26 de julho de 2024
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FEMINICÍDIO | CAMPO GRANDE (MS)

Amasiado há 8 dias, marido mata esposa a pauladas

Venda de geladeira gerou agressão e feminicídio

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Juarez de Oliveira Souza, de 56 anos, matou Odinei Rodrigues dos Santos, de 37 anos, conhecida pelo apelido “Rihanna” a pauladas, às 9h do domingo (20.nov.22), na Rua das Laranjeiras, no Jardim Noroeste, em Campo Grande (MS). O autor confesso do crime estava amasiado com a vítima há 8 dias. 

Elaine Benicasa, delegada titular da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), explicou em coletiva na manhã desta 2ª.feira (21.nov.22), que autor e vítima se conheciam há 4 anos, mas que como casal estavam juntos desde a semana passada e que ambos são usuários de drogas. “A morte, de acordo com o suspeito, foi em razão de que a vítima teria vendido uma geladeira para o consumo de drogas, o que fez dar início a uma discussão. Então, de acordo com o suspeito, ele teria se defendido, quando a vítima estava na posse de um pedaço de pau. Ele para se defender, retirou esse pau da mão dela e desferiu apenas um golpe”, contou.

Benicasa disse que versão do autor destoa da versão narrada por testemunhas. Homem alegou legítima defesa. Foto: Tero QueirozBenicasa disse que versão do autor destoa da versão narrada por testemunhas. Homem alegou legítima defesa. Foto: Tero Queiroz

Apesar do que narrou o suspeito, a delegada apresentou a versão de testemunhas que presenciaram o crime afirmaram. “Testemunhas, que presenciaram os fatos, disseram que na verdade, ele deu inicialmente um golpe com esse pedaço de pau no pescoço [dela], a vítima veio a desmaiar, caiu ao solo. Ele se retirou, mas segundos depois, ele retornou ao local e desferiu mais 3 golpes na cabeça da vítima”, disse.  

Em seguida, Juarez tentou se fugir, mas acabou preso num ponto de ônibus no bairro. A prisão preventiva dele já foi representada.  

Vizinhos disseram que mesmo antes de serem casal, Juarez e “Rihanna” brigavam com frequência, na maioria das vezes a motivação das brigas era o crack. 

Conforme a delegada, antes de ir morar com “Rihanna”, Juarez estava vivendo no Centro de Triagem e Encaminhamento do Migrante e População de Rua (CETREMI), da Capital.

O caso segue sendo investigado pela Deam. “Outras testemunhas e outras provas materiais serão colhidas durante a investigação”. 

CRESCENTE NAS DENÚNCIAS

Benicasa disse que foram registrados mil boletins de violência doméstica à mais do que o número registrado em 2021. Foto: Tero Queiroz Benicasa disse que foram registrados mil boletins de violência doméstica à mais do que o número registrado em 2021. Foto: Tero Queiroz 

A titular disse que em 2022 houve uma crescente nas denúncias em razão de violência doméstica. “Temos um aumento do ano passado para esse ano, cerca de mil B.Os à mais. Penso que não só em Campo Grande, mas há uma crescente em todo o país”, apontou a titular.  

“A mulher uma vez informada ela sabe de seus direitos. Ela se encoraja em seus pequenos espaços, não só nos grandes espaços de poder, mas principalmente, como a grande maioria das vítimas são carentes, nos seus pequenos espaços. Isso causa certa colisão de interesses para um homem que hoje ainda não se encontra preparado para receber essa mulher com essa roupagem nova, encorajada, empoderada. Então se inicia um ciclo de violência doméstica que por vários motivos a vítima não consegue sair e aí em alguns casos infelizmente temos um crime mais grave que é o feminicídio”, observou a delegada. 

“A melhor prevenção é a informação. Então, nós como integrantes dessa rede de atendimento, todas as outras instituições, trazer à população e principalmente às mulheres a informação dos seus direitos, os benefícios da Lei Maria da Penha. Porque, como nós dizemos na Polícia: ‘informação é poder!’. Então, a partir do momento que ela têm informação ela se encoraja a buscar ajuda”, completou.

Para a Delegada, a informação promove também uma consciência coletiva nas mulheres que iniciam com isso uma ‘auto prevenção’. “Ela olha um relacionamento que se inicia que poderá ser um relacionamento abusivo, tóxico, ela diz: ‘não’! Então ela se encoraja a dizer não a futuros relacionamentos abusivos. Nós percebemos que quase 100% ̈dos feminicídios há um relacionamento abusivo por trás deles. Um homem controlador, ciumento de forma excessiva, há xingamentos constantes. Então, se a mulher já no início de um relacionamento já se autovaloriza e consegue dizer não, nós com certeza teremos diminuição dessa estatística de mortes e de registros de ocorrências”, finalizou.  

A Deam fica na Casa da Mulher Brasileira de Campo Grande, a primeira a ser inaugurada no Brasil, em 3 de fevereiro de 2015. O local abriga também a primeira Vara Especializada em Medidas Protetivas e Execução de Penas do País, inaugurada em 9 de março de 2015.

SERVIÇO

Casa da Mulher Brasileira
Rua Brasília, lote A, quadra 2, s/ nº - Jardim Imá - Campo Grande (MS)
Telefone: (67) 2020-1300

Como chegar: https://www.google.com/maps/place/Casa+Da+Mulher+Brasileira+-+SPM/@-20.4562556,-54.6634413,15z/data=!4m5!3m4!1s0x0:0xe0d7f794224358c0!8m2!3d-20.4562556!4d-54.6634413