26 de julho de 2024
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DIREITOS TRABALHISTAS

Carrefour é condenado a pagar R$ 400 mil por humilhar funcionário

Caso aconteceu em Campo Grande

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A rede francesa de hipermercados Carrefour, foi condenada a pagar R$ 400 mil em danos morais em ação coletiva movida pelo Tribunal Regional do Trabalho de Mato Grosso do Sul (TRT-MS). A publicação foi feita na 5ª.feira (1º.dez.22). A situação ainda pode ser recorrida na Justiça.

De acordo com a decisão judicial, uma gerente da empresa, em outubro de 2021, submeteu o vendedor Pedro Henrique da Silva Monteiro, de 23 anos, à situação de humilhação e assédio moral organizacional.

A justiça moveu a ação após um vídeo postado na rede social TikTok mostrar a gerente do Carrefour em Campo Grande, humilhando Pedro enquanto limpava o chão de joelhos com um pano. Ela o fotografava e eviava áudio para uma outra pessoa, enquanto monitorava o serviço. 

A gravação foi feita por uma cliente e postada em tom de denúncia e rapidamente viralizou. 

Na época, o vendedor contou que a gestora do Carrefour tinha pedido para ele tirar do chão uma mancha de cola.

“Eu tinha terminado de fazer minhas tarefas, e ela [a gerente] pediu para eu dar uma mão para um colega. Eu falei que tudo bem. Limpei os fogões, limpei a geladeira, fiz minha parte”, disse, Pedro.

“Depois, eu estava limpando lá, ela viu uma fita no chão, eu acho que é aquela de demarcação de distanciamento da Covid, ficou aquela cola preta. Ela falou: a gente tem que tirar isso. Eu chamei a equipe de limpeza, eles tentaram tirar e também não conseguiram, disseram que precisava usar uma máquina. Eu falei para ela que não tinha como a equipe limpar, porque a máquina não estava na loja. Ela falou que eu tinha que fazer e já começou a ficar nervosa”, narrou. 

A vez filmada não foi a única a que Pedro disse ter sido humilhado. Na época, ele contou ao portal Só Notícia Boa, que com medo de ficar desempregado, suportava as situações. Pedro trabalhava há quatro anos no hipermercado, desde que saiu do Acre com a família em busca de uma vida melhor. Cursando administração, seu sonho é terminar a faculdade, construir sua casa e ajudar seus pais. Veja o vídeo e relembre a situação: 

Após analisar o caso, o juiz do trabalho Valdir Aparecido Consalter Júnior, constatou a prática de tratamento agressivo de forma reiterada e abusiva por parte dos gerenciadores da empresa, situação que configura assédio moral coletivo. Ainda de acordo com o magistrado, os episódios configuram o chamado assédio moral organizacional, quando a estrutura hierárquica da empresa tolera práticas de assédio e as ações passam a fazer parte da cultura da empresa.

“No caso dos autos ficou demonstrado que os requeridos falharam no seu dever de cuidado e atenção com o meio ambiente de trabalho digno e saudável de seus empregados, porquanto é sua obrigação zelar pelo bem-estar e atentar-se a possíveis agressões que estejam sofrendo no exercício de suas funções, ainda e especialmente se provocadas por seus prepostos”, destacou o juiz. 

Além da multa, o juiz determinou que o Carrefour não deve permitir situações que possam caracterizar assédio moral, autoridade excessiva ou desproporcional, pressão psicológica, entre outras, sob pena de multa de R$ 10 mil.

Também deve implementar meios eficazes de recebimento e investigação de denúncias e casos de assédio, além de realizar uma palestra, que aborde e esclareça sobre o tema, com a participação de todos os trabalhadores.

Por nota, o Grupo Carrefour Brasil informou que “tomou conhecimento da ação do Ministério Público e recorrerá da decisão”. Ainda conforme a empresa, repudia todo e qualquer comportamento indevido por parte de seus colaboradores e reitera que não corrobora com qualquer situação relacionada ao assédio moral e desrespeito.

O grupo informou ainda que conta com o Conexão Ética - canal de denúncias para que qualquer situação que vá contra “nossos princípios e valores organizacionais seja reportada”.