26 de julho de 2024
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Planalto libera R$ 3 bilhões não rastreáveis à 285 parlamentares

Confira na reportagem a lista de parlamentares que levaram emendas milionárias com as negociações; Nelsinho Trad e Soraya Thronicke estão na lista de beneficiados

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Diante da disputa pelos comandos da Câmara e do Senado, o governo abriu o cofre e destinou R$ 3 bilhões para 250 deputados e 35 senadores aplicarem em obras em seus redutos eleitorais para alavancarem suas imagens “em prol do povo”. O dinheiro público foi arrancado em meio a pandemia do Ministério do Desenvolvimento Regional. Apesar da quantia absurdamente grande, o governo alega que não tem recursos para pagar auxílio emergencial ao povo. 

A planilha, informal e sem timbre, inclui repasses de recursos do orçamento da União que não são rastreáveis por mecanismos públicos de transparência. São os chamados “recursos extra orçamentários”, no linguajar usado no Congresso. Neste tipo de negociação, os valores são repassados a prefeitos indicados por deputados ou senadores sem que o nome do deputado fique carimbado, como ocorre com a emenda parlamentar tradicional. Desta forma, se houver alguma irregularidade na aplicação dos recursos não é possível saber se há algum envolvimento do parlamentar que direcionou a verba para determinada obras.

Na condição de líder do Progressistas, Lira foi priorizado com o direcionamento de R$ 109,5 milhões para serem distribuídos a projetos indicados por seus colegas de partido. Ele direcionou outros R$ 5 milhões a obras de pavimentação e drenagem de ruas no município de Barra de São Miguel (AL), onde seu pai, Benedito Lira, é prefeito. Procurado pela reportagem, o deputado não quis responder às perguntas relacionadas à planilha.

A informação foi obtida pelo Estadão que teve acesso a planilha com os nomes dos “beneficiados”. Com a corrida eleitoral pela presidência das Casas, a verba inscrita como “recursos extras”,  impulsionou o QG das candidaturas dos governistas Arthur Lira (Progressistas-AL), que disputou e venceu ontem ao comando da Câmara, e de Rodrigo Pacheco (DEM-MG), que também, obviamente, venceu para presidência do Senado.

A oferta de recursos foi feita no gabinete do ministro Luiz Eduardo Ramos. Na 4ª-feira (27.jan) o presidente Jair Bolsonaro disse: “se Deus quiser vai participar e influir na presidência da Câmara”, com a eleição de Lira para a vaga ocupada hoje por seu adversário Rodrigo Maia (DEM-RJ). Além de verbas, o governo também tem oferecido cargos a quem aceite votar nos dois nomes do governo, segundo relatos de parlamentares. 

Com a oferta “generosa” de Bolsonaro, os placares foram amplamente favoráveis tanto a Lira quanto a Pacheco. Pela vitória, Lira fez um festão onde a filha de Eduardo Jeferson, Cristiane Brasil, cantou “Malandragem” em um Karaoakê. 

Na planilha a que o Estadão teve acesso haviam no dia 28 de janeiro, 131 nomes na planilha da Secretaria de Governo, considerando apenas os que já haviam garantido suas fatias do Orçamento. Ao todo, 41 dos parlamentares estiveram em ao menos uma reunião no Palácio com Ramos desde dezembro, quando começaram as campanhas nas Casas. Na comparação com o placar da eleição para o Senado, dos 33 votos declarados para Pacheco, 22 nomes de senadores aparecem na planilha.

O MS NOTÍCIAS DESTACA OS MAIORES VALORES:

PARLAMENTAR | VALOR EM R$

Davi Alcolumbre – DEM (AP)

  • 277,7 MILHÕES 

Ciro Nogueira – PP (PI)

  • 135,0 MILHÕES 

Fernando Bezerra Coelho – MDB (PE)

  • 125,0 MILHÕES 

Marcelo Castro – MDB (PI)

  • 100,0 MILHÕES 

Eduardo Gomes – MDB (TO)

  • 85,0 MILHÕES 

Nelsinho Trad – PSD (MS)

  • 59,9 MILHÕES 

Marcos Rogerio – DEM (RO)

  • 56,0 MILHÕES 

Wellington Fagundes – PL (MT)

  • 54,3 MILHÕES

Omar Aziz – PSD (AM)

  • 51,4 MILHÕES 

Eduardo Braga – MDB (AM)

  • 41,0 MILHÕES 

Angelo Coronel – PSD (BA)

  • 40,0 MILHÕES 

Carlos Viana – PSD (MG)

  • 32,0 MILHÕES 

Irajá – PSD (TO)

  • 29,5 MILHÕES 

Carlos Favaro – PSD (MT)

  • 29,0 MILHÕES 

Jorginho Mello – PL (SC)

  • 27,9 MILHÕES

Mecias de Jesus – RP (RR)

  • 22,0 MILHÕES

Daniela Ribeiro – PP (PB)

  • 21,9 MILHÕES

Luiz do Carmo – MDB (GO)

  • 21,8 MILHÕES

Lucas Barreto – PSD (AP)

  • 20,0 MILHÕES

Telmario Mota – PROS (RR)

  • 20,0 MILHÕES

Vanderlan Cardoso – PSD (GO)

  • 20,0 MILHÕES

Zequinha Marinho – PSC (PA)

  • 20,0 MILHÕES

Rose de Freitas – PODEMOS (ES)

  • 19,7 MILHÕES 

Rogério Carvalho – PT (SE)

  • 17,0 MILHÕES

Otto Alencar – PSD (BA)

  • 15,0 MILHÕES

Acir Gurgaz – PDT (RO)

  • 12,7 MILHÕES

Humberto Costa – PT (PE)

  • 12,0 MILHÕES

Soraya Thronicke/Nelsinho Trad – PSL (MS)

  • 10,0 MILHÕES

Weverton Rocha – DEM (RO)

  • 10,0 MILHÕES

Antonio Anastasia – PSD (MG)

  • 9,5 MILHÕES

Carlos Portinho – PSD (RJ)

  • 8,5 MILHÕES

Rodrigo Cunha – PSDB (AL)

  • 7,1 MILHÕES

Elmano Ferrer – PP (PI)

  • 6,0 MILHÕES

Marcio Bittar – MDB (BA)

  • 5,1 MILHÕES 

Romario – PODEMOS (RJ)

  • 5,0 MILHÕES

Os parlamentares dizem que a liberação de recursos extras neste momento de campanha não está relacionada ao voto no Congresso, mas a acordos anteriores que visam atender necessidades legítimas de seus Estados.

Fonte: *Com Estadão.