolução dos conflitos por terra

A- A+

O prazo final dado pelos fazendeiros para que a União apresentasse uma solução pacífica para a disputa por terra terminaria no último sábado, mas o Governo Federal pediu mais 15 dias para apresentar novas propostas. O pedido desagradou os produtores rurais que estão sem esperanças na resolução do conflito e veem a imagem do ministro da justiça José Eduardo Cardozo desgastada.

“Não acreditamos que o Governo vá fazer alguma coisa porque disseram que iam resolver no dia 05 de agosto, então pediram mais 15 dias. Ficamos sem resposta e só conseguimos uma reunião mais de 40 dias depois. Nessa reunião, tudo que havíamos avançado regrediu. Vimos que os TDAs (Títulos da Dívida Agrária) não iam dar certo. O ministro da justiça também mentiu ao dizer que só faz 15 dias que ficou sabendo que o Estado não tinha as terras para troca. Eu estava junto com o ministro naquela reunião no Grand Park Hotel há quase três meses quando ele foi informado sobre isso”, acusou a produtora rural Luana Ruiz.

De acordo com o presidente da Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul), Francisco Maia, a União ficou de terminar a avaliação da fazenda Buriti, em Sidrolândia – distante 70 km de Campo Grande. “Eles prometeram que não haverá invasões nesses dias. Por enquanto estamos fazendo apenas a mobilização para o ‘leilão da resistência’ que acontece no dia 07. Vamos esperar pelo melhor, depois pensamos no pior”, explicou.

Segundo Luana, enquanto o governo não toma nenhuma providência, os produtores continuarão se articulando para “resistir” às ocupações. “O processo de resistência não é dar um passo a frente, mas também não vamos recuar”, completa. Ela afirma ainda que só é possível acreditar na palavra do Governo Federal “quando realizar”.

Conflitos sangrentos – Luana teme que a morte do cacique Ambrosio Vilhalva, em Caarapó - distante 273 km de Campo Grande, nesta manhã seja atribuída injustamente aos fazendeiros. “Mesmo quando não tem sangue, corpo ou vestígio, já falam que foi o produtor rural. Tudo que acontece de ruim com um índio é culpa do produtor rural. Incidentes acontecem sim, mas toda vez que morre um índio é porque saiu de casa para atacar o fazendeiro. Nós não vamos à aldeia assassinar índio”, defende.

Diana Christie