07 de dezembro de 2025
Campo Grande 28ºC

QUEIMANDO A LÍNGUA

Tereza Cristina recorre às 'fake news' tentando mascarar armação lesa-Pátria

Porta-voz do agro, senadora turbina o terrorismo pró-Trump e fala em união para livrar a pele de Bolsonaro

A- A+

A senadora bolsonarista sul-mato-grossense Tereza Cristina (PP) assumiu protagonismo no bloco de divulgação das notícias falsas (fake news), reforçando as calhordices do trânsfuga Eduardo Bolsonaro (PL) nas chantagens tarifárias que o governo de Donald Trump vem fazendo contra o Brasil. Numa inútil tentativa de livrar o pai, Jair Bolsonaro (PL), já inelegível e prestes a ir parar no xilindró pelos crimes que cometeu, Eduardo abandonou o mandato de deputado federal e fugiu para os Estados Unidos.

Em solo norte-americano, e com apoio de Trump, o herdeiro de Bolsonaro armou as retaliações. A primeira, um tarifaço de 50% sobre os produtos brasileiros. Outros foram preparados, tendo alvos como o Pix e o comércio na Rua 25 de Março, em São Paulo. Os meios antipatrióticos e inescrupulosos do filho do ex-presidente são sustentados por figuras influentes do bolsonarismo. Tereza Cristina é uma delas. Cumpre a tarefa de semear o pânico, espalha fake news e cria contextos mentirosos para responsabilizar Lula pelos danos que podem ser causados se o tarifaço entrar em vigor.

A chantagem é esta: se Bolsonaro não for anistiado pelos crimes já comprovados na Justiça, o tarifaço entrará em vigor a partir de 1º de agosto. Assim, um festival de mentiras sobre a questão toma conta das redes sociais, com a forte presença de Tereza Cristina. Depois de fake news como o vídeo afirmando que Lula retomou a exigência de visto para turistas americanos e outro, com inteligência artificial, mostrando Lula ofendendo Trump, a senadora do agro entrou em cena.

Além de aplaudir Trump, destacar a "perseguição" a Bolsonaro e endossar o coro da "anistia ampla, geral e irrestrita" aos condenados pela tentativa de golpe, Tereza Cristina gravou vídeo com um discurso que espalha o terror e incrimina Lula. Ao pedir a união dos brasileiros, afirma que o governo do PT demora muito para negociar com os EUA, lamenta a perda de empregos e os impactos do tarifaço nos diversos setores da economia nacional. Assista:

DESMENTIDA

Tereza Cristina contrariou até o agro, meio ao qual pertence como produtora rural e é a porta-voz no Congresso Nacional. Conhecida pelo carinhoso e sugestivo epíteto de "Menina Veneno" — título de um sucesso musical de Ritchie, que lhe foi associado por causa da sua atuação no Ministério da Agricultura ao multiplicar a liberação de agrotóxicos —, ela ignorou as manifestações de dirigentes e representantes dos colegiados da economia nacional.

O vice-presidente do Sindicato das Indústrias de Frios, Carnes e Derivados de Mato Grosso do Sul (Sincadems), Alberto Sérgio Capucci, vai na contramão de Tereza. Ele disse que, mesmo com a suspensão da produção de carne para os EUA por frigoríficos locais, a paralisação não deve causar demissões e a produção nacional segue normalizada. A Federação das Indústrias (Fiems) informa que possui 62 empresas no estado, dedicadas ao abate e fabricação de produtos de carne bovina, com 17.251 trabalhadores ativos.

Capucci disse a "O Globo" que as indústrias já sentem a redução e, para não inviabilizar os empregos, sugerem que os frigoríficos aloquem os funcionários em outros setores. No entanto, e isto a senadora também não disse, o governo brasileiro agiu rapidamente. Logo após o anúncio do tarifaço, os ministros de Lula estão atuando em duas frentes: uma é a diplomática, que avança com a presença firme do Itamaraty; outra é a de comércio, abrindo e intensificando negociações com outros mercados.

RESPOSTA

Foi criado um grupo de trabalho com a participação de ministros e empresários para formular uma resposta oficial. A Lei de Reciprocidade, que permitiria ao Brasil responder à retaliação com tarifas proporcionais, está sendo considerada. O vice-presidente e ministro Geraldo Alckmin destacou que o Brasil enviou uma carta aos EUA cobrando resposta sobre um acordo anterior, e reforçou o interesse em resolver a situação por meio do diálogo.

E vale ressaltar, já que a memória da senadora deve estar afetada: Lula não abre mão do diálogo e insiste por ele, mas sem abrir mão da soberania brasileira, tanto que resgatou a Lei da Reciprocidade para, se necessário, garantir à economia nacional novas condições internacionais de mercado. É como diz Capucci, do Sincadems: "Por ora, não haverá demissões e redução de postos de trabalho. As indústrias estão empenhadas em buscar outros mercados que sejam viáveis para o trabalho e a exportação da nossa carne".