Se por um lado, a decisão do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul provocou alívio imediato aos vereadores que estavam na iminência de afastamento provisório dos trabalhos na Câmara Municipal de Campo Grande, por outro a decisão do TJ/MS foi vista como sensata por deputados que integram as mesmas legendas que os respectivos parlamentares investigados na Operação Coffe Break.
Líder do PSDB na Assembleia Legislativa, Onevan de Matos foi reticente ao mencionar o correligionário João Rocha, vereador do PSDB, que preside a comissão de ética que investiga uma possível quebra de decoro dos vereadores que votaram favoravelmente pela cassação do então prefeito Alcides Bernal em março de 2014. João Rocha foi um dos nomes citados na lista do Ministério Público Estadual (MPE) para sair de cena temporariamente. “ Essa investigação está andando. Aos vereadores se devem vão responder e se não deve serão inocentados. O município está bastante sacrificado com essa crise política desde a posse do Bernal, e depois do Olarte, a cidade está sofrendo com a instabilidade política e a população também” disse Onevan referindo-se a decisão do TJ/MS.
O posicionamento do tucano vai ao encontro da opinião do deputado Rinaldo Modesto (PSDB), líder do governo no legislativo estadual. Para o peessedebista, o desfalque nas cadeiras da Câmara Municipal indeferido pelo TJ/MS evitou mais um prejuízo para o município. “Se afastasse os vereadores nesse momento prejudicaria ainda mais a cidade. “Eles votaram embasados em uma comissão processante que detectou alguns crimes de improbabilidade administrativa”, lembra Rinaldo acrescentando que o correligionário João Rocha “está muito tranqüilo, ele acredita que cedo ou tarde a justiça irá dizer quem é quem”, ressaltou.
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O “embaraço político”, expressão utilizada pelo deputado democrata Zé Teixeira ao definir a turbulência que assola os escombros do legislativo municipal, além de atrapalhar os trabalhos que precisam ser desenvolvidos no município, na opinião de Teixeira também “mancha a política da Capital”. Num tom observador classificou o momento como “delicado”, sem muitas delongas. “Dos 29 vereadores da Câmara tenho ligação apenas com um, que é do meu partido Airton Saraiva. Lamento que esteja acontecendo isso na nossa capital. O vereador saraiva vai se defender, provar que ele não tem participação de coisas irreais”, ponderou o deputado.
Indeferimento
O Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJ/MS) negou na manhã de hoje (1º de outubro) o pedido do Ministério Público Estadual (MPE) de afastar 17 dos 29 vereadores da Câmara Municipal de Campo Grande. A solicitação do MPE foi feita em função do desdobramento da Operação Coffee Break deflagrada no mês de agosto pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) que investiga eventual compra de votos de vereadores para cassar o mandato do então prefeito Alcides Peralta Bernal (PP) em março do ano passado.