19 de abril de 2024
Campo Grande 19ºC

ESCRAVIDÃO

Empresa de hangar da Aeronáutica fatura milhões, mas funcionários tem que fritar formiga para comer

Sete trabalhadores foram resgatados pelo Ministério Público do Trabalho na 6ª-feira (27.nov)

A- A+

O grupo móvel de combate ao trabalho escravo, que inclui auditores fiscais do trabalho e Ministério Público do Trabalho (MPT), fez o resgate de sete trabalhadores em condições análogas à escravidão. Eles eram responsáveis pela construção de um hangar dentro de uma unidade da Aeronáutica, onde eram obrigados a recorrer à fritura de formigas tanajuras para matar a fome.

Segundo o MPT, os operários atuavam para a empreiteira Shox do Brasil Construções contratada por R$ 15,3 milhões pela Força Aérea para erguer uma estrutura metálica na Base Aérea de Anápolis (GO), a 150 quilômetros de Brasília. 

Os trabalhadores moravam em um alojamento que fica a quatro quilômetros da base aérea. Eles faziam o serviço diariamente, inclusive aos sábados, domingos e feriados com frequência. Na casa onde foram instalados, havia falta de condições mínimas de acomodação e de higiene, além da falta de comida.

O local já abrigou 25 trabalhadores, e não havia colchões para todos. Alguns dormiam sobre papelões, segundo os relatos colhidos.

O MS Notícias observou que há centenas de processos abertos contra a empresa na Justiça do Trabalho de Brasília desde o ano de 2018. Porém, ainda assim, o contrato entre a Aeronáutica Brasileira e a empresa foi fechado em fevereiro de 2020.  

O resgate dos trabalhadores foi feito na 2ª-feira (23.nov.2020) e o trabalho de processamento dos autos de infração prosseguiram sendo divulgados pela Folha de São Paulo na 5ª-feira (26.nov).

Depois da publicação da reportagem, a Aeronáutica se manifestou sobre o assunto, em nota enviada à Folha na manhã do sábado (27.nov). "A Força Aérea Brasileira repudia qualquer descumprimento da legislação vigente e analisa, com base no contrato assinado, eventuais providências cabíveis a serem adotadas", diz a nota.

A Aeronáutica afirmou ter notificado a empresa contratada para prestar esclarecimentos e informar as ações tomadas para sanar as irregularidades. A ação ocorreu "assim que a unidade responsável pelo acompanhamento e gestão da obra tomou conhecimento da autuação sofrida pela empresa Shox do Brasil".

"A Força Aérea segue os dispositivos legais previstos para contratação e fiscalização dos serviços", afirmou a entidade em nota.

Os telefones fixos da Shox do Brasil, disponíveis na internet ou que constam do registro na Receita Federal, não recebem chamadas.

FONTE: *Com informações da Folha de S. Paulo.