26 de abril de 2024
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Amigos revelam as maiores qualidades de Lais para superar sequelas do acidente

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Uma pessoa determinada, forte mentalmente, que não reclama de nada e encara as situações sempre com uma visão positiva. Essas são algumas das características traçadas por quem conviveu de perto com Lais Souza e que podem ajudá-la a se recuperar psicologicamente da grave situação em que se encontra.

A atleta está sob cuidados médicos no hospital Jackson Memorial, da Universidade de Miami, em processo de recuperação da grave lesão sofrida na coluna cervical. Os médicos ainda não sabem ao certo que tipo de sequela Lais terá ou quando deixará o hospital. Mas seus ex-companheiros na ginástica entendem que ela será forte o suficiente para enfrentar as dificuldades que virão pela frente.

Raimundo Blanco, seu último treinador na ginástica, ressalta a fortaleza psicológica que via na jovem. Ele ainda se impressiona com a atitude de Lais diante de situações difíceis tanto no esporte como também na vida.

"A força mental dela é extraordinária, isso foi falado pelo próprio médico. (Impressiona) a capacidade dela, a frieza com que enfrentava competições e situações. Isso pode ajudar para que ela possa sair melhor disso tudo. Ela tem uma capacidade mental fora de série. Eu tenho plena confiança que isso pode ajudar. Mas é evidente que temos que esperar os fatos", falou.

Diego Hypolito foi um dos principais companheiros de Lais na seleção brasileira. O ginasta diz que foi com Lais que ele mais se identificou e criou forte amizade. Diego entende que a perseverança da atleta em conseguir seus objetivos junto de sua personalidade alegre e positiva são fatores que podem fazê-la encarar os obstáculos com mais coragem.

"Acho que a determinação (pode fazer a diferença). Ela é muito perseverante. Ela sempre teve  sonhos e fazia de tudo para que eles se concretizassem. Não desistia. Se ela achar que é possível uma virada, vai ajudar muito. Agora é um momento demorado, de muita paciência. Mas essa determinação dela pode fazer a diferença", declarou.

"Ela é uma pessoa extremamente feliz, uma das mais alegres que eu conheço. Sempre nos demos muito bem. Ela é muito querida e amada por onde passa. É alguém sempre pra cima, que chega,  dá risada e tem muita vida. Isso vai ajudar", complementou.

Georgette Vidor, que ficou paraplégica após sofrer um acidente automobilístico, foi treinadora de Lais durante um tempo na seleção brasileira de ginástica. Ela fala que já viu Lais ser muito determinada em vencer situações adversas com espírito guerreiro e que até seus bons resultados na ginástica foram fruto mais de perseverança do que de um talento nato. Conseguiu tudo na raça.

"Ela não foi um grande talento da ginástica, mas ela treinou tanto, tanto, tanto, que conseguiu resultados fantásticos. Foi resultado de trabalho, não foi Deus que ajudou. Era diferente da Daniele (Hypolito), Daiane (dos Santos), Jade (Barbosa), que nasceram com características para a ginástica. Ela foi de laboratório. Sempre se esforçou muito em tudo que queria conseguir", apontou.

"No período em que acompanhei, ela se machucou muito na ginástica, teve lesões no joelho, mas ficava lá querendo se recuperar, e daqui a pouco voltava. Ela é uma lutadora, tem amor pela vida", salientou.

Georgette diz ser uma estudiosa de lesões medulares em função de sua própria situação. Ela afirma que por tudo o que acompanhou sobre esses problemas, existe uma possibilidade de atletas terem maior resistência a lesões.

"Claro que estou falando pelo que estudei, acompanhei, sem avaliar a situação dela. Mas o fato de ser atleta pode ajudar. Ela treinou a vida inteira em alto rendimento e tem a parte óssea diferenciada de outra qualquer. Eu tive uma infecção total de medula, mas acho que ela por ter uma musculatura mais forte, de repente pode não ter uma total."

Recuperação

Lais está internada desde o dia 27 de janeiro, quando sofreu um acidente enquanto esquiava em Salt Lake City, nos Estados Unidos. A ex-ginasta teve uma lesão na terceira vértebra da coluna e perdeu os movimentos dos braços e das pernas. A atleta participaria dos Jogos Olímpicos de Inverno em Socchi (Rússia), mas teve que abandonar a competição.

Ela passou por uma cirurgia de realinhamento da terceira vértebra da coluna no Hospital Universitário de Utah, em Salt Lake City. Nos EUA, a brasileira realiza, além do tratamento de recuperação da medula, fisioterapia motora e respiratória e terapia ocupacional. Ela ainda deve passar por tratamentos de reeducação da medula, para que ela seja estimulada a voltar a funcionar.

Para isso, os médicos entraram com pedido ao governo americano para realizar um transplante de células nervosas em Lais, procedimento até então só realizado em pacientes paraplégicos. Outros tratamentos de reabilitação motora, considerados agressivos, também estão nos planos da equipe que cuida da ginasta. Um deles envolve um robô, que forçaria a atleta a ficar de pé e estimularia a recuperação dos movimentos.

Os métodos foram desenvolvidos por um setor de pesquisas do hospital americano que se dedica exclusivamente a buscar a cura para a paralisia e a tratar casos de lesões como a da brasileira.

Agência UOL