01 de maio de 2024
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Resenha Política / Campo Grande

Na política, a longa semana de um dia

Assim como no teatro, ou no circo, parece que a semana política de apenas um dia ficou marcada por ensaios, e o que se veio a público era apenas uma pequena parte visível de um todo muito maior.

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Nos desencontros políticos pelos quais passa o país, ou melhor dizendo, suas instituições políticas, e em especial a Capital de Mato Grosso do Sul, o Carnaval foi um grande bálsamo a entorpecer a razão. Após cinco dias em que, aparentemente, nenhuma atividade política foi registrada – a nível público –, observamos que os gabinetes se agitaram sem marchas, sem confetes, sem serpentinas.

A situação mais marcante veio a público na sessão única da Câmara Municipal de Campo Grande, e com justa razão, pois que o legislativo ainda é o que está mais próximo da população. O início da sessão foi marcado pela leitura de ofício da Seintrha  (Secretaria Municipal de Infraestrutura, Transporte e Habitação), em que informava e pedia a dilatação do prazo para a entrega dos documentos solicitados em reunião havida no Plenarinho daquela Casa. Apenas seis vereadores estavam presentes. Ninguém atentou para o fato ou se manifestou naquele momento.

Mais tarde, apenas a manifestação das vereadoras Luiza Ribeiro (PPS) e Thais Helena (PT) que colocaram em dúvida a palavra empenhada pelo secretário daquela pasta, Valtemir Alves de Brito, de que disponibilizará os documentos até o dia 26 de fevereiro.

Mas o grande ato da ópera bufa seria, ainda naquela sessão, estrelado pelo vereador Alceu Bueno (PSL), o mesmo que foi flagrado vendendo o partido por trinta moedas, que se torna o maior dos aliados ou o pior dos opositores de acordo com seus interesses pessoais – vide caso da aprovação de terreno público ocupado pelo vereador para atividades particulares – e que, sentindo-se ameaçado por uma fiscalização futura mais rigorosa nestes negócios discutíveis, proporcionou o maior ataque ao decoro parlamentar e à honra da casa e de seus ocupantes, eleitos pela população, ao aventar a hipótese de manipulação na formação das Comissões Permanentes tanto pelo presidente da Mesa Diretora, Mario Cesar (PMDB), quanto por seus pares que ocupam o cargo por mais de uma legislatura. Não bastasse seu histórico, foi patético.

Ainda que se conteste o esforço do vereador Mario Cesar pela governabilidade, não se pode negar o caráter e a posição firme em defesa da democracia no comando daquela Casa, e isso foi ressaltado pela maioria dos vereadores presentes no momento do arroubo egocentrista de Alceu, quando todos saíram em defesa do presidente da Mesa Diretora. Alceu Bueno ameaçou procurar a justiça para garantir o que perdeu na eleição entre seus pares. Bom, será a primeira vez que não ocupará o banco dos réus.

E, por fim, o prefeito Gilmar Olarte resolveu ao menos metade de seus problemas ao anunciar, na sexta-feira, que cancelará todos os contratos de tapa-buracos após as denúncias de irregularidades, e abrir nova licitação para que os referidos serviços sejam incluídos nos futuros contratos de recapeamento.

Olarte decidiu o que seu secretário da Seintrha não sabe e não fez. Agora brota a esperança de que seus íntimos sejam enquadrados pelo dito de que “amigos, amigos; negócios à parte”. Que os irmão de fé sejam respeitados pela fé; os servidores públicos, pela capacidade; os amigos, pela devotação; e os falsos, desmascarados.